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A morte de Carlos Lacerda

O ex-governador do antigo Estado da Guanabara,  Carlos Lacerda,  morreu triste com os rumos da política,  no dia 21 de maio,  vítima de um infarto no miocárdio,  na Clínica São Vicente,  Zona Sul do Rio de Janeiro.
Ele morreu jovem,  tinha,  na época,  63 anos.
Lacerda foi a terceira liderança da Frente Ampla a morrer naquele período.
Juscelino Kubitschek morreu em agosto de 1976. E, João Goulart,  faleceu meses depois,  também em 1976.
A proximidade das mortes das três lideranças políticas contrárias ao governo militar instaurado em 1964, após a deposição de João Goulart,  mobilizou a imaginação e as indagações de amigos,  jornalistas,  pessoas que circulavam no mundo da política.
O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony,  em seu livro,  Beijo da Morte ( 2003), escreveu que a morte dos três líderes poderia ter sido planejada .
Mas,  a maioria dos integrantes da família de Carlos Lacerda, que eu conheci bem  por ter sido o líder da UDN na Assembleia Legislativa,  na última metade dos anos 60 ( depois,  fui cassado,  em 1969, por ter participado da Frente Ampla), a família de Carlos Lacerda sempre negou essa versão.
Desidratado por causa de uma febre,  de um resfriado grave e de um quadro diabético,  Lacerda morreu,  segundo os médicos,  de um infarto agudo do miocárdio.
Abandonado pela UDN,  desde que passou a se opor ao regime militar  ( Quando percebeu que não haveria eleições diretas para presidente,  em 1965), logo depois de 1964, Carlos Lacerda não teve,  nem mesmo,  algumas homenagens póstumas.
O governador,  em 1977, era Chagas Freitas, do MDB, que sempre foi adversário de Carlos Lacerda.
Foi proposta homenagem especial,  no dia 25 de agosto de 1977, por um dos vereadores cariocas,  mas a Câmara Municipal do Rio de Janeiro rejeitou a ideia. Chagas Freitas era muito forte e os políticos não queriam desagradá -lo.
Na Assembleia Legislativa , a ex-deputado Sandra Cavalcanti,  tomou a defesa póstuma de Carlos Lacerda. E,  naquela casa parlamentar,  foi realizada sessão solene,  em homenagem ao político, jornalista e grande orador.
Dona Sarah Kubitschek,  viúva de Juscelino,  e Maria Tereza Goulart,  viúva de Jango,  foram solidárias nos cumprimentos à família de Carlos Lacerda, por ocasião do sepultamento do ex-governador. Mas,  grande parte da turma da UDN silenciou .
Filha do ex-governador do antigo Estado da Guanabara,  Maria Cristina Lacerda,  há algumas décadas atrás,  revelou que também desconfiava de que a morte do pai tivesse algum envolvimento com um plano internacional para matar Juscelino Kubitschek,  João Goulart e Carlos Lacerda.
Mas,  essas suposições não seguiram adiante.
Embora tenha passado parte do tempo, em seu  sítio, Rocio ,  vizinho da Fazenda Inglesa,  em Petrópolis,  Carlos Lacerda morava no apartamento triplex,  da Praia do Flamengo,  no tradicional Edifício Cidade de Salvador,  construído em 1950. Ali,  eu e meu amigo Hélio Fernandes,  comemos muitos pratos a base de arroz e ovos,  que Carlos Lacerda preparava,  pessoalmente,  em sua cozinha,  na época da elaboração do Manifesto A Frente Ampla.
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