A música eletrônica se faz presente atualmente em muitos momentos da sociedade: em sucessos de rádio, nas pistas de dança, em trilhas de cinema e novelas, nos próprios computadores. Há, contudo, espaços em que aparece muito pouco. É o caso dos teatros, sobretudo em programações relacionadas à música clássica. Pela segunda vez em sua história, a Série Solo Música pauta um concerto do gênero, desta vez com o músico, compositor e produtor Paulo Beto, também conhecido por Anvil FX. Ele apresenta um concerto inédito na Caixa Cultural Brasília, em 16 de janeiro, às 20h, que tem tudo para ser no mínimo surpreendente.
“Paulo Beto é artista respeitado e, como poucos, procura em seu trabalho uma interação entre a música eletrônica de linguagem pop e o universo da música clássica”, diz Alvaro Collaço, produtor e curador do projeto, que agendou há dois anos recital com a russa Lydia Kavina, instrumentista de teremin. Municiado de sintetizadores analógicos, Paulo Beto ao mesmo tempo faz homenagem ao passado e aponta elementos do futuro do gênero musical.
“Quero apresentar um pouco sobre a evolução da música eletrônica nos últimos cem anos, mostrando que ela vai além do que se imagina normalmente. E também vou homenagear dois nomes brasileiros muito influentes, que são Jocy de Oliveira e Jorge Antunes, mostrando que existe uma história pioneira no Brasil. Outro foco é mostrar as possibilidades eletrônicas que expandiram a maneira de pensar a música”, explica o músico.
No programa de concerto estão composições que dialogam com a música clássica, como “Bachteria”, composta por Paulo Beto em homenagem a Johann Sebastian Bach e a “Sinfonia 2018, opus 1”. Além disso, as homenagens a Jorge Antunes, carioca que reside em Brasília e foi o precursor da música eletroacústica no Brasil e a Jocy de Oliveira, compositora curitibana pouco conhecida em sua cidade e que há anos reside no Rio de Janeiro. O concerto encerra-se, contudo, em clima “disco” e retrô com “The Chase”, música escrita por Giorgio Moroder para o filme “O Expresso da Meia Noite”.
Ativista da música eletrônica
Um dos principais artistas da cena eletrônica de São Paulo, Paulo Beto nasceu em Minas Gerais. É mentor do grupo Anvil FX, em parceria com Juliana R. e Bibiana Graeff. Lançou seis CDS e dois LPs com músicas próprias e tem participações em coletâneas no Brasil, Itália, França, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Japão. Dividiu o palco com atrações internacionais como Swamp Terrorists, Atari Teenage Riot, Ed Rush, Flanger, Nicola Conte, Amon Tobin, Stereolab, Truus de Groot e James Sclavunos (atual baterista do Nick Cave and Bad Seeds). Participou de improvisação livre com o vocalista Damo Suzuki (ex-CAN).
Paulo Beto já se apresentou em Nova York, Barcelona, Monterrey, Buenos Aires, Paris, Berlim e na França, em Cannes. Produziu remixes e tem parcerias com Otto, Trio Mocotó, Pat C, Andrea Marquee, Zé do Caixão, Rica Amabis, Antonio Pinto (“Cidade de Deus” remixes), Le Hamond Inferno, Peter Thomas, Flu e Mawaca. Foi co-produtor e músico no evento “Tributo à Rogério Duprat – experiências tropicais” realizado em São Paulo, em 2003, com participações de Ruriá Duprat e Arnaldo Dias Baptista.
Desenvolve o projeto Zeroum com Tatá Aeroplano, que explora ritmos e temas ligados ao transe eletrônico e a psicodelia, com pitadas de Krautrock. Desde 1997 compõe e faz performances ao vivo para trilhas sonoras de filmes mudos. Através da sua produtora “Anvil FX Music and Sound Design”, cria trilhas para comerciais e cinema. Em setembro de 2018, com seu grupo Anvil FX (com Bibiana Graeff, Juliana R. e Apolìnia Alexandrina), participou do L´Estrange Festival em Paris, onde apresentou a trilha alternativa a “Encarnação do Demônio” (2008), filme de Zé do Caixão. Em janeiro, logo após o recital da Caixa, ele ministra curso na Oficina de Música de Curitiba.
Incentivo à cultura
A CAIXA investiu mais de R$ 385 milhões em cultura nos últimos cinco anos. Em 2018, nas unidades da CAIXA Cultural em Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, está prevista a realização de 244 projetos de Artes Visuais, Cinema, Dança, Música, Teatro e Vivências.
A Caixa Cultural Brasília, inaugurada em 1980, foi o primeiro espaço cultural instituído pela CAIXA. Localizada na região central de Brasília, perto da estação Galeria do metrô e da Rodoviária do Plano Piloto, possui cinco galerias, teatro, sala multimídia e Jardim das Esculturas. Para o edital de 2018, está prevista a realização de 60 projetos e o retorno do Programa Educativo CAIXA Gente Arteira.
Serviço:
Música: Série Solo Música – Paulo Beto
Local: CAIXA Cultural Brasília (SBS, quadra 4, lotes 3/4 – Edifício anexo à Matriz da Caixa)
Data: 16 de janeiro, quarta-feira
Horário: 20h
Informações: (61) 3206-6456
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada para estudantes, professores, funcionários e clientes CAIXA e pessoas acima de 60 anos).
Bilheteria: Aberta das 9h às 20h do dia 12 de janeiro (sábado), das 12h às 20h nos dias 13, 15 e 16 de novembro.
Duração: 80 minutos
Classificação: livre
Capacidade: 406 lugares
Acesso para pessoas com deficiência (se for o caso)
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal