O manifesto da Frente Ampla
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O manifesto da Frente Ampla

Por Mauro Magalhães  – Ex-deputado e empresário.
Na semana passada, tive o enorme prazer em participar de dois lançamentos de livros, que reuniram amigas históricas, entre outros convidados queridos.
O primeiro, a convite de Cecília Aparecido (filha de Leonor e José Aparecido de Oliveira ), foi a noite de autógrafos de  “Nos 25 anos da CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, organizado por Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, e o embaixador Lauro Moreira, presidente do Observatório da Língua Portuguesa.
  O livro faz uma homenagem ao ex-ministro José Aparecido de Oliveira , por sua atuação junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.  Lá, na Livraria Argumento, entre outros amigos, estava a filha de Juscelino Kubitschek, a arquiteta Maria Estela Kubitschek Lopes ( viúva de Rodrigo Lopes, que era filho de Lucas Lopes, ministro de Getúlio Vargas).
   Eu havia levado para a livraria um documento histórico, que encontrei, em meus arquivos,  entre os objetos pessoais de Carlos Lacerda,  que herdei  do acervo do jornalista Walter Cunto (ex-assessor de imprensa de Carlos Lacerda).
  Mostrei o documento, um rascunho do Manifesto da Frente Ampla contra a ditadura militar,  escrito à mão por Carlos Lacerda, para a filha de Juscelino.
   No dia seguinte, também na semana passada, eu me encontrei com Maria Tereza Goulart, a eterna primeira-dama do Brasil, no lançamento de “O passado em disputa. Memórias Políticas de João Goulart “, escrito pela neta de Jango, Bárbara Goulart (filha de Denize Goulart).
   Também mostrei o rascunho inédito do Manifesto da Frente Ampla (assinado por Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda) à viúva de Jango.
  Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda representavam, em 1964, quando houve a deposição de Jango, as grandes forças políticas do país.
  O movimento militar de 1964 foi decepcionante para quem, como Carlos Lacerda, deu apoio à deposição de Jango, porque a promessa de Castelo Branco era a de que seriam realizadas eleições, em 1965.
   A importância das eleições diretas para a democracia é tão grande que, por perceber que elas não aconteceriam mais, Carlos Lacerda lançou, em 1966, o Manifesto , com críticas ao governo militar (que ajudou a apoiar, em 1964).
   Em seguida ao lançamento do manifesto no Brasil, Carlos Lacerda foi a Portugal. Para encontrar com Juscelino Kubitschek. Firmaram um pacto de aliança, com a chamada “Declaração de Lisboa “.
  Depois disso, Carlos Lacerda conseguiu, após muita insistência, a concordância de João Goulart, exilado no Uruguai.
   Na capital do Uruguai, Jango e Lacerda assinaram o ” Pacto de Montevidéu”.
    A Frente Ampla significou a superação, por parte das três importantes figuras políticas (Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda) , de suas diferenças, ao lançarem o manifesto em favor da democracia e do desenvolvimento econômico nacionalista.
  O  movimento A Frente Ampla pretendia combater as ações contra as eleições e o pluripartidarismo.
  A Frente Ampla não tinha intenções de estabelecer um movimento de combate incisivo e direto contra as autoridades.
   Mas, mesmo assim, Carlos Lacerda e quase  todos os lacerdistas, juscelinistas e janguistas engajados no movimento, foram cassados pelo Ato Institucional número 5 (Juscelino Kubitschek e João Goulart já haviam sido cassados, antes), assinado em dezembro de 1968, pelo ex-presidente e marechal  Costa e Silva.
  A importância das eleições para a democracia deve, sempre, ser ressaltada.
    Boas eleições, para todos.