Filme feito no DF é premiado em festival internacional na Índia
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Filme feito no DF é premiado em festival internacional na Índia

Filmado em 2018 de forma independente, o curta-metragem recebeu quatro prêmios internacionais e foi selecionado em 15 festivais internacionais e nacionais

Roteirizado e dirigido por Iago Kieling e produzido por Caio Almeida, no Distrito Federal, o curta-metragem “Castigo” recebeu o prêmio de melhor filme internacional no 1° Gona Film Awards, festival sediado na cidade de Sivaganga, na Índia. A previsão é que o filme seja exibido em breve nas plataformas digitais do festival. A obra também ganhou os prêmios de melhor filme e melhor ator no 9º The Digital Gate International Film Festival, na Argélia, em dezembro do ano passado.

Inspirada no livro “Crime e Castigo”, do escritor russo Dostoiévski, de 1866, a trama faz uma releitura dos personagens que compõem o protagonista Ródio e, também, dos espaços ocupados e dos sentimentos vivenciados. A obra apresenta como ele sofre no cenário atual, à margem da sociedade, vivendo em condições precárias. Filmado em 2018, o curta já recebeu quatro prêmios internacionais e foi selecionado em 15 festivais nacionais e internacionais. Confira aqui o teaser: https://www.youtube.com/watch?v=NsZotSXU4kw

“É muito gratificante receber a notícia de mais um prêmio. Fico feliz com a repercussão do filme, principalmente na Índia. Afinal de contas, é o quinto festival indiano que participamos”, conta o diretor e roteirista do curta, Iago Kieling. “Acredito que conseguiremos mostrar ao mundo um pouco do nosso país e do cinema brasileiro por meio da arte”, aponta.

Para o ator e protagonista Lúcio Campello, a premiação é uma forma de divulgar o cinema nacional para o mundo. “É uma felicidade bem peculiar, quase indescritível. Mostramos a capacidade que o país tem de entrar no circuito internacional. Desta forma, a gente consegue superar minimamente a angústia que estamos enfrentando neste cenário de pandemia, que conta com tanto negacionismo. O mundo está vendo um Brasil como uma nação que não respeita o vírus e nem as pessoas. Com o filme, mostramos um outro olhar do país para o mundo”, complementa.

Castigo
Segundo Iago, as metáforas de Dostoiévski estão nas entrelinhas do enredo, da narrativa e da ambientação. “Já a história do filme, em si, inclui o resgate de traumas enfrentados pelo personagem no passado, vivenciados ao lado da mãe. Abordamos temas como miséria, dor e a culpa em um campo simbólico e extradiegético, mas sempre pautado no cru e visceral do meio social”, acrescenta Kieling.

“Foi um desafio grande fazer esse personagem, já que o roteiro do filme é denso e o drama é muito forte”, relata Lúcio Campello. “Como o roteiro não tinha fala, as intenções do Ródio estavam no olhar dele e nas ações físicas. Construí monólogos internos dele para conseguir expressar o que ele sentia de forma fidedigna. Tentei criá-lo e trazê-lo para mim. Até hoje, o Ródio me ensina a conviver em sociedade mesmo com os problemas internos”, ressalta.

Valorização da arte
Com a duração de 16 minutos, o curta-metragem brasiliense foi produzido de forma independente. Foi ainda o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Jornalismo, de Iago Kieling, Caio Almeida e do diretor de arte Benny Leite, na Universidade Católica de Brasília (UCB). “Tínhamos um orçamento de pouco mais de R$ 5 mil reais, com uma equipe de mais de 25 pessoas. Inclusive, o processo de captação de recursos integrou um financiamento coletivo”, lembra Caio Almeida.

De acordo com ele, a pandemia tornou-se um contratempo depois que o filme ficou pronto. “Ficamos sem saber o que aconteceria. E, para a nossa surpresa, a receptividade está sendo muito grande. Tudo isso deixa a gente bem feliz. Contamos com a ajuda de muitas pessoas. Certamente, todas elas fazem parte do sucesso do filme , finaliza Caio.

The Digital Gate International Film Festival

A 9º edição do The Digital Gate International Film Festival ocorreu no mês de dezembro de forma on-line, em virtude da pandemia do novo coronavírus, com filmes de 17 países diferentes. O curta brasiliense levou o prêmio principal, The Golden Gate, e o de melhor ator, Best Male Role, para Lúcio Campello, protagonista da trama. Além de dois festivais brasileiros, o filme “Castigo” foi apresentado nos Estados Unidos, Canadá, Índia, África do Sul e Argélia. Neste ano, o filme já participou de cinco festivais nacionais, em Santa Catarina, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná e em Minas Gerais. Em 2020, o curta entrou em sete festivais, sendo cinco internacionais e dois brasileiros.