A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, trouxe à tona discussões sobre a ligação entre doenças infecciosas graves, como a pneumonia, e eventos neurológicos críticos, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O Vaticano informou que o pontífice sofreu um derrame cerebral, seguido de insuficiência cardíaca. Apesar da sua saúde já estar fragilizada nos últimos meses, o agravamento repentino surpreendeu parte da equipe que o acompanhava.
Nos bastidores do Vaticano, fontes próximas ao Papa relataram que ele acordou cedo na Casa Santa Marta e foi encontrado lúcido, mas por volta das 7h (horário local), Francisco começou a se sentir mal e, apesar da assistência imediata, faleceu às 7h35. Seu último desejo, transmitido por Monsenhor Diego Ravelli no domingo de Páscoa, foi um pedido de paz.
O que chama a atenção é a possível relação entre a pneumonia diagnosticada em fevereiro e a evolução do quadro.
Pneumonia e AVC, qual a ligação?
De acordo com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, esse tipo de infecção pode, sim, aumentar o risco de eventos vasculares.
“A pneumonia desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, essa inflamação pode afetar diretamente os vasos sanguíneos e facilitar a formação de coágulos, elevando o risco de um AVC isquêmico”, explica o especialista.
A evolução do quadro clínico do Papa acompanha um padrão que tem sido estudado por cientistas.
Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association reforça que pacientes hospitalizados com pneumonia têm risco elevado de sofrer eventos cardiovasculares nas semanas ou meses seguintes à internação, no caso de Francisco, foram cerca de 40 dias sob cuidados médicos intensivos após a piora da bronquite, que se transformou em pneumonia bilateral.
Como acontece o AVC?
O AVC (Acidente Vascular Cerebral) acontece quando o fluxo de sangue para uma parte do cérebro é interrompido, provocando a morte das células cerebrais por falta de oxigênio e nutrientes.
Isso pode acontecer por obstrução de uma artéria (AVC isquêmico) ou pelo rompimento de um vaso sanguíneo (AVC hemorrágico). Os sintomas mais comuns são fraqueza em um lado do corpo, dificuldade na fala, visão turva e confusão mental, o atendimento rápido é essencial para reduzir sequelas
O histórico médico do Papa
Francisco já havia enfrentado outros desafios médicos ao longo da vida, ele perdeu parte de um pulmão ainda jovem, na década de 1950, passou por cirurgias no intestino grosso e enfrentava dificuldades de mobilidade, sendo visto com frequência utilizando cadeira de rodas.
Mesmo com essas limitações, não deixou de se aproximar dos fiéis, marcando presença nas celebrações da Páscoa, dias antes de sua morte.
A escolha de repousar fora dos muros do Vaticano, na Basílica de Santa Maria Maggiore, também representa uma quebra de protocolo, que acompanha o estilo pastoral adotado por Francisco durante seus 12 anos à frente da Igreja Católica.
O corpo será transferido à Basílica de São Pedro para homenagens e seguirá depois para o local definido por ele.