CCBB traz para Brasília o espetáculo “Vou fazer de mim um mundo”, com Zezé Motta
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CCBB traz para Brasília o espetáculo “Vou fazer de mim um mundo”, com Zezé Motta

A atriz e cantora estreia seu primeiro monólogo e comemora 80 anos em cena

A peça é uma adaptação do livro de Maya Angelou, a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood, e cumpre temporada de 15 de maio a 1 de junho

O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) traz o espetáculo “Vou fazer de mim um mundo”, o primeiro monólogo da carreira de Zezé Motta, que estreia no dia 15 de maio e celebra 80 anos dessa que é uma das artistas mais aclamadas do país e que inspira gerações de mulheres negras na luta por espaço, expressão e oportunidades. A temporada em Brasília vai até 01 de junho, após segue para o CCBB Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

O espetáculo é uma adaptação para teatro do livro da Dra. Maya Angelou, o best-seller “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, lançado em 1969 e que agora chega ao Brasil com dramaturgia e direção de Elissandro de Aquino.

A história que se tornou um clássico é a primeira das sete autobiografias que a autora publicou. Em ‘Pássaro’ Maya apresenta um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos durante a segregação dos anos 1930-1940. Nele parece haver um grito silencioso desse pássaro aprisionado que a Dra. Maya Angelou vivenciou e que a tornou ainda mais forte. Como ela mesma cita “O pássaro engaiolado canta com um trinado amedrontado sobre coisas desconhecidas, mas ainda desejadas…”. Angelou foi múltipla: poetisa, escritora, professora, roteirista, cantora, tradutora, atriz, militante, conviveu com Malcolm X, com James Baldwin, com o pastor Martin Luther King Jr. e se tornou um dos nomes mais aclamados do século 20.

A adaptação e a direção de Aquino abrem possibilidades para evocar a palavra, por vezes cadenciada como uma coreografia, por vezes como uma música, com notas espontâneas e improvisadas. Sempre, contudo, bendita. “Partimos para um projeto bastante intimista, corajoso e potente. A ideia é cruzar duas realidades – a princípio tão distantes – e encontrar um elo entre as experiências humanas que nos atravessam como se não houvesse fronteiras. O projeto se abre em camadas, alternando micro e macro, o que o torna interessante e, ao mesmo tempo, desafiador. Sabemos que ele toca feridas diferentes, pois ora apresenta congruências coletivas, ora invade a nossa casa e expõe as dores mais veladas”, alerta o diretor artístico.

Trata-se de um projeto sutil, valorizando a palavra oral, que bem pronunciada há de nos salvar de toda a loucura, tensão e extremismo da contemporaneidade. O cenário intimista criado pelo artista plástico Claudio Partes traz uma plantação de algodão, nuvens e um livro, de onde brotam as palavras poeticamente e impetuosamente recitadas por Zezé. A iluminação de Aurélio de Simoni, profissional que dispensa apresentações, cria uma atmosfera da luz de lampião, pinçando memórias e afetos antigos. O figurino é de Margo Margot e apresenta Zezé com uma paleta amarela, contextualizada ao fim da peça, mas, também, alusão direta a Oxum, seu orixá.

Em cena dois músicos, Mila Moura e Pedro Leal David, multiplicarão o palco tocando arranjos exclusivos forjados no blues e suas variações. A trilha, porém, não se limita à atmosfera dos anos 30/40 do Sul dos Estados Unidos, ao contrário, ela se mescla e abrange um campo nacional ao trazer nossos contemporâneos Dorival Caymmi, Luiz Melodia, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Seu Jorge.

Segundo Pedro Leal David, que assina a direção musical, “é a confluência de dois rios: Maya Angelou e Zezé Motta. Com suas carreiras atravessadas pela música é natural que se buscasse, em antigas gravações, pistas para esse processo de criação. As musicalidades de Maya e Zezé nos dão notícias distintas sobre como os ritmos, sons, tons da diáspora africana foram abrindo caminho ao longo do século XX, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil. Nossa proposta foi deixar esses rios se encontrarem, trazendo o blues pro violão de nylon, como quem levasse Baden Powel para um passeio nas margens do Mississipi, ou como quem imaginasse os Tincoãs, numa manhã de domingo, com suas vozes e atabaques, num culto em uma igreja da Louisiana. A Zezé tropicalista (ouça “Prazer Zezé”, de 1972!) e a Maya do “Calypso” nos dão a ousadia para esse experimento.”

Zezé, em “vou fazer de mim um mundo”, se aventura corajosamente num universo pouco habitual dessa atriz-cantora solar. Nesse espetáculo mais lunar, veremos uma Zezé introspectiva, política, denunciadora das mazelas sofridas por nossos antepassados e, sim, dolorida. Zezé pertence àquela categoria de atrizes que sentem profundamente cada palavra, que, quando ditas, estranhamente vão abrindo chagas ou cicatrizando feridas. Sabiamente o texto finaliza com alegria. Não uma alegria exaltada, do riso, mas uma alegria por ter ao que agradecer, por honrar os ancestrais, uma alegria por aprender com as gerações que é preciso continuar a trajetória sendo a mudança.

Depois de dez anos ter o retorno de Zezé Motta ao teatro estrelando “Vou fazer de mim um mundo”, seu primeiro monólogo, é uma forma de celebrar seu octogésimo ano com um acontecimento único e histórico.

Ficha Técnica

Do original “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola” de Maya Angelou

Com Zezé Motta

Dramaturgia e Direção Elissandro de Aquino

Direção Musical Pedro Leal David

Direção de Produção Fabia Rossignoli

Produção Zezé Motta Vinicius Belo

Músicos Mila Moura e Pedro Leal David

Stand in Mila Moura

Cenografia Claudio Partes

Figurino Margo Margot

Iluminação Aurélio de Simoni

Preparadora Corporal Cátia Costa

Preparadora Vocal Dafinne Santiago

Design, Comunicação e Artes gráficas Partes Estúdio

Foto Divulgação Wagner Loiola

Maquiagem e cabelo André Florindo

Assessoria de Imprensa Conteúdo Comunicação

Produção local Raquel Fonseca

Auxiliar de produção Pablo Rodrigues

Operador de Som Max Paulo

Operador de Luz Lemar Resende

Costureira Maria de Fatima Monteiro

Consultoria Jurídica Alessandra Ulrich

Produção Viramundo

Serviço:

Vou fazer de mim um mundo

Local: Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília

Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul

Temporada: de 15 de maio a 01 de junho

Horário: quinta a sábado, às 20h e domingo, às 18h30

Sessão com Libras: 22 de maio

Bate-papo com a artista: 29 de maio

Duração: 90 minutos

Classificação indicativa: não indicado para menores de 16 anos

Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência e acompanhante, quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard), à venda no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB Brasília, a partir das 12h de 3 de janeiro. A liberação dos ingressos ocorrerá toda sexta feira da semana anterior

Capacidade do teatro: 327 lugares (sendo 7 espaços para cadeirantes e 3 assentos para pessoas obesas) .

Informações: fone: (61) 3108-7600 | e-mail: [email protected] | site/ bb.com.br/cultura | Instagram/ @ccbbbrasilia | Tiktok/@ccbbcultura  | YouTube/ Bancodobrasil