A doença crônica é um dos maiores fatores de risco para pacientes que enfrentam a Covid-19
Em 2019, o Ministério da Saúde traçou o perfil do brasileiro em relação às doenças crônicas mais incidentes no país. De acordo com o estudo, a Hipertensão Arterial, popularmente conhecida como pressão alta, ficou em primeiro lugar atingindo 24,5% da população. A pesquisa revelou que, no período entre 2006 e 2019, a prevalência de hipertensão arterial subiu de 22,6% para 24,5%, sendo que o principal público portador da patologia são mulheres e pessoas adultas com 65 anos ou mais.
Para alertar sobre os riscos de ser hipertenso, o dia 17 de maio foi escolhido como Dia Mundial da Hipertensão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo são portadoras da doença que, quando não controlada, pode ocasionar infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral (acidente vascular cerebral – AVC).
A hipertensão é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. De acordo com o cardiologista hemodinamicista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Thomas Osterne, ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9), na maior parte do dia, provocando danos em órgãos alvos, rins, coração e cérebro.
“O coração bombeia sangue para todo o organismo. Quando o sangue passa pelas artérias, faz força contra a parede dos vasos. Essa força é o que chamamos de pressão arterial”, explica.
Apesar de não ter cura, a hipertensão arterial pode ser controlada.O diagnóstico é feito após avaliação médica e nem sempre o tratamento significa o uso de medicamentos. Segundo o especialista, por se tratar de uma doença que, em grande parte dos pacientes, não apresenta sintomas, quando esses se tornam perceptíveis pode ser porque a doença encontra-se em uma fase avançada ou associada a danos.
“A hipertensão arterial pode provocar dores de cabeça, tonturas, dores no peito, visão embaçada e até sangramento nasal. Ela pode ser hereditária em alguns casos e, em outros, os excessos (álcool, fumo, ganho excessivo de peso) são os grandes vilões. Contudo, a adoção de hábitos saudáveis, como forma de manter a qualidade de vida, colabora para que os riscos diminuam”, afirma Osterne.
O cardiologista hemodinamicista ressalta que o tratamento não medicamentoso é fundamental como abordagem inicial, ao qual engloba a prática de atividades físicas e dieta balanceada com redução do consumo de sal. Se todas essas medidas conseguirem reduzir a pressão a níveis normais, não se torna necessário o uso de remédios. Mas o especialista alerta: “uma vez que for preciso iniciar a medicação, o uso da droga será para toda a vida, tendo em vista tratar-se de uma doença crônica”. Além disso, o paciente deverá ser acompanhado de forma contínua para fazer o controle e ajustes na medicação.
Hipertensão Arterial e Covid-19
Os resultados da pesquisa feita pelo Ministério da Saúde merecem destaque em relação à pandemia mundial de coronavírus. Outros estudos realizados com pacientes da China, primeiro país epicentro da Covid-19, e também de outras localidades, apontaram que, em pessoas com doenças pré-existentes, como por exemplo a hipertensão, o risco de agravamento e morte acaba sendo maior quando há a contaminação.
No Brasil, até o dia 20 de abril de 2020, 72% dos óbitos confirmados para a doença tinham mais de 60 anos e 70% apresentavam pelo menos um fator de risco. A cardiopatia foi a principal comorbidade associada e esteve presente em 945 dos óbitos.
O médico Thomas Osterne comenta alguns estudos e ressalta que uma série de hipóteses já foram levantadas sobre a relação de pacientes hipertensos com a Sars-CoV-2, contudo, lembra que nenhuma delas foi comprovada.
“Chegaram a atribuir que tal associação seria em decorrência do uso de algumas medicações anti-hipertensivas, mas essas teorias foram descartadas com estudos mais recentes. O que se sabe é que o grupo de maior risco para a Covid-19 são os pacientes que apresentam doenças crônicas como por exemplo a hipertensão”, conclui.
Ainda de acordo com o profissional, mesmo com a pandemia é imprescindível que a pessoa hipertensa não deixe de fazer o acompanhamento de rotina com os especialistas, bem como os exames necessários e de rotina.
Alimentação é aliada no combate a Hipertensão
Uma alimentação equilibrada pode ser uma grande aliada no combate a Hipertensão. Especialistas pedem para que seja evitado alimentos muito gordurosos e com grandes quantidades de sal e que seja feita a inclusão de frutas e verduras nas refeições diárias. Além disso, praticar atividades físicas regularmente, moderar na bebida alcoólica e não fumar são algumas das práticas que facilitam uma vida longe da pressão alta.
“É um tratamento em conjunto e por isso deve ser feito sob orientação profissional. A dieta do paciente com pressão alta é elaborada de forma individualizada, respeitando as particularidades do seu quadro de saúde. É na verdade um reforço no tratamento para a hipertensão”, afirma o nutricionista Daniel Novais.
Para o profissional alimentos ricos em potássio, magnésio e fibras são essenciais para uma alimentação adequada e, quando consumidos habitualmente, são relacionados ao controle dos níveis de pressão arterial. Confira algumas opções:
- Frutas e verduras: ricas em várias vitaminas, fibras, minerais e substâncias antioxidantes. É indicado o consumo de, pelo menos, 8 a 10 porções de frutas e verduras por dia;
- Sódio (sal): o alto consumo de sódio está diretamente ligado à hipertensão . Pacientes com a doença devem reduzir o consumo tanto no preparo dos alimentos, como evitar o uso de produtos industrializados que contém grande quantidade de sódio;
- Carnes: a preferência deve ser por aves e peixes. Mas pode-se consumir carne vermelha em pequenas quantidades e sempre optar por aquelas com baixo teor de gordura;
- Oleaginosas – azeites, nozes, castanhas, amendoim, amêndoas e pistache contém baixo teor de sódio e quantidades significativas de substâncias que podem auxiliar na redução da pressão como gorduras monoinsaturadas, magnésio, potássio, cálcio.