A leitura é um dos principais fatores para estimular a neuroplasticidade que, por exemplo, previne doenças neurodegenerativas, afirma o Pós PhD em neurociências e escritor, Dr. Fabiano de Abreu Agrela
A escrita surgiu na história humana há milhares de anos, por volta de 3500 a.C., e desde então, tanto a escrita, como a sua ‘parceira’, a leitura, passaram a fazer parte do cotidiano de toda a humanidade. Mas além disso, se tornou uma poderosa aliada na disseminação de conhecimentos e estímulo ao desenvolvimento cerebral.
De acordo com o Pós PhD em neurociências e escritor, autor de 22 livros, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, além da quantidade de livros que se lê, é importante observar, também, a qualidade deles.
“O livro mantém sua relevância mesmo em uma era dominada pelo imediatismo. Embora o número de leitores regulares esteja em declínio, ainda há muitas pessoas que frequentemente se dedicam à leitura. O desafio principal está na qualidade dos livros lidos, destacando-se aqueles que oferecem conteúdos ricos e promovem raciocínios mais complexos”, afirma.
A leitura e o cérebro
A leitura regular e de qualidade é uma poderosa ferramenta para estimular o cérebro, trazendo benefícios como o aumento da capacidade cognitiva, acervo de informações e vocabulário, melhora da memória e desenvolvimento do pensamento crítico. Além disso, ela ajuda a estimular a neuroplasticidade cerebral, conta o Dr. Fabiano de Abreu.
“A leitura ajuda a estabelecer novas conexões neurais e é um exercício mental muito importante de imaginação e raciocínio, o que contribui para a neuroplasticidade, a capacidade de adaptação do cérebro, mas também à chamada reserva cognitiva, que ajudam a prevenir, e reduzir impactos, de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer”.
Lemos mais, mas com pouca qualidade
Não basta apenas ler para ter todos os benefícios da prática ao cérebro, mas é preciso ler com qualidade, explica o Dr. Fabiano de Abreu.
“A leitura nunca esteve tão presente no nosso dia a dia, com as mensagens instantâneas, redes sociais, avalanche de notícias, etc., lemos muito mais palavras por dia do que nunca, cerca de 100 mil por dia, mas essa leitura é de péssima qualidade pois praticamente não guardamos o que lemos, é uma leitura dinâmica, superficial e, portanto, estimula pouquíssimo o cérebro”.
“A leitura ideal é a chamada ‘leitura profunda’, na qual há uma forte decodificação dos símbolos e estímulo da imaginação, raciocínio, pensamento analítico, estímulo das conexões entre as regiões cerebrais visuais, de linguagem, pensamento e emoção”, explica.
Livros digitais e livros físicos
Os livros digitais, como os disponíveis no Kindle, estão ganhando popularidade a cada dia, embora muitas pessoas ainda mostrem resistência a eles. Contudo, a tecnologia facilita o acesso à leitura, mesmo que os livros físicos continuem a ter sua importância.
“Sem dúvida, a tecnologia desempenha um papel crucial ao facilitar o acesso aos livros, permitindo carregar um pequeno dispositivo com centenas de opções de leitura. No entanto, muitas pessoas ainda preferem os livros físicos, seja para evitar o tempo excessivo em frente às telas ou porque os livros impressos se tornaram um símbolo de status e glamour. O livro físico nunca sai de moda, e sua raridade, de certa forma, se torna um diferencial”, afirma Dr. Fabiano.