Economia alternativa surge como principal tendência deste século, afirma especialista
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Economia alternativa surge como principal tendência deste século, afirma especialista

Economia alternativa surge como principal tendência deste século, afirma especialista

A futurista e especialista em novas economias, Lala Deheinzelin, acredita que modelos econômicos alternativos ao tradicional devem ganhar mais impulso durante e após o período de pandemia. Formas de economia, como a social, a comunitária, a solidária, a compartilhada e a colaborativa devem ganhar destaque

A pandemia da Covid-19 pode representar um importante passo para uma transição de modelo econômico. De acordo com a futurista e especialista em novas economias, Lala Deheinzelin, a pandemia é um sintoma  da crise ambiental, econômica e política vivenciada pelo mundo e, para mudar esse cenário, é importante o acesso às riquezas que não pertencem ao sistema monetário e financeiro tradicional mundial. Nesse sentido, a economia criativa e colaborativa tem ganhado cada vez mais espaço como alternativa ao sistema tradicional.

“Não existe a falta de recursos. O que pode existir é a concentração de moedas ou produtos financeiros. Então, todas essas novas moedas que estão surgindo, elas estão ligadas a formas de traduzir em um tipo de valor que podem ser trocados, mas que ainda não foram percebidos como tal”, destaca Deheinzelin, considerada uma das top 3 futuristas da América Central e Latina e que já atuou como conselheira especial de projetos relacionados à Economia Criativa, Cultura e Desenvolvimento da ONU.

Lala destaca que, desde que as pessoas passaram a se conectar em rede pela internet, as conexões se ampliaram e aceleraram. Dessa forma, as crises e as soluções, que demoravam a atingir uma escala global, passaram a ser mais rápidas. “A crise de 2001 trouxe a emergência da economia solidária e dos bancos comunitários. Na Argentina, no mesmo ano, um a cada seis argentinos dependiam da economia complementar para a sua renda. São iniciativas importantes que temos no mundo, mas que ainda não tinham o alcance da tecnologia para ampliar esse processo”, destaca Lala. “A crise de 2008 trouxe a criação das criptomoedas e a possibilidade de garantir a idoneidade por meio do blockchain. De lá para cá, surgiu uma imensa quantidade de moedas e isso é um caminho sem volta”, completa.

Para ela, o futuro está nas novas economias, mas ainda é necessário investimentos de empresas no setor para ganhar ainda mais impulso. A futurista considera que empresas do ramo de economia colaborativa devem encarar com seriedade e não minimizar a importância do setor. “Há empresas no setor, como a XporY.com, que são referências por serem sólidas e estudarem os mecanismos de créditos, fazendo parcerias com instituições idôneas, como empresas, governos e associações comerciais. O que ainda necessita é de uma mudança cultural do público, que ainda não enxergou essa potência”, destaca a especialista. Ela ainda destaca que o principal desafio do setor é a falta de investimentos para fazer publicidade e mudar a mentalidade dos brasileiros.

Economia alternativa

Lala Deheinzelin destaca que essas novas formas de economia fazem parte de um ramo da economia complementar, conceito adotado pelo economista especialista em novas economias e engenheiro civil Bernard Lietaer. Ele divide os modelos econômicos em formas tradicionais – mais conhecida, fundada na emissão de dinheiro e dos mecanismos criados pelo próprio sistema financeiro – e as alternativas – que podem ser as moedas locais, as solidárias e à base de recursos naturais (como crédito de carbono e energia solar) e moedas digitais.

“Ele concluiu que qualquer tipo de sistema financeiro, para poder ter equilíbrio e  longevidade, precisa ter duas naturezas complementares. Uma que é mais centralizada, que é a tradicional, e outra mais distribuída, que é o caso da complementar. A dificuldade para acessar e circular essa complementar, são necessárias plataformas que façam o papel dos bancos centrais e da moeda. Empresas, como as plataformas digitais de permutas, fazem esse processo e por isso se tornam importantes nesse cenário”, destaca Deheinzelin. “Nos próximos anos, vamos ver cada vez mais o surgimento, valorização e o desenvolvimento de ferramentas dessa economia complementar, que é um grande guarda-chuva onde poderíamos encaixar outras formas de economia, como a social, a comunitária e a solidária, transformando em uma grande tendência da primeira metade do século XXI”, completa.

Economia alternativa surge como principal tendência deste século, afirma especialista
Economia alternativa surge como principal tendência deste século, afirma especialista

Diante desse cenário de valorização desses novos modelos no setor econômico, a futurista acredita que o investimento em iniciativas alternativas pode ser uma grande oportunidade de negócios. “Sorte daqueles que tiverem a coragem suficiente para investir nessa proposta. No momento em que alguma coisa inovadora surge, ela pode causar estranhamento e acaba investindo no passado e não no futuro. Neste momento, muitas iniciativas importantes estão deixando de receber investimentos e os investidores perdem grandes oportunidades”, alerta Deheinzelin.

Como exemplo de iniciativas criativas neste setor, ela cita a plataforma digital XporY.com, empresa goiana de permutas multilaterais que surgiu em 2014 e passa por um processo de expansão para outros estados brasileiros. De acordo com o sócio-fundador da scale-up e especialista em inovação e em economia alternativa, Rafael Barbosa, a empresa busca proporcionar alternativas de negócios entre empresas de qualquer porte e profissionais autônomos e liberais por meio do escambo, possibilitando o movimento de estoques e a queda da ociosidade dos serviços.

“Dessa forma, uma empresa que tenha algum produto ou serviço parado pode cadastrar sua oferta na plataforma e despertar o interesse de qualquer outro membro do sistema. Após finalizar a transação, o permutante recebe créditos em forma da moeda digital da plataforma e pode adquirir qualquer produto ou serviço que precisar, ofertado por qualquer um dos usuários, sem usar dinheiro”, explica o sócio-fundador da empresa, que é a plataforma de permutas do Sebrae. A plataforma cresceu 83% só durante a pandemia e o empresário avalia que ainda crescerá muito mais estimulada pelo contexto de necessidade de busca de alternativas para movimentar a economia. Para se ter mais informações da plataforma, acesse: www.xpory.com.