Oscilação do dólar favorece agências brasileiras no exterior
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Oscilação do dólar favorece agências brasileiras no exterior

Com o dólar oscilando dia após dia, seguindo uma média de R$ 5,57 (últimos 30 dias), o setor de publicidade e propaganda tem encontrado um cenário favorável para expandir os negócios para outros países, sem precisar passar por nenhum processo de internacionalização e mantendo a mesma carga tributária, o que evita o pagamento de novos impostos. A principal diferença desta operação está nas taxas que são pagas ao receber dinheiro de fora do país, já que é preciso considerar o IOF e as taxas bancárias.
Personagem: Bruno Campos, CEO da agência CTRL 365.
“Com o câmbio atual, passou a ser também interessante a busca ativa por clientes fora do país”, ressalta. Ele conta que a CTRL 365 já atendia a Acer Brasil, gigante global de computadores, em 2017, mas no último ano passou a trabalhar também com os escritórios da Europa, Oriente Médio e África, devido ao sucesso obtido com a marca na última Black Friday. Nas propostas que a agência está fazendo para novos clientes, ao menos 30% são para empresas sediadas fora do Brasil.
Mas o CEO ressalta alguns desafios importantes. “Idioma e fuso horário são os principais. Imagine uma diferença de mais de 8h de fuso: o cliente começa o dia quando aqui no Brasil já é noite e o fornecedor estaria encerrando o expediente. É preciso ter bem claro em quais horários cada parte vai atuar para evitar eventuais ruídos na comunicação”, conclui.
Especialista: Carlos Lopes, economista do Banco BV
“A valorização do dólar torna os bens e serviços transacionáveis mais atrativos quando comparados com os internacionais. Um exemplo disso é o que acontece com o custo da mão de obra, geralmente o principal item entre as despesas das empresas de serviços. Segundo os dados do Banco Central, entre o pré-crise (fev/20) e janeiro deste ano, o custo unitário do trabalho em dólares recuou cerca de 8%, enquanto o custo em reais subiu aproximadamente 12%, já que o real nesse período teve desvalorização de 22%. Nesse cenário de custos mais baixos em dólares, faz sentido a tentativa de internacionalizar alguns serviços e obter receitas também na moeda americana”, afirma Lopes.