Edital de Prêmio está aberto e vai celebrar 50 trajetórias de artistas

Texto: Loane Bernardo / Edição: Sérgio Maggio (Ascom Secec)

Em junho, as cores do arco-íris tomam conta das cidades ao redor do mundo para mostrar que a palavra “Orgulho” é muito mais que se valorizar como indivíduo. É um símbolo de resistência humana.

Celebrado nesta segunda-feira (28.6), o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ tem por objetivo conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária, independentemente do gênero sexual.

Para o setor cultural, não é diferente. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) celebra esta data com o aprimoramento das políticas públicas que valorizam as manifestações culturais da categoria. Além de ser um movimento importante para a evolução da sociedade, os segmentos culturais que abrangem a cultura LGBTQIA+ revelam talentos, geram empregos, capacitações e oportunidades.

“A Secretaria trabalha com pilares de democratização, acesso e diversidade. Não podemos deixar de fora das políticas públicas nenhum artista. E os nossos criadores LGBTQIA+ estão sendo naturalmente abraçados por ações constantes”, conta o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.

Coordenador do projeto cultural “Brasília Orgulho”, que está estampando os principais pontos de Brasília com as cores do arco-íris, a exemplo do Palácio do Buriti, o produtor cultural Igor Albuquerque considera que as reivindicações da comunidade LGBTQIA+ no Distrito Federal começaram em 1998, na I Parada LGBTQI+ de Brasília.

Igor relembra que não havia uma delegacia específica para o segmento, nem leis contra discriminação ou serviços sociais para esta parte da população.

“Hoje, em 2021, chegamos com essas e muitas outras conquistas. Podemos nos mostrar como grandes talentos culturais do país. A inclusão em 2020 de categorias específicas para LGBTQIA+ e Diversidade no FAC é muito importante para que artistas locais de nossa comunidade aprovem seus projetos”, destaca.

TRAJETÓRIAS VITORIOSAS
Com o intuito de reconhecer o orgulho, a visibilidade, a resistência, a alegria e a carreira cultural dessa linguagem, a Secec lançou, no último (17.6), o edital de premiação da “Cultura LGBTQA+”.

Com inscrições abertas até dia 2 de julho, o certame premiará 50 artistas do segmento num aporte de R$ 150 mil para manifestações culturais que enalteçam a promoção da diversidade de gênero, respeito, amor e combate à homofobia.

A iniciativa faz parte de uma série de ações desenvolvidas no intuito de criar cada vez mais meios do aprimoramento das políticas públicas na cultura em suas diversas linguagens. Para isto, é necessário entender a necessidade dos segmentos LGBTQI+, assim como todos os outros.

“A diversidade de gênero, para que tenha voz, é preciso contar com a participação popular e virar uma causa de todos, inclusive os mais vulneráveis. O Prêmio LGBTQIA+ é um piloto para que possamos efetivar mais políticas para este e outros segmentos”, pontua a Subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural da Secec, Sol Montes.

CAMINHOS ABERTOS
Em diálogo com artistas da cultura LGBTQIA+, a Secec realizou a inclusão da categoria no CEAC (Cadastro de Entes e Agentes Culturais), a partir da publicação da Portaria 54/2021 em maio deste ano, o que dá direito à inscrição de projetos segmentados nos editais do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) e da Lei de Incentivo à Cultura (LIC).

“No caso dos agentes LGBTQIA+, é também uma luta contra o preconceito, a invisibilidade todas as formas de exclusão que esses artistas sofrem na sociedade. O que estamos fazendo é alinhá-los com a política pública de acesso sem qualquer distinção”, pontuou o secretário da Cultura, Bartolomeu Rodrigues.

No edital FAC Brasília Cultura, que foi encerrado no dia 23.6, havia uma linha para cultura LGBTQIA+ com premiações em torno de R$ 500 mil.

Produtora cultural e jornalista, Carolina Ribeiro é mulher trans e relembra o momento de discriminação após sua transição de gênero e destaca que a cultura se tornou, além de sua principal atividade profissional, o seu principal refúgio contra o preconceito, e descobriu que a arte sempre foi uma porta aberta aos talentos LGBTQIA+.

“Esse setor parece ter feito um esforço maior para abraçar essas pessoas. Esse retorno é sentido por toda a sociedade, já que de certa forma nos encontramos como cidadãos com voz e espaço para as nossas expressões”, celebra Ribeiro.

ARTE DA RESISTÊNCIA
Pianista clássica, produtora e arte-educadora, Flor Furacão ingressou aos 9 anos de idade na Escola de Música de Brasília – CEP BEM – mediante processo seletivo e, desde então, já aspirava a uma carreira cultural. A artista trans credita que a maior luta da comunidade é conquistar o acolhimento da sociedade, de modo a conviver com a diversidade de gênero existente na sociedade.

“Quando o convívio existe, as pessoas criam um sentimento pela história e pelas lutas humanas. Com tudo que passei na área da cultura, as pessoas tidas como preconceituosas acabam se desconstruindo através da convivência”, apontou a pianista.

“É necessário colocar artistas LGBTQIA+ em foco e como referência do que é moderno e atual. A comunidade tem muito espaço no carnaval, mas a gente quer ocupar todos os espaços. Somos tão múltiplas, diversas e temos existências tão ricas. Nossa luta é para vivermos em um ambiente mais seguro e saudável. Na política, na cultura e em todos os lugares representativos importantes”, completou Flor.

Formada pela tradicional Faculdade de Artes Dulcina De Moraes, a atriz, jornalista e produtora cultural Clara Camarano classifica a cultura como um lugar de acolhimento e empatia com todo o tipo de amor, independentemente de gênero ou orientação sexual.

A atriz revela que seu caminho pela arte foi sua motivação para compreender o verdadeiro sentido das causas LGBTQIA+ e se incluir no movimento.

“O teatro foi fundamental para me assumir como lésbica e sentir orgulho da minha forma de amar. Nesse momento, a classe artística evolui junto com a sociedade em um momento de democratizar, gerar oportunidades, reconhecer talentos, valorizar e remunerar os artistas LGBTQIA+, afinal, só pregamos que o amor é sempre amor. Viva aos avanços das políticas culturais para a nossa comunidade e feliz dia do orgulho”, celebra a atriz brasiliense.