O dia 25 de agosto
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O dia 25 de agosto

Por Mauro Magalhães — Ex-deputado e empresário.
Há 61 anos atrás, no dia 25 de agosto de 1961, o Brasil recebeu a notícia de que Jânio Quadros renunciou ao cargo de presidente da República .
Todos ficaram perplexos, inclusive a maioria de eleitores brasileiros que votaram em Jânio e derrotaram o segundo colocado nas eleições de 1960, o marechal Henrique Teixeira Lott, ligado a Getúlio Vargas e a Juscelino Kubitschek.
O governo deveria durar 5 anos.
Mas, Jânio Quadros só ficou sete meses na presidência.
A surpresa foi tão grande que até senadores e deputados federais da base do governo udenista não imaginavam que Jânio faria o que fez.
O senador Lino de Mattos, do PSP de São Paulo, quis rasgar o bilhete presencial com a declaração de renúncia. Em tentativa desesperada de impedir que o ato se consumasse.
Mas o ministro da Justiça, na época, Oscar Pedroso Horta, não deixou . O documento já tinha sido distribuído à imprensa. E, Jânio já havia deixado Brasília.
Muitos historiadores e analistas políticos concluíram, com o passar do tempo, que Jânio imaginava que sua renúncia não seria aceita pelo Congresso Nacional, pelas Forças Armadas e pelo povo.
Mas, o Congresso Nacional aceitou a renúncia .
Na ocasião, o então ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos, ficou atordoado com a decisão de Jânio.
Jânio apostou no fato de as Forças Armadas não aceitarem o nome do vice, João Goulart , para assumir a presidência.
A carta renúncia de Jânio Quadros dizia: “Fui vencido pela reação e assim deixo meu governo. Nesses sete meses cumpri meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando invariavelmente, sem prevenções, nem rancores”.
E, concluia: ” Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Há muitas formas de servir à pátria”.
Por causa da renúncia, a reputação de Jânio Quadros ficou manchada até mesmo entre udenistas, Como foi o caso de Carlos Lacerda. Que, mesmo antes da decisão do presidente , de renunciar, tornou-se uma espécie de porta-voz da campanha contra ele ( ainda no cargo).
Anos depois de ter renunciado, Jânio Quadros acusou Carlos Lacerda pela decisão de deixar o cargo .
Em entrevista para a TV Bandeirantes, em 1982, Jânio afirmou que ” Lacerda provocou o dia 25 de agosto ” e o chamou de “inimigo ” .
Após 1964, Jânio Quadros foi um dos três ex-presidentes que teve seus direitos políticos cassados ( os outros doís foram Juscelino Kubitschek e João Goulart).
Em 1985, com o apoio do empresariado paulista, elegeu -se prefeito de São Paulo. Derrotou, inclusive, Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Suplicy .
Vítima de três derrames cerebrais, Jânio Quadros morreu em fevereiro de 1992.
A filha de Jânio Quadros, Tutu Quadros, de acordo com os jornais e documentos históricos, chegou a denunciar o pai como corrupto e o internou à força em uma clínica psiquiátrica.
Quando o ex-presidente morreu, deixou mais de 66 imóveis para seus herdeiros.