Evitar o pecado da má alimentação é essencial para manter a saúde em dia
Gastronomia

Evitar o pecado da má alimentação é essencial para manter a saúde em dia

Excesso de peso atinge 54% da população nas capitais do país e 18,9% dos brasileiros estão obesos, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. Em Goiânia, com orientação de nutricionista, trabalhadores de construtora aprendem bons hábitos na hora do almoço no canteiro de obras e acabam levando boas práticas para casa

 Sem uma origem certa, o dia 26 de janeiro é, tradicionalmente, dedicado à gula. Mas ao contrário  do que muitos possam imaginar, a data não existe para comemorar esse que é considerado o segundo maior, entre os sete pecados capitais. A referência no calendário visa alertar sobre a  gravidade dos distúrbios alimentares, causadores de vários problemas de saúde, como a obesidade, o aumento do colesterol ruim, hipertensão arterial, diabetes e vários outros males.

Dados de 2017 da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco  e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) apontam que o excesso de peso atinge 54% da população nas capitais do país e 18,9% dos brasileiros estão obesos. Especificamente em Goiânia, o levantamento aponta que 18% dos goianienses, de ambos os sexos, são considerados obesos. O estudo mostrou também que 55% dos homens da capital registraram excesso de peso, já para mulheres o percentual foi de 47%.

O segredo de uma boa alimentação está no equilíbrio. É o que explica a nutricionista Marcela Pereira dos Santos, responsável pela consultoria nutricional para a alimentação servida diariamente aos operários da Brasal Incorporações em Goiânia. Ela explica que o importante não é comer muito ou pouco, mas sim consumir a quantidade certa para cada fase da vida e de acordo com a principal atividade desempenhada ao longo do dia.“Se ingerirmos muita gordura, isso trará prejuízos para o corpo; mas consumir somente alimentos muito pobres em gorduras, também não é bom, pois o organismo precisa da gordura boa. Da mesma forma, uma dieta muito restritiva, composta somente de frutas, por exemplo, sem proteínas ou carboidrato, é prejudicial, pois apesar de serem ricas em vitaminas e sais minerais, não fornecem as calorias necessárias para o bom funcionamento  do organismo”, esclarece a nutricionista.

Marcela explica que o fornecimento  de alimentação para os trabalhadores dos canteiros de obras é uma exigência legal, porém ela ressalta que o fato da Brasal contratar um profissional de nutrição exclusivamente para acompanhar e orientar esse cardápio faz toda a diferença.  Ela lembra que ao longo do tempo que tem prestado consultoria a empresas, observou centenas de pessoas que melhoraram seus hábitos alimentares e que levaram isso para casa.

Mudança de hábitos

O operador de máquinas e equipamentos na obra do Persona Bueno, da Brasal Incorporações, Elivelto Silva Nascimento, 23 anos, é um bom exemplo. O operário admite que não era muito adepto ao consumo de frutas, verduras e legumes. Mas atualmente, graças ao cardápio variado e equilibrado oferecido no trabalho, ele diz que está mudando seus hábitos. “Aqui me senti mais estimulado a comer alimentos que antes eu nem colocava na boca, tipo quiabo. Outra coisa boa é que tudo vem fresquinho para o refeitório, então o gosto é diferente, é melhor. Hoje como tomate, alface, beterraba, cenoura, e como já disse, até quiabo. Lá em casa mesmo já tenho pedido a minha esposa para fazer uns pratos que tenham mais legumes e verduras, isso não acontecia antes”, revela Elivelto.

De acordo com o levantamento da Vigitel de 2017, a  frequência com que adultos consomem cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças (conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde – OMS) foi baixa na grande maioria das cidades avaliadas. Segundo a pesquisa, em Goiania, menos de 30% da população mantém tal  recomendação.

Boas práticas

No canteiro de obras do Persona Bueno almoçam diariamente cerca de 65 colaboradores, tanto aqueles que exercem atividades de produção, quantos os que atuam na parte administrativa. A empresa instalou um refeitório no canteiro de obras que serve a alimentação no sistema selfie service e os colaboradores podem se servir à vontade.

O técnico de segurança do trabalho Aloísio Martins de Paiva, 38 anos, almoça na obra todos os dias, junto com os colegas. Ele conta que o alimento é preparado em um restaurante que conta com os serviços da nutricionista Marcela dos Santos e entrega a refeição pronta na obra. “Além de equilibrado, o cardápio que eles elaboram é bem variado, incluindo diversas opções de verduras e legumes, dando também espaço para as frutas. Além disso, a nutricionista vem ao menos duas vezes por semana na obra para acompanhar o momento da alimentação e verificar a qualidade do alimento servido, passando também diversas orientações aos trabalhadores”, conta.

Aloísio afirma que a alimentação faz muita diferença para os profissionais, pois além de contribuir com a manutenção da saúde, dá a energia necessária para se ter um dia produtivo, com o bem-estar necessário para o bom desempenho das atividades. Em sua opinião, os trabalhadores estão cada vez mais conscientes com a importância da alimentação mais equilibrada. “Antigamente, ocorria, à vezes, do próprio trabalhador preparar sua refeição em casa e trazer. O que se via era quase sempre arroz, feijão e carne. Hoje, com o almoço servido pela empresa, eles consomem mais legumes, verduras, saladas”, avalia.

Segundo Marcela, a alimentação é pensada de acordo com as diretrizes do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que objetiva melhorar as condições nutricionais da qualidade de vida dos trabalhadores, o que influencia diretamente no aumento de sua produtividade. Para os trabalhadores da obra, geralmente o cardápio conta com dois pratos principais, compostos por proteínas (carnes, aves e ovos, por exemplo) mais as guarnições e acompanhamentos, que incluem o tradicional arroz com feijão e suas variações, verduras, legumes; além de contar  também com o famoso macarrão. “No cardápio servido no canteiro de obra os carboidratos ganham destaque, pois os profissionais necessitam de um aporte calórico maior para o desenvolvimento do trabalho. Porém, não podem faltar os outros grupos alimentares para que a alimentação tenha os nutrientes necessários”, ressalta.