Em tempos de pandemia, a plataforma de negócio que chegou a Brasília em 2020, é ferramenta para driblar a baixa rotatividade do mercado e diminuição de receita
Em Brasília desde 2017, o Clube de Permuta conta com 135 empresas associadas. Presente em 23 cidades brasileiras, o empreendimento, que surgiu em 2012 em Belo Horizonte, diferencia-se pelas relações de negócios que se dão através da troca multilaterais sem desembolso de dinheiro entre as partes.
Em tempos de pandemia, com os negócios rodando numa intensidade bem mais baixa no mercado, a plataforma tem sido grande aliada dos associados, uma vez que possibilita aquisição de bens de consumo e serviços sem o comprometimento da receita empresarial ou doméstica.
“Muitas empresas estão se associando, ainda mais agora durante a crise financeira em decorrência das ações de contenção da COVID-19, o que redobra nossa responsabilidade em checar a idoneidade da empresa, que é um dos passaportes para compor o grupo, ao lado da indicação de quem já é associado.
No Clube de Permuta o empresário tem a oportunidade de continuar vendendo seus produtos e pode se relacionar com os outros associados de forma virtual. O fundamento do Clube de Permuta é o relacionamento que, definitivamente, não acabou, mas se intensificou nos meios digitais”, afirma Francisco Nunes, diretor do Clube de Permuta, no Distrito Federal.
Francisco explica que, neste momento, os associados prestadores de serviços essenciais à manutenção das empresas têm sidos os mais solicitados. É possível cortar custos sem comprometer o caixa com pagamentos mensais, direcionando o dinheiro para situações, realmente, emergenciais.
“Estamos intermediando, principalmente, contratos na área de contabilidade, advocacia, medicina e segurança do trabalho, marketing, assessoria de imprensa.”. Igualmente, empresas que, porventura, estejam fechadas como bares, restaurantes, shoppings, oficinas, academias, salões de beleza e boutiques, também estão se beneficiando, pois se não podem vender no momento, têm o poder de continuar consumindo através do clube.
Com ou sem crise, a entrada no Clube possibilita a aquisição de produtos e serviços muitas vezes inacessíveis fora da plataforma. “Os associados ficam ‘corajosos’ e realizados, pois fazem negócios que poderiam ficar inviáveis se a moeda envolvida fosse o Real e não a troca.
Casos como a contratação de assessoria de imprensa, que normalmente são feitas por empresas de grande porte, ficam viáveis no Clube de Permuta, bem como a compra de imóveis e automóveis, cirurgia plástica, procedimentos estéticos, contratação de festas completas com buffet, música, manobrista, equipe de vídeo, decoração...”, enumera o diretor.
Por ora, porém, o foco do Clube de Permuta está em ajudar e mostrar caminhos ao associado para diminuir o custo operacional e se adaptar ao momento com as ferramentas necessárias para se manter em atividade ou diminuir os custos, até a tempestade passar.
Como funciona
A prática é antiga, mas o Clube de Permuta a normatizou e modernizou. O fundador Leonardo Bortoletto, que abriu a primeira unidade em Uberlândia, conta que a ideia surgiu quando tinha uma empresa de tecnologia e costumava fazer permuta com fornecedores. “Eu trocava meu serviço por serviços ou produtos de outras empresas. Só que eu sempre tinha uma sobra para usar e comecei a passar essa sobra para outros parceiros. Isso começou a ficar frequente, até que vi que havia ali uma oportunidade”, conta Leonardo.
O diferencial está nas trocas multilaterais. Ou seja, a empresa A pode comprar da B independentemente se a B comprou da A. Com bons negócios realizados pelos associados dentro de regras muito bem estabelecidas e viabilizadas através de uma moderna plataforma digital, o Clube de Permuta ajuda a vencer o estigma em relação à prática.
O preconceito que existe se explica muito em razão da forma como, muitas vezes, a troca é feita, informalmente, onde as vantagens acabam não sendo equilibradas para as partes.
“Para explicar de forma prática: um associado que é dono de uma loja de móveis pode contratar uma empresa para fazer a contabilidade da sua empresa em forma de permuta. Este mesmo empresário pode entregar os móveis dele para abastecer a empresa do contador ou outra qualquer que esteja na plataforma e tenha interesse pelo seu produto”, exemplifica Bortoletto.
As transações funcionam como uma conta corrente em que clientes acumulam créditos ou débitos na moeda do Clube de Permuta, o Permutz. Todas as informações sobre limites, saldos e extratos, assim como em um banco, são disponibilizadas na plataforma. Todas as empresas associadas são criteriosamente avaliadas antes de receberem a sua linha de crédito. A cada compra e venda realizada os associados pagam um percentual do valor da transação para o Clube de Permuta.