Roberto Marttini revela os detalhes da festa de Yemanja e os cuidados na pandemia
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Roberto Marttini revela os detalhes da festa de Yemanja e os cuidados na pandemia

A tradição do povo baiano

A tradição da festa em homenagem a Iemanjá teve início no ano de 1923, quando um grupo de 25 pescadores resolveu oferecer presentes para a mãe das águas. Nesta época os peixes estavam escassos no mar. Todos os anos os pescadores pedem a Iemanjá que lhes dê fartura de peixes e um mar tranqüilo. – No início, a celebração era feita em conjunto com a Igreja Católica, numa demonstração do sincretismo religioso da Bahia. Na década de 1960, um padre teria ofendido os pescadores, chamando-os de ignorantes por cultuarem uma sereia. O foto provocou um rompimento com a igreja e a partir daí os pescadores passaram a realizar a festa apenas em homenagem a Iemanjá.

O novo formato devido à Covid-19

A imagem foi recebida por cerca de 50 pessoas que observavam na calçada da orla do Rio Vermelho para referenciar a orixá e entregar suas flores para serem colocadas ao mar, já que a entrada para a faixa de areia está bloqueada. A imagem e os presentes foram levados ao mar pelo barco Rio Vermelho.

A interdição da faixa de areia, no trecho que vai do Buracão ao restaurante Sukiyaki, foi uma das principais mudanças em função da pandemia. As praias seguem fechadas até meia-noite da quarta-feira, 3. O objetivo é evitar a aglomeração de pessoas que desejam prestar suas homenagens.

Segundo o babalorixá Pai Ducho de Ogum, responsável pela confecção da imagem neste ano e por levá-la até a praia, independente do formato, o importante é manter a tradição viva.

Os pedidos e as obrigações dos fiéis para agradecimentos e pedidos à Yemanjá

O bloqueio das praias não impediu a obrigação dos baianos em seus rituais devocionais. Flores brancas e azuis, sidras e perfumes eram borrifados no ar para invocar a mãe de todos os Orixás. Alguns se ajoelhavam nas pedras longe do cortejo e atiravam ao mar cocadas e canjica branca. Fitas eram amarradas nos pulsos e tornozelos pedindo axé e proteção. Segundo os praticantes do candomblé, quem pede a rainha do mar no seu dia, tem mais chances de alcançar seus objetivos, pelo fato da sereia visitar a terra em espírito.