A importância da Frente Ampla
Notícias Rio de janeiro

A importância da Frente Ampla

Por Mauro Magalhães  – Ex-deputado e empresário.
No atual momento brasileiro,  é muito importante resgatar e saber dos grandes acontecimentos, ocorridos,  na recente história do Brasil, para preservar e respeitar a Democracia.
Criada em 1966, a Frente Ampla contra a ditadura militar instaurada em 1964, com a deposição de João Goulart,  foi formada por Juscelino Kubitschek,  Jango e Carlos Lacerda.
E, teve a participação de políticos dos extintos PSD,  PTB e UDN, além de outros partidos ligados a JK, Goulart e Lacerda.
Tive o enorme prazer de participar da elaboração do manifesto de a Frente Ampla,  com Carlos Lacerda e o histórico jornalista Hélio Fernandes.
O texto foi escrito no apartamento onde Lacerda morava,  no Rio de Janeiro.
Lembro bem de que, quando o texto foi concluído,  Lacerda, satisfeito com o resultado,  lembrou que já era bem tarde. Estávamos todos com fome. Excelente na preparação de pratos rápidos e caseiros,  o ex-governador do extinto Estado da Guanabara foi para a cozinha e nos preparou algo com ovos,  que comemos,  felizes.  Com uma dose de uísque para relaxar.
Do lado de Juscelino Kubitschek,  Jango e Lacerda,  também participaram dos encontros para a mobilização da Frente Ampla,  os ex-ministros Rafael de Almeida Magalhães,  Renato Archer e Wilson Fadul,  os ex-deputados Doutel de Andrade,  José Gomes Talarico,  entre outros amigos queridos,  que se aproximaram,  durante o movimento, independentemente de suas posições ideológicas.
A Frente Ampla teve apoiadores que incluíam políticos conservadores, de centro,  centro-esquerda, esquerda.  Ideologias distintas.
Todos queriam a volta da Democracia e das eleições Diretas para presidente da República,  governadores, prefeitos.  Pois, a partir da ditadura militar,  só continuaram permitidas as eleições para o Legislativo.
A partir de 1965, um decreto com base em ato institucional assinado pelo Marechal Castelo Branco e ex-presidente Castelo Branco,  determinou a extinção dos partidos.
Foi instituído o bipartidarismo.
Além de criticar o bipartidarismo, Carlos Lacerda jamais digeriu a proibição de eleições diretas para presidente da República, em 1965. Ele é todos os seus fiéis seguidores batiam na tecla de que os militares tinham prometido não mexer nas eleições presidenciais,  após a derrubada de Jango.
Lacerda e Jk eram candidatos à presidência da República,  em 1965.
E, certamente, um deles venceria.
O manifesto da Frente Ampla, lançado em 1966, pleiteava eleições diretas, reforma partidária, desenvolvimento econômico e adoção de política externa soberana.
O texto , publicado no jornal A Tribuna da Imprensa,  teve boa aceitação no MDB, partido para o qual foram os políticos que seguiam JK, Jango e Lacerda,  inclusive eu,  que era deputado estadual.
No dia 19 de novembro de 1966, Lacerda e Juscelino ( exilado em Lisboa) emitiram a Declaração de Lisboa, onde afirmavam a intenção de trabalhar juntos numa frente ampla de oposição.
Lacerda passou então a buscar entendimentos com Goulart, com os setores mais à esquerda do MDB, chamados “corrente ideológica”.
Já em 1967, através dos ministros Magalhães Pinto e Hélio Beltrão, os militares passaram a tentar convencer Lacerda a abandonar suas posições e colaborar com o governo.
Com a recusa de Lacerda e suas críticas públicas ao governo, em agosto o ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva proibiu a presença dele na televisão.
No dia 24 de setembro Lacerda viajou para o Uruguai e no dia 25 se encontrou e divulgou nota conjunta com Goulart defendendo a Frente Ampla.
Em 5 de abril de 1968, a Frente Ampla foi definitivamente proscrita através da Portaria nº177 do Ministério da Justiça.
Carlos Lacerda foi cassado depois da edição do Ato Institucional número 5, teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos, em 31 de dezembro de 1968.
A minha cassação aconteceu em 1969 e não me arrependo de ter participado da memorável Frente Ampla.
A participação de vários partidos em torno da Democracia é fundamental.