Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
Graças às vacinas, ao empenho da Ciência e dos profissionais da Saúde Pública, apesar da pandemia, podemos voltar a comemorar, com os amigos, a festa da virada do ano, que, de 2020 para 2021, e de 2021 para 2022, por exemplo, não pudemos festejar, nos últimos anos, como, a maioria de nós, cariocas e fluminenses, estamos acostumados .
Este ano, as festas de Réveillon, na Avenida Atlântica e em outros bairros do Rio de Janeiro, estão liberadas .
Comemorar o Ano-Novo, no meio da multidão, na hora dos fogos de artifício, como acontece, no Rio de Janeiro, é uma sensação inesquecível.
Também conhecido como Réveillon, o Ano-Novo é uma celebração realizada entre o dia 31 de dezembro e o 1º de janeiro. É a passagem do ano .
A palavra Réveillon veio do francês e significa “despertar” ou “acordar”, em referência à nova etapa de vida que se inicia. O 1º de janeiro consolidou-se como Ano-Novo somente no século XVI, com o surgimento do calendário gregoriano.
A festa de Ano-Novo já é uma tradição no Brasil e em boa parte do mundo, assumindo, em muitos casos, um caráter religioso cristão.
A origem do Réveillon, entretanto, é muito anterior ao cristianismo.
É atribuída à Mesopotâmia, em 2000 a.C.
A expressão remete a algo como o “Festival de Ano-Novo”.
Persas, fenícios, assírios e gregos, desde tempos remotos, também realizavam suas celebrações de passagem de ano.
No Brasil, assim como na maior parte dos países de tradição ocidental, o Réveillon é comemorado no 1º de janeiro.
O mês de janeiro foi criado pelos romanos, no século VIII a.C.
O nome janeiro era uma homenagem a Jano, deus romano das mudanças e das transições.
No entanto, os romanos ainda celebravam a passagem de ano no início da primavera, que se dava em março.
Acredita-se que os romanos teriam passado a comemorar a passagem de ano, oficialmente, em janeiro a partir do século II a.C. Atribuiu-se essa mudança ao conflito dos romanos com os celtiberos, povos celtas que residiam na Península Ibérica. Essa antecipação tinha relação com questões burocráticas e logísticas que envolviam o exército romano e foi aprovada pelo Senado, em 153 a.C.
Apesar dessa mudança oficializada, o povo romano seguiu com a tradição de comemorar a passagem do ano no mês de março. Em 46 a.C., o antigo calendário romano foi substituído pelo calendário juliano, nomeado assim em homenagem a Júlio César. O início do ano, na tradição popular romana, ainda recaía sobre março.
A partir da cristianização da Europa, estabeleceu-se certa resistência, em alguns lugares, a comemorar-se a passagem do ano em janeiro porque o nome do mês era uma homenagem a um deus pagão. Ainda assim, houve povos, como os francos (sob a dinastia merovíngia), que celebravam a passagem do ano em 1º de janeiro. A data foi cristianizada e tornou-se o Dia da Circuncisão.
A cristianização da data fez com que ela fosse adotada por alguns dos reinos que existiam na Península Ibérica durante a Idade Média, embora muitas mudanças tenham acontecido na questão de qual data seria adotada como o início do ano. A verdade é que, nesse período, havia uma intensa disputa, uma vez que muitos reinos cristãos queriam que o Dia da Anunciação, 25 de março, fosse considerado como o dia do Ano-Novo.
No século XVI, o papa Gregório XIII criou o calendário gregoriano e tornou o 1º de janeiro o primeiro dia do ano.
Essa mudança foi realizada pelo papa Gregório XIII e determinou uma reforma no calendário, que passou a ser conhecido como calendário gregoriano. O antigo calendário, o juliano, deixou de ser utilizado porque tinha uma pequena imprecisão de três dias a cada 400 anos.
Com a reforma do calendário gregoriano, o dia 1º de janeiro tornou-se de fato o primeiro dia do ano. Com o tempo, outros países foram adotando esse novo calendário, e a celebração do Ano-Novo passou a ser em 1º de janeiro.
O Brasil adotou essa prática por conta da influência portuguesa aqui. No século XVI, Portugal era um país muito católico e, por isso, obedeceu à reforma no calendário feita pelo papa, e, assim, o calendário gregoriano foi adotado e o 1º de janeiro foi consolidado como o primeiro dia do ano para os portugueses. Essa tradição foi, então, trazida para o Brasil.
Atualmente, o mais comum durante a comemoração do Ano-Novo é o show de fogos de artifício, além das inúmeras tradições que variam de um país para outro.
No Brasil, por exemplo, existem várias tradições herdadas das religiões de matriz africana e afro-brasileira, tais como o candomblé e, principalmente, a umbanda.
O culto a Iemanjá com oferendas ao mar, nas praias cariocas, era praticado, até há alguns anos, na noite de 31 de dezembro, até mesmo por pessoas que não fazem parte dessas religiões, tendo uma grande receptividade com o público católico.
Mas, depois, a Prefeitura passou a autorizar o culto para acontecer somente dias antes das festas de fogos de artifício do dia 31 de dezembro.
Outro hábito herdado dessas religiões é o ato de vestir-se de branco, uma superstição pela promoção da paz e, na origem, um hábito para reverenciar as cores do orixá Oxalá.
O Réveillon é um momento de renovação, de planejar ou de colocar em prática planos antigos. Assim, são várias as simpatias e superstições para que tudo ocorra bem, como comer lentilhas, pular sete ondas (o número sete também se relaciona a religiões e crenças), comer sete sementes de romãs, entre outros inúmeros hábitos.
A passagem do ano é também celebrada em igrejas católicas, evangélicas, templos de outras religiões. E, principalmente, pela família e pelos amigos.
O importante é que, nessa época do ano , o estado de espírito seja leve, ecumênico e democrático.
Feliz 2023 para todos vocês. Saúde, paz, amor, prosperidade.