Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
Em festa organizada por sua filha, Maria Adélia Saturnino Braga, na sede social do Botafogo, o ex-senador Saturnino Braga comemorou, em setembro do ano passado, 90 anos .
Por problemas causados por uma pneumonia, em dezembro, ele ficou internado por 5 meses, no Hospital Pró-Cardíaco, desde dezembro. Mas, agora já está em casa. Tive o prazer de falar com ele, recentemente, pelo telefone. Saturnino recupera-se bem, com o apoio da família, dos médicos e amigos que conquistou ao longo de seus 62 anos de carreira política.
Além da resistência física e da lucidez que existe até hoje, o ex-prefeito do Rio de Janeiro tem em sua bagagem de vida as amizades que conquistou, ao longo de sua trajetória, com políticos de todos os partidos e personalidades de ideologias diversas.
Saturnino sempre soube conviver com as diferenças.
Formado em Engenharia Pela UFRJ (antiga Universidade do Brasil),em 1954, foi trabalhar no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e estudou na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e no ISEB.
Filho do engenheiro Francisco Saturnino Braga, que foi deputado federal, e neto de Ramiro Saturnino Braga (que também foi deputado federal), Roberto Saturnino Braga conheceu a política desde a infância.
O pai de Saturnino era ligado ao presidente Nilo Peçanha. E, o avô, ao ex-senador Amaral Peixoto, cacique do PSD de seu sogro, Getúlio Vargas, pai de sua esposa, Alzira Vargas do Amaral Peixoto.
Saturnino Braga entrou na política em 1960. Filiado ao PSB, Partido Socialista Brasileiro, foi eleito nesse ano para a Câmara Federal, pelo Rio de Janeiro . Não chegou a ser cassado em 1964, mas teve sua candidatura à reeleição impugnada por pressão do ex-presidente e Marechal Castello Branco.
Eu o conheci durante a fase da Frente Ampla contra a ditadura militar, em 1966, através de amigos comuns do MDB, entre eles o ex-vice-governador de Carlos Lacerda, Raphael de Almeida Magalhães.
Somente em 1974 é que Saturnino Braga ( trabalhando no BNDES) pôde retornar à política.
A convite do cacique político Amaral Peixoto, foi eleito senador pelo MDB do Rio de Janeiro. Derrotou o marechal Paulo Torres, da Arena.
Quando Leonel Brizola voltou do exílio e fundou o PDT, Saturnino Braga filiou -se ao Partido Democrático Trabalhista e reelegeu-se senador, na famosa chapa vitoriosa Brizola, Darcy e Saturnino, em 1982.
Lançado pelo PDT candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, em 1985, foi eleito e passou a cadeira de suplente , no senado, para meu outro amigo querido, Jamil Haddad.
Em 1996, elegeu – se vereador pelo Rio de Janeiro. E, em em 1998, elegeu-se novamente senador.
Cumpriu o mandato até o final, em 2006. E, depois, decidiu tornar-se escritor, além de presidir o Centro Celso Furtado e o Instituto Casa Grande.
Entre as dezenas de livros que publicou, destacam-se Cartas do Rio , e Meu querido Brasil: Minhas memórias de Getúlio, JK, Lula, Dilma e outros democratas, publicado em 2019.
Vida longa ao amigo Saturnino Braga.