O público de Brasília tem só até o próximo domingo, 11 de maio, para conferir a exposição “Lírica, crítica e solar: artes visuais em Mato Grosso”, em cartaz na sala principal do Museu Nacional da República. A mostra, que celebra os 50 anos do Sebrae Mato Grosso, reúne 200 obras de 50 artistas e oferece um panorama rico e instigante da produção artística do estado. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Divino Sobral e Laudenir Gonçalves, assistência de Rosana Schmitt e expografia de Guilherme Isnard, a exposição tem atraído milhares de visitantes desde sua inauguração, em março. O projeto é uma realização do Sebrae/MT, em parceria com o Governo do Distrito Federal e o próprio museu, e busca valorizar a economia criativa como vetor de desenvolvimento cultural e social.
“A exposição é um convite a olhar para Mato Grosso além das paisagens naturais e da produção agropecuária. É um estado que pulsa criatividade e diversidade artística, e que agora compartilha essa riqueza com o Brasil inteiro, por meio da arte”, afirma Lélia Brun, diretora-superintendente do Sebrae/MT.
A iniciativa abre o calendário comemorativo pelos 50 anos do Sebrae/MT, que serão celebrados em setembro de 2025, e reforça o compromisso da instituição com o fortalecimento da cultura e da identidade regional.
“O Sebrae atua nos biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia, valorizando as tradições e incentivando negócios criativos. É fundamental que a arte mato-grossense circule, seja vista, conhecida e reconhecida nacionalmente”, destaca André Schelini, diretor técnico do Sebrae/MT.
Sobre a exposição
O processo curatorial escolheu obras e artistas de oito municípios mato-grossenses (Cuiabá, Canarana, Chapada dos Guimarães, Guiratinga, Nobres, Rondonópolis,
Rosário Oeste e Várzea Grande), contemplando técnicas como pintura, aquarela, escultura, objetos, cerâmica, fotografia e documentário.
As peças foram selecionadas a partir de 16 acervos, incluindo três institucionais, três comerciais e 10 privados. As obras vão estar dispostas na exposição em sete núcleos temáticos: Ancestralidade indígena e indigenismo, A natureza: entre a pujança e a devastação, A presença da arte popular, Conexão com a religiosidade, A cidade de Cuiabá e a cuiabania, O povo mato-grossense e O grande Mato Grosso e a criação das instituições artísticas.
A exposição ainda presta homenagem a quatro personalidades femininas de grande relevância para a história da arte em Mato Grosso: Aline Figueiredo, Dalva de Barros, Maria Lygia de Borges Garcia e Magna Domingos. Além disso, destaca a obra de Inês Correa da Costa, primeira artista mato-grossense a alcançar projeção nacional.
No total, 31 artistas vivos e 19 falecidos terão suas obras exibidas, consolidando a exposição como um tributo à rica produção artística do Estado. Dessa forma, o evento busca fortalecer e dar visibilidade ao trabalho de artistas, estudiosos e incentivadores da arte, reconhecendo a contribuição deles para a cultura mato-grossense e nacional.
O curador Divino Sobral, titular responsável por desenhar o fio condutor da pesquisa e seleção das obras, empregou a ela uma narrativa histórica. Ele explica que o simbolismo do título da exposição ‘Lírica, crítica e solar: artes visuais em Mato Grosso’, faz referência a alguns aspectos que caracterizam a produção artística.
“Por um lado, o lirismo expresso na interpretação subjetiva e afetiva da cultura; por outro, a crítica que revela a consciência dos artistas sobre a realidade do tempo e do espaço em que eles vivem; ambos qualificados como solar, adjetivo que indica a intensa luminosidade de Mato Grosso que se traduz em sua arte de vibrante colorido, e que aponta a elevada temperatura de uma arte feita com os engenhos do cérebro e com a pulsação do coração”, diz.
Passado, presente e futuro
Além do reconhecido conjunto de artistas que já compõem esse histórico, novos nomes do movimento contemporâneo desabrocham no contexto artístico estadual, expressando talento e sensibilidade às produções que comprovam a vocação de Mato, que merece ocupar lugar de destaque no universo das artes e da cultura, nacional e internacional. O evento pretende inserir Mato Grosso no circuito da arte e da crítica contemporânea, ainda muito centralizada nos eixos Sul e Sudeste do Brasil.
O Museu
O Museu Nacional da República, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, ocupa uma área de 15 mil metros quadrados. Foi inaugurado em dezembro de 2006. É um dos museus mais visitados do Brasil. Por ele passaram em 2024, 305 mil visitantes. Nos fins de semana, cerca de 5 mil pessoas visitam o local. É administrado pelo governo do Distrito Federal e compõe o conjunto cultural, formado também pela Biblioteca Nacional de Brasília, localizado no Setor Cultural Sul, Lote 2, na Esplanada dos Ministérios.
A arte mato-grossense
Mato Grosso possui um histórico respeitável no campo das artes plásticas, especialmente na pintura. Grandes artistas nasceram nos ateliês livres, criados pelo Governo do Estado, final da década de 1970, e pela Universidade Federal de Mato Grosso, que sediou o ateliê como braço educador do Museu de Arte e de Cultura Popular – Macp, no início da década de 1980 até tempos recentes, em Cuiabá. Estes espaços responderam pelo estímulo e formação de uma geração de pintores que ganhou notoriedade em movimentos importantes da arte nacional, como a ‘Geração 80’.
Artistas como Gervane de Paula, Adir Sodré, Dalva de Barros, Benedito Nunes, Regina Pena, Humberto Espindola, Vitória Basaia e muitos outros, se destacaram pela força expressiva e qualidade de suas obras e inspiraram novas gerações. A partir deles, alguns colecionadores foram atraídos para Mato Grosso, abrindo espaço para participações da arte local em exposições nacionais e internacionais.
Serviços:
Exposição: Lírica, crítica e solar: artes visuais em Mato Grosso
Local: Museu Nacional da República – Brasília – DF
Data: até 11 de maio de 2025
Horário: às 19h
Período da exposição: de 18 de março até 11 de maio de 2025
Horário de visitação: De terça a domingo, das 9h às 18h30
Entrada gratuita
Realização: Sebrae/MT, em parceria com o Governo do Distrito Federal e Museu Nacional da República
Crédito das fotos: LUIZ PHILLIP MORAIS