Para celebrar a cultura afrobrasileira, Vaga Lume indica 15 livros infantis que trazem diversidade em suas páginas
Geral

Para celebrar a cultura afrobrasileira, Vaga Lume indica 15 livros infantis que trazem diversidade em suas páginas

Entre os autores escolhidos estão Emicida, Luana Rodrigues e uma seleção de contos feita pelo líder sul africano Nelson Mandela

Novembro é o mês dedicado à reflexão sobre o valor das contribuições das comunidades negras para a história, desenvolvimento e cultura do Brasil. Com o objetivo de fortalecer ainda mais essa cultura, que representa milhões de brasileiros – dados do último Censo apontam que 45,3% das pessoas se consideram pardas e 10,6% se auto intitulam pretas. Por isso, a Vaga Lume, organização sem fins lucrativos que promove o acesso à leitura e semeia bibliotecas em comunidades rurais, ribeirinhas, beradeias, indígenas e quilombolas, recomenda 15 livros infantis, escritos por autores negros e que estão disponíveis no acervo de suas bibliotecas espalhadas em 22 municípios da Amazonia Legal, como sugestão de leitura para crianças e adolescentes.

Um dos destaques é o livro E foi assim que eu e a Escuridão ficamos amigas (Ed. Companhia das Letrinhas), de autoria do Emicida, e ilustrado por Aldo Fabrini. Em seu segundo livro infantil, o cantor e autor Emicida conta, em versos, a história de uma menina que tem medo da Escuridão. O que ela nem imagina é que a Escuridão também é uma menina que tem medo da claridade. As duas vão descobrir que enfrentar os próprios medos podem nos transformar por dentro e por fora e mostrar que o medo do desconhecido pode gerar boas surpresas.

“A literatura também é instrumento de reconhecimento da identidade da cultura afro que é presente no Brasil e no mundo. Incentivar que as crianças leiam e tenham contato com elementos dessa cultura é uma forma de dar voz, visibilidade e promover a igualdade sobre a diversidade etnicocultural presente no Brasil. As histórias contidas nesses livros são inspirações que certamente vão estimular e ampliar a percepção de mundo, o repertório intelectual infantil. Além de, claro, enfrentar e combater o preconceito desde sempre”, diz Nathália Flores, gerente de educação da Vaga Lume.

Confira a lista com outros livros sugeridas pela curadoria da Vaga Lume para celebrar o mês da Consciência Negra:

O que mamãe não sabe…(Ed. Caixote)
Autor e ilustrador: Rodrigo Andrade
O livro “O que mamãe não sabe…” homenageia obras clássicas e autores que influenciaram a formação do artista. O livro nos apresenta Bento e seus amigos, que pulam no sofá da casa azul e fazem a folia até a mãe dele voltar. E essa  brincadeira reúne personagens célebres, como os Três Porquinhos e a Bruxinha, o Capitão Gancho e Grizo, o Gênio da Lâmpada, o Pequeno Príncipe e muitos outros.

Aqui e aqui (Ed. Companhia das Letrinhas) – Autor e ilustrador: Caio Zero
Neste livro ilustrado, um menino descobre algo muito valioso enquanto tenta desvendar um mistério.

Julián no casamento (Ed. Boitatá) – Autora e ilustradora: Jessica Love

O livro é uma celebração dos afetos, da diversidade, da amizade, da individualidade e do respeito, que traz lindas ilustrações em aquarela. Nesta história, Julián vai a um casamento com sua avó e com sua amiga Marissol. Mas, de tanto brincarem com Glória, a cachorrinha das noivas, acabam se sujando e para seguirem apresentáveis na festa, a dupla improvisa novas roupas.

A menina dos cabelos d’água – Autor: Sidnei Nogueira | Ilustradora: Luciana Itanifé

Os cabelos de Omilayó faziam flores brotarem, mas, por causa deles, todos tinham receio de se aproximar da menina. Sozinha, ela sentia que carregava em sua cabeça todo o peso do mundo. Certo dia, conversando com sua tia, descobriu que não era a única: sua tataravó também  tinha os cabelos d’água e — assim como ela — era uma rainha.

Histórias sobre pequenas grandes coisas (Ed. Panda Books – Autor: Otávio Júnior | Ilustrador: Camilo Martins

O mundo é feito de pequenas grandes coisas, basta observarmos com olhos e poeta.Para quem se define como um “observador do mundo”, a reclusão a algumas dezenas de  metros quadrados durante meses a fio não foi tão simples. Otávio Júnior sentiu então necessidade de observar tudo, principalmente as pequenas coisas, ou, como ele próprio revela, a delicadeza e a força contidas nelas.

Mar de Marielle (Ed. Malê) – Autora: Luana Rodrigues | Ilustradora: Faw Carvalho

Apelidada de Mar, a criança ainda não tinha feito aquela pergunta que sua mãe e seu pai tanto esperavam: porque meu nome é Marielle? A partir desse questionamento se desenrola a história que apresenta  Marielle Franco neste livro, que se tornou um (Marielle) presente (!) para crianças de todas as idades.

O vestido de Afiya (Ed. Malê) – Autor: James Berry | Ilustradora: Anna Cunha

O vestido da menina grava as memórias de seus dias, de rosas em cachos a pombas em revoada, de tigres no zoo a folhas cadentes do outono. Este livro é uma celebração da infância escrito por um poeta jamaicano e ilustrado por uma artista brasileira.

Chama o sol, Matias! (Ed. Oficina Raquel) –  Autora: Sonia Rosa | Ilustrador: Camilo Martins

Matias é um pequeno garoto que, frente a uma situação de adversidade, clama pelo sol, símbolo de esperança e felicidade que ao iluminar o universo, acende também o mundo da criança. A partir das imagens, de cores em tons fortes e vibrantes que se revela o fato de o protagonista e sua família serem indivíduos negros. Entra em cena aí a importante questão da representatividade no universo da literatura para crianças.

Doçura (Ed. Tibi) – Autora: Emília Nuñez | Ilustradora: Anna Cunha

Doçura é um livro-imagem que celebra a leitura em família, as mulheres e as professoras. A obra trata da importância da formação leitora na infância e destaca o afeto e a dedicação para a criação de uma nova geração de leitores.

Lukenya e seu poder poderoso (Ed. Literatura Alfabantu) – Autora: Odara Dele | Ilustradora: Amanda Daphne

“Trak! Trok! Trak! Trok! Trak! Trok!” Esse é o som das ideias brotando na imaginação de Lukenya, uma menina serelepe, cheia de ginga e encantamento. Um dia sua avó conta uma história mágica e disse que toda a riqueza vinha da África. A obra é bilíngue, escrita em português e kimbundu, língua originária da República do Congo e Angola, e conta com glossário e texto sobre a origem e influência do kimbundu no Brasil.

Meus contos africanos (Ed. Martins Fontes) – Autores e Ilustradores: Seleção Nelson Mandela

Em “Meus Contos Africanos”, organizado pelo líder mundial Nelson Mandela, são encontrados contos tão antigos quanto a África, contados ao redor de fogueiras no final do dia desde tempos imemoráveis, contos herdados dos povos san e khoi, originalmente caçadores e criadores de animais pioneiros, deixados à imaginação daqueles que vieram do mar em grandes embarcações de velas ondeantes.

Mandisa e a vovó alegria (Ed. Malê Mirim) – Autor: Vagner Amaro | Ilustrador: Daniel Santana

Mandisa e a Vovó Alegria conta a história de amizade entre uma avó, Alegria, e a sua neta, Mandisa.  Nesta convivência entre gerações, ensinamentos importantes sobre o gosto pela arte e pela cultura, ancestralidade, conexão com os antepassados africanos e amor familiar marcam profundamente a infância da menina.

Betina (Ed. Mazza) – Autora: Nilma Lino Gomes | Ilustradora: Denise Nascimento

A lição do penteado, Betina aprendeu da amorosa avó e a avó aprendeu com a mãe dela que aprendeu com outra mãe que tinha aprendido com uma tia. Só que Betina foi além e espalhou a lição para filhas e filhos, mães e avós que não eram os dela, e abriu um salão de beleza diferente e ficou conhecida em vários lugares do país.

O Adeus do Marujo (Ed. Pallas) – Autora e ilustradora: Flávia Bonfim
Este livro conta a história do gaúcho João Cândido Felisberto, conhecido como João Cândido, um dos líderes da Revolta da Chibata, que tinha como objetivo cessar os maus tratos aos marinheiros no Brasil. De maneiro forte e poética, a autora traz um elemento muito delicado em sua obra: o diálogo com o sonho e a realidade que remetem aos bordados de João feitos na prisão.

 Sobre a Vaga Lume
Criada há 22 anos, a Vaga Lume está presente em 22 municípios da Amazônia Legal, com 163 mil livros doados, 95 bibliotecas comunitárias e 5 mil mediadores de leitura formados. O trabalho da organização já impactou a vida de 109 mil crianças e jovens. O seu propósito é empoderar crianças e jovens de comunidades rurais 0da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais com a leitura, a escrita e a oralidade para ajudar a formar pessoas mais engajadas na transformação de suas realidades. No último ano, a Vaga Lume foi eleita a melhor ONG de Educação do Brasil pelo Instituto Doar e vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura – ambos pela  segunda vez. Foi também contemplada pelo novo prêmio United Earth Amazônia, na categoria ESG, da sigla em inglês Environmental, Social, and Corporate Governance (Ambiental, Social e Governança). Conheça o mini documentário Vaga Lume no YouTube e acesse o site da associação.