Estou desempregado e agora?
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Estou desempregado e agora?

Buscar uma nova colocação no mercado de trabalho ou partir para um negócio próprio? Especialista explica quando estas duas alternativas podem ser interessantes
Mais de 7,8 milhões de postos de trabalho foram fechados na comparação do trimestre compreendido entre março e maio com os outros três meses anteriores. Deste total, 2,5 milhões eram empregados com carteira assinada e a taxa de desemprego chegou a quase 13% (12,9%), atingindo com isso 12,7 milhões de brasileiros. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua) divulgada nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E esses números podem ser ainda piores, segundo um recente estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que estima que a taxa de desemprego possa chegar a 18,7% até o fim de 2020.
Diante de um cenário tão pessimista, ter um planejamento estratégico para a carreira se faz ainda mais necessário, seja para quem está ou não empregado. Essa é a avaliação do empresário, consultor e especialista em governança corporativa Marcelo Camorim. Segundo o especialista, as alternativas para quem se vê na situação de desemprego neste momento dependerá bastante da fase profissional que a pessoa vive. “Se é alguém jovem, de 20 a 25 anos, as perspectiva em geral deste profissional é de fazer carreira, de chegar à diretoria. Mas essa pessoa precisa saber que haverá muito mais concorrência no mercado de trabalho, por isso se capacitar será fundamental”, afirma Camorim.

O que diz o especialista coaduna com análise sobre dados do IBGE referente ao primeiro trimestre deste ano, revelando que o desemprego é maior na faixa etária de 14 a 17 anos (44%) e de 18 a 24 anos (27,1%). A desocupação também é alta para quem tem ensino médio incompleto (20,4%) e para aqueles com nível superior incompleto a taxa foi estimada em 14%, mais que o dobro da verificada para aqueles com nível superior completo (6,3%).

O empreendedorismo e o trabalho de forma autônoma podem ser as alternativas para profissionais mais experientes que se vêem desempregados, na avaliação de Marcelo Camorim. “Conseguir um bom cargo não é a prioridade para quem tem mais de 45 ou 50 anos. Portanto, aproveitar a experiência profissional acumulada ao longo de décadas, especialmente para quem passou por cargos de gestão, é algo que pode ser um trunfo para quem souber arriscar e empreender”, afirma ele. Camorim destaca que a capacidade de gerenciamento é uma habilidade que pode ser usada em qualquer negócio e, ainda que, por meio de uma consultoria a experiência técnica acumulada, que antes era prestada a uma única empresa, pode ser compartilhada com várias outras.

Experiência vale muito
Para Marcelo Camorim, o empreendedorismo pode ser uma saída também para profissionais com mais de 40 anos e que ainda ocupam funções operacionais. “A informalidade e/ou o trabalho autônomo serão certamente o caminho para muitos profissionais deste perfil que estão desempregado. Apesar de não terem uma formação acadêmica, têm um conhecimento técnico consolidado que pode virar um negócio. Um operário da construção civil, por exemplo, pode não ter uma grande obra para trabalhar, mas tem um mercado enorme de pequenos serviços que podem ser explorados”, sugere o especialista.

Marcelo Camorim lembra que a própria crise ocasionada pela pandemia tem fomentado a organização destes pequenos empreendedores e prestadores de serviço. “São vários grupos criados nas redes sociais que unem esses pequenos negócios e profissionais autônomos ao seu público. Ou seja, a capacidade de se reinventar e saber trabalhar com as atuais ferramentas digitais será fundamental para este perfil de profissional conseguir enfrentar a crise”, explica o especialista.