Com menos efeitos colaterais, a imunoterapia revoluciona tratamento do câncer
Ferramenta é uma alternativa para pacientes que lutam contra o câncer, principalmente em meio a uma pandemia de Covid-19
É comum a imunidade do paciente com câncer ficar comprometida durante o tratamento oncológico. Isso porque ao tentar eliminar as células cancerígenas do organismo (por meio da quimioterapia ou radioterapia), a terapia pode atingir as células sadias, ou seja, ocorre a queda na produção de elementos do sangue, diminuindo os níveis de glóbulos brancos, soldados da linha de frente do organismo na defesa contra infecções.
Conforme apresenta o médico oncologista clínico, Gabriel Felipe Santiago, a imunoterapia é uma ferramenta bastante indicada para pacientes que lutam contra o câncer, principalmente em meio a uma pandemia de Covid-19. “Ela trabalha fortalecendo o sistema imunológico do paciente, ou seja, ela não destrói diretamente as células cancerosas, mas sim estimula o próprio sistema imunológico da pessoa para que ele faça isso”, explica.
E um dos principais tipos de imunoterapia utilizados para o tratamento oncológico, segundo ele, são inibidores de checkpoints imunológicos. “Essas proteínas, quando entram em contato com as células do câncer, fazem com que o sistema de defesa do paciente não reconheça a célula cancerígena como agressora.
Essas novas drogas vão inibir esse ciclo e dessa forma a célula tumoral passa a ser reconhecida como agressora. Dessa maneira, os linfócitos vão ter uma maior atividade, reconhecendo e auxiliando no combate às células do câncer, uma vez que essas proteínas que iriam ‘desligar essas células’ são inativadas.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde, mostram que o Brasil poderá ter 625 mil novos casos de câncer em 2020. Entretanto, a Agência Nacional de Saúde (ANS) já aprovou no Brasil imunoterapias para melanoma metastático, câncer de bexiga, câncer de pulmão não pequenas células, linfomas de Hodgkin, tumores de cabeça e pescoço e câncer gástrico.
“Casos recentes mostram que a combinação da imunoterapia, isoladamente ou em combinação com outros tratamentos, pode trazer taxas de resposta superiores aos tratamentos quimioterápicos convencionais em diversos tipos de neoplasias malignas”, enfatiza Gabriel.
Um exemplo é a apresentadora Ana Maria Braga que na última sexta-feira (24/04) noticiou ao público sobre seu estado de saúde, que está curada do câncer no pulmão, que foi diagnosticado em janeiro de 2020. Ana Maria ressaltou, no entanto, que o tratamento não acabou.
A apresentadora vai parar de fazer quimioterapia, e continuar apenas com a imunoterapia, que ajuda o organismo a “criar os próprios anticorpos”. “É para garantir que as células cancerígenas foram todas embora”, disse.
De acordo com Gabriel, com o uso da imunoterapia, o aumento da sobrevida do paciente é considerável, principalmente em comparação com as terapias convencionais, como a quimioterapia.
“Além desses ganhos, a diminuição da ocorrência dos efeitos colaterais são fortes e visíveis, o que possibilita o tratamento em pacientes idosos e com outras doenças pré-existentes”, ressalta.