Relação Abusiva: psicóloga comenta o soco que o jogador Pedro levou do preparador físico do Flamengo
Saúde

Relação Abusiva: psicóloga comenta o soco que o jogador Pedro levou do preparador físico do Flamengo

No último sábado, após o jogo do Flamengo e Atlético – MG, o jogador Pedro levou tapas e um soco do preparador físico do Flamengo, Pablo Fernandez. Tudo isso porque o jogador se recusou a fazer o aquecimento para eventualmente entrar em campo. Além disso, Pedro alegou estar sofrendo pressão psicológica nas últimas semanas. A Psicóloga Ana Streit explica que as relações abusivas acontecem independente do tipo de relação, podem ocorrer nas relações profissionais, amorosas, familiares ou até em contexto de amizade. “A relação não tem um selo de relação saudável só porque existe uma certa dependência. No caso de um preparador e um jogador, o atleta tem um vínculo com aquele outro profissional e precisa confiar nas orientações dele. E essa hierarquia na relação, não pode ser uma licença para que os abusos aconteçam”, diz a psicóloga.

As situações de violência, abusos, humilhações não podem ser permitidas. A nossa dignidade precisa ser preservada e em qualquer relação precisa existir o respeito. Segundo Ana sem respeito, a saúde mental fica frágil em função desses abusos. Não à toa, o jogador Pedro não apareceu para treinar depois da agressão sofrida. Apesar da confiança que a gente tenha na outra pessoa, precisamos ficar atento as condutas dela. “Agressões físicas, xingamentos, tapas, empurrões, ameaças, manipulações são comportamentos inaceitáveis e intoleráveis. A pessoa que tem essas condutas precisa se responsabilizar, e se autocontrolar. O autocontrole e autoresponsabilidade são habilidades que precisamos ter, tanto para nossa saúde mental e para as nossas relações interpessoais. Quando a gente se percebe no contexto de abuso, não podemos nos calar. O jogador Pedro agiu de forma exemplar, não reagiu com violência e procurou a delegacia para reportar o ocorrido. Quando respondemos de forma violenta, estamos nos igualando à violência recebida, e esta conduta faz com que a gente possa ter nossa justiça prejudicada. Por isso, é essencial agir com maturidade, apensar dos absurdos e das ações abusivas dos outros”, comenta.

Ana esclarece que a assertividade é a postura ideal, pois significa que estamos lutando e defendendo os nossos direitos, sem prejudicar os direitos dos outros. “Em uma situação de violência, mesmo se a gente não está sendo abusado diretamente, ao nos silenciarmos, estamos compactuando com aquilo. Por isso, é importante não tolerar nenhum nível de abuso. Isso é um tipo de erva daninha, só vai se intensificando e escalonando ainda mais. Temos que agir como o zagueiro Pablo, o volante Thiago Maia e o atacante Everton Cebolinha, que testemunharam e confirmaram o soco e relataram como foi a agressão contra Pedro. Assim, estaremos fazendo a nossa parte para um mundo mais humano e empático”, finaliza Ana Streit.