Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
Na última segunda, dia 12 de setembro, amigos históricos, a família e pioneiros de Brasília comemoraram os 120 anos do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), que nasceu em Diamantina, no estado de Minas Gerais, no início do século XX e morreu de desastre, na Via Dutra, em agosto de 1976, com pouco mais de 70 anos de idade.
Pai de Marcia e Maria Estela Kubitschek e marido de dona Sarah Kubitschek, Juscelino era filho da professora primária Julia Kubitschek ( 1873-1971) e do caixeiro-viajante João César de Oliveira, o ex-presidente teve uma infância difícil.
O pai de Juscelino, João César de Oliveira, morreu quando ele tinha 3 anos. E o sustento da família ficou por conta de sua mãe, dona Julia, que tinha, na época, 32 anos e não quis casar novamente para cuidar da educação dos filhos, Maria da Conceição, Naná, e JK, apelidado de Nonô .
A família Kubitschek contava que a vocação de Juscelino, ele herdou de seu bisavô , João Nepomuk Kubitschek, que veio da Boêmia para o Brasil em 1835 e em 1840 já constava no censo de moradores da região do Cerro, em Minas Gerais.
Um dos três filhos de João Kubitschek foi Augusto Elias Kubitschek, pai de dona Julia e avô de Juscelino. Que era comerciante (tinha um armarinho).
Um dos tios de dona Julia, João Nepomuceno Kubitschek, irmão do pai dela, Augusto Elias, seguiu a carreira política.
Tio avô de Juscelino, João Nepomuceno Kubitschek foi senador e vice-governador de Minas, entre 1894 e 1898.
Eu estive muitas vezes com Juscelino Kubitschek, em seu apartamento na Avenida Atlântica, nos anos 70, depois que fomos cassados (eu tinha sido da UDN mas fui cassado por minha participação na Frente Ampla, que teve Juscelino, Jango e Carlos Lacerda como protagonistas). Em nossas conversas, regadas a uísque, JK me dizia que adorava lembrar de Brasília e de sua infância.
Em minhas visitas ao apartamento da Avenida Atlântica, Juscelino estava sempre com um dos pés descalços.
Ele me contou que, em sua infância , em uma brincadeira de esconde-esconde com os amiguinhos, em Diamantina, machucou o dedo mindinho do pé direito. E, isso o incomodou muito, até o final da vida.
Mesmo assim, a limitação com o dedinho do pé não o impediu de dançar com suas eleitoras e amigas, desde o início de suas campanhas, nas andanças políticas.
Por causa de seus constantes contatos com médicos, na infância, por causa do dedinho do pé, Juscelino decidiu seguir a Medicina.
Aluno aplicado, ele concluiu o curso primário, em 1914. E, foi estudar no seminário diocesano de Diamantina, onde teve que usar, inclusive, batina (como todos os alunos, mesmo que não quisesse seguir a carreira de padre).
No seminário, JK era obrigado a acordar às cinco da manhã. E, continuou com esse hábito até o final da vida . Para rebater o cansaço que sentia no meio do dia e retomar suas forças para continuar, depois, JK afirmava que tirava “10 minutos de sesta” , depois do almoço. E , aconselhava os amigos a seguir esse costume.
Depois que JK morreu, seu fiel amigo, Serafim Jardim, inaugurou, no antigo local, onde o ex-presidente morou na infância, com sua mãe, Julia, a famosa Casa de Juscelino, em Diamantina.
Na biblioteca de JK, na Casa de Juscelino, em Diamantina, há coleções de livros clássicos da Literatura Francesa e da Literatura Inglesa.
Antes de cursar os exames preparatórios para a Faculdade de Medicina, o ex-presidente estudou sozinho inglês e francês. E, dessa forma, ele viajava mentalmente para o mundo além de Minas Gerais.
Passou no concurso para telegrafista, em 1919 e em 1921 foi morar em Belo Horizonte. Em 1922, entrou na Faculdade de Medicina.
A vida na política começou em 1932. Quando Getúlio Vargas nomeou o lendário Benedito Valadares (fundador do PSD em Minas) para o cargo de interventor federal de Minas Gerais.
JK foi trabalhar com Benedito Valadares. Depois, tornou-se deputado federal, prefeito de Belo Horizonte, constituinte, governador de Minas Gerais e presidente da República.
O famoso e inesquecível Governo JK foi uma maravilha e exemplo de democracia.
Apesar de todos os seus opositores, Juscelino conseguiu governar com estabilidade e alegria, Durante os 5 anos em que permaneceu no cargo.
Além de construir Brasília, ele instituiu o Plano de Metas, “50 anos em 5”.
Desenvolvimentp, democrata, amigo dos artistas, incentivador do empreendedorismo e querido pela população, Juscelino deixou saudades. Viva o “Peixe-Vivo”.