novo artigo de Mauro Magalhães
Rio de janeiro

novo artigo de Mauro Magalhães

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Agosto de 1954.
Mauro Magalhães *

* Empresário e ex-deputado.

Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração, na manhã de 24 de agosto de 1954, após ter sido informado de que seria deposto pelas Forças Armadas, com o apoio da UDN, da elite e de parte da classe média brasileira.

Com a alegação de que o governo Vargas teve a crise política agravada pelo envolvimento de Gregorio Fortunato- chefe da guarda pessoal- na morte do Major da FAB, Rubens Valente Vaz-, em 5 de agosto, quando acompanhou Carlos Lacerda até o apartamento do ex-governador da Guanabara, na Rua Tonelero, em Copacabana, os militares que se opunham ao presidente eleito em 1950 pediram seu afastamento do cargo, até que fosse concluído o inquérito do Galeão ( instaurado pela Aeronáutica para apurar a morte do Major Rubens Valente Vaz).

Apontado pelo pistoleiro Alcino ( autor do tiro contra Carlos Lacerda, que atingiu o Major Rubens Valente Vaz) como mandante do atentado da Rua Tonelero, Gregorio Fortunato foi preso e aassumiu a culpa.

A notícia do tiro no coração e da morte do presidente Getúlio causou uma comoção nacional.

Eu tinha 20 anos. Trabalhava como vendedor de automóveis. Votei com a UDN . Sempre fui udenista. Meu pai, também. Mas, quando soube da morte de Vargas, fiquei muito triste . Todos ficaram.

A tristeza era geral . Governo e oposição lamentavam a morte do presidente.

Os estudantes foram liberados pelas escolas. As lojas de comércio fecharam as portas. O luto era total, no Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal. Capital do Brasil.

O povo chorou e protestou contra Carlos Lacerda e outros que combateram e pressionaram Getúlio .

A população foi para as ruas. A notícia havia sido transmitida por Heron Domingues, o grande locutor.

O Brasil inteiro acompanhou o luto pelos rádios de pilha e pelas bancas de jornais . A maioria chorou. Getúlio Vargas estava morto.

Impotente, a multidão de getulistas ocupou o Palácio do Catete.

A Carta Testamento deixada por Getúlio Vargas foi lida nos quatro cantos do mundo.

A mensagem defendia a soberania nacional, o desenvolvimento. Deixava o legado de tudo o que o presidente criou.

O vice Café Filho, que era do partido do ex-governador paulista, Ademar de Barros, durante a crise política que antecedeu o suicídio, já havia passado para o lado da oposição. Ele tomou posse, logo depois.

A UDN perdeu força popular com o suicídio de Getúlio Vargas.

Fundada em 1945, com o objetivo de combater o getulismo, a sigla tinha como lema a frase “O preço da liberdade é a eterna vigilância “.

O pedido de afastamento do presidente, após a morte do Major Rubens Valente Vaz, em 5 de agosto, foi feito, na Câmara Federal por Afonso Arinos , grande jurista.

Em seu discurso, Afonso Arinos falou sobre o Mar de Lama em que estava mergulhado o governo Vargas.

A UDN saiu derrotada nas eleições presidenciais de 1955. Juscelino Kubitschek venceu o candidato udenista, general Juarez Távora.

A ala golpista da UDN ( que, depois, traiu Carlos Lacerda, ao prorrogar o mandado mandato do general Castelo Branco, na presidência da República e não deixou que acontecessem as eleições de 1965) não queria que

Juscelino Kubitschek vencesse as eleições de 1965 ( João Goulart era o candidato a vice, na chapa de JK).

A UDN não aceitou o resultado das eleições de 3 de outubro de 1955. Articulou com militares para que JK e Jango não tomassem posse.

Na ocasião, Café Filho sofreu ataque cardiovascular. Presidente da Câmara, Carlos Luz, assumiu.

O general Lott, comandante das Forças Armadas, depôs Carlos Luz, quando soube que ele não queria dar posse a Juscelino Kubitschek.

No lugar de Carlos Luz assumiu a presidência da República o presidente do Senado, Nereu Ramos.

A faixa presidencial foi passada para JK em janeiro de 1956.