Artigo sobre Petrópolis (Mauro Magalhães)
Geral Rio de janeiro

Artigo sobre Petrópolis (Mauro Magalhães)

Mauro Magalhães

A cidade favorita.

Aniversariante do dia 16 de março, Petrópolis completou 179 anos, desde que foi fundada, em 1843 , através de decreto imperial assinado por Dom Pedro II , que determinava o assentamento de uma povoação e a construção de um palácio de verão.

Capital do Império do Brasil durante a estação mais quente do ano, Petrópolis, desde então , tornou-se o refúgio favorito de presidentes da República, personalidades famosas no Brasil e no mundo, empresários, artistas.
Projetada por Júlio Frederico Koeler, a cidade conserva até hoje sua beleza e seus encantos, apesar de castigos causados pelas chuvas, principalmente as chuvas de verão.

Teve tanta importância, no final do século XIX e início do século XX, que chegou a ser capital do estado do Rio de Janeiro, em substituição a Niterói, entre 1894 e 1902( devido à Revolta da Armada).

Eu tive o privilégio de ter ido morar em Petrópolis, no início da minha infância, no final dos anos 30 e início dos anos 40, com meus pais e meus irmãos. Meu pai tinha ido trabalhar no Cassino Quintandinha. Eu e minha família moramos em uma casa ali perto.

Aos domingos, meu pai me levava para passear perto do Palácio Rio Negro, onde o presidente Getúlio Vargas se hospedava.

Petrópolis era a cidade preferida de Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Jamais vou esquecer do encontro que tive com Getúlio Vargas, aos 5 anos. A criançada chamava Getúlio de Gê Gê . Eu pedi ao meu pai para me deixar falar com o Gê Gê . E , ele me levou até Getúlio, que cumprimentava alguns admiradores, em rua próxima ao Palácio Rio Negro. Vargas estava com seu fiel assistente, Gregorio Fortunato. Enquanto eu beijava Getúlio, Gregorio perguntou ao meu pai qual era o meu nome e o nosso endereço. No dia seguinte, apareceu lá em casa um mensageiro de Getúlio. Com uma foto do ex-presidente e uma dedicatória .

Além de Getúlio Vargas, outros presidentes gostavam muito de se hospedar no Palácio Rio Negro, quando ficavam em Petrópolis. Entre eles, Rodrigo Alves ( o primeiro presidente a se hospedar lá), Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Epitácio Pessoa, Arthur Bernardes, Washington Luiz, Eurico Gaspar Dutra, Café Filho, Juscelino Kubitschek, João Goulart. E, depois, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Petrópolis serviu, também, de berço onde nasceram muitos famosos, na vida brasileira. Como, por exemplo, o filho de Oswaldo Cruz, que também foi um grande médico, cientista e enxadrista brasileiro, o cientista Walter Oswaldo Cruz ( 1910-1967). Que, entre 1962 e 1964, chefiou a Divisão de Patologia da Fiocruz, foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência ( SBPC), em 1949 , participou da criação da Universidade de Brasília, em 1960, e da Reforma Universitária, em 1962, e sofreu represálias, após a deposição de João Goulart, em 1964.

Cidade muito amada e acolhedora, Petrópolis teve sepultadas em seu solo personalidades históricas, sempre lembradas pela população. Entre elas, Dom Pedro II, a Princesa Isabel, a caricaturista Nair de Teffé, o poeta Raul de Leoni, e, meu grande amigo, o caricaturista Lan, nascido na Itália, Lanfranco Aldo Ricardo Rossini, que foi casado durante décadas com uma das irmãs e morreu em novembro de 2020.

Além dos alemães, os primeiros colonizadores da cidade, Petrópolis teve influência da cultura trazida pelos portugueses, principalmente açorianos, franceses, italianos, ingleses, etc.

Fazer turismo em Petrópolis é um enorme prazer. Além do mergulho na história brasileira, há o acolhimento dos hotéis e pousadas tradicionais e as delícias gastronômicas.

Carlos Lacerda, governador do antigo Estado da Guanabara, também amava Petrópolis.

A população de Petrópolis é, tradicionalmente, culta e educada. A cidade tem as melhores universidades do país.

Resta agora, que os administradores públicos olhem mais para a cidade tão querida