Aberta a temporada de caça aos focos do Aedes aegypti
Saúde

Aberta a temporada de caça aos focos do Aedes aegypti

Goiás fecha 2018 com um aumento de 45% no número de casos confirmados de dengue, em comparação com o ano anterior. Até a semana epidemiológica de número 49, nos primeiros dias de dezembro, o Estado liderava o índice de incidência da doença no País, com 1.175 registros para cada 100 mil habitantes. Clima úmido e quente do verão é outro fator de preocupação para proliferação de focos, por isso em Goiânia canteiros de obras intensificam trabalho preventivo e de combate

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Goiás fechou 2018 com um aumento de 45% no número de casos confirmados de dengue, saltando de 43,4 mil registros em 2017, para 63,2 mil no ano que terminou. Houve também crescimento de quase 32% na quantidade de notificações da doença, o que inclui os casos não confirmados, sendo mais de 104 mil em 2018, contra cerca de 79 mil em 2017. Embora os dados nacionais fornecidos pelo Ministério da Saúde ainda não estejam fechados, até a semana epidemiológica 49, o equivalente aos primeiros dias do mês de dezembro, Goiás liderava o índice de incidência de dengue no País, com 1.175 registros para cada 100 mil habitantes. A média nacional, na mesma época, estava em 118,7 casos a cada 100 mil habitantes.

Os números reforçam ainda mais a necessidade do contínuo combate aos focos do mosquito transmissor do vírus, o Aedes aegypti. O clima quente e úmido desta época de verão é outro alerta, já que traz a configuração ideal para proliferação do  Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras três doenças: chikungunya, zika vírus e febre amarela. Por isso, desde o mês de dezembro, está aberta a temporada de caça aos focos do mosquito nos canteiros de obras. Em empreendimentos de grande porte como a do Kingdom Park Residence, maior torre residencial do Centro-oeste, esse trabalho contra a dengue é contínuo ao longo do ano, mas passa a ser intensificado com a chegada das chuvas.

Para a  prevenção dos focos da dente na obra, que fica próximo ao Parque Vaca Brava, em Goiânia, foi contratada uma empresa que, regularmente, tem borrifado veneno contra o Aedes Aegypti. “O trabalho que eles desenvolveram aqui é semelhante ao que o carro fumacê faz nas ruas”, explica o técnico de segurança do trabalho Ronaldo Rodrigues da Silva. Mas ele, porém, é enfático ao afirmar que a principal ação de combate ao mosquito é a prevenção.

“Colocamos cloro em locais onde a água fica empossada como lonas e semanalmente passamos orientações para que os operários nos ajudem a combater o mosquito, não deixando, por exemplo, copos descartáveis e sacos plásticos espalhados pela obra”, explica o técnico de segurança do trabalho, ao acrescentar que a empresa entende que o trabalho de combate deve ser abraçado por toda a equipe. “O deslize de um pode comprometer a saúde de outro colega”, alerta.

Outras empresas

Para reduzir ao máximo o risco de proliferação, a Toctao Engenharia realiza nas duas obras que mantém em Goiânia, programas contínuos de conscientização e combate aos criadouros do mosquito transmissor da dengue. Cinthia Martins, gestora ambiental da empresa, lembra que o ambiente de obra pode ser muito propício aos criadouros, por isso, o trabalho de combate deve ocorrer o ano todo.

“Para minimizar os riscos, semanalmente realizamos uma ação de limpeza nas obras, onde são recolhidos objetivos e borrifados produtos que combatem o mosquito, para eliminar possíveis focos”, informa. Ela destaca que nas obras há uma atenção redobrada com as lajes, onde a água se acumula facilmente. “Há algumas normas que são cumpridas rigorosamente: tambores de água, que ficam nos pavimentos da obra obrigatoriamente ficam fechados e embalagens de produtos não podem ficar espalhadas e devem, imediatamente, ser depositadas no lixo”, relata.

A gestora ambiental destaca que, sobretudo, o combate a esses vetores se resume em limpeza, organização e conscientização ambiental.  Por este motivo, o tema também é tratado em durante palestras de segurança do trabalho e de consciência ambiental. “Aqui trabalhamos o combate aos vetores da dengue o ano todo”, conta.

Dengueiro

Na Toctao, esse trabalho de conscientização é levado a sério, segundo Cinthia. Além da cobrança pelo engajamento de todos os colaboradores, em cada obra existe, desde 2010, um dengueiro, treinado pelo Serviço Social da Indústria no Estado de Goiás (Sesi), que é responsável pela fiscalização do canteiro e aplicação das medidas de combate a proliferação do mosquito. “Eles são um suporte. Aqui trabalhamos que todos são responsáveis”, destaca a gestora ambiental.

De acordo com Cinthia, o trabalho de educação ambiental é um trabalho de formiguinha que sai da atividade ocupacional e passa para casa e, consequentemente, para a comunidade em que o colaborador está inserido. “Aqui plantamos uma sementinha e ela vai dar frutos para a sociedade. A proliferação de doenças relacionadas ao Aedes Aegypti é de responsabilidade de todos”, destaca.

Na FR Incorporadora o combate aos focos do Aedes Aegypti também conta com o trabalho dos dengueiros. De acordo com Raphael Chaul, engenheiro de segurança, a empresa tem dois colaboradores em cada uma de suas obras destacados e treinados pela secretaria municipal de saúde para combater o mosquito. “Cabe a eles verificar diariamente se há focos de mosquito e eliminá-los”, explica o engenheiro de segurança ao destacar que além disso a empresa faz um trabalho de conscientização dos trabalhadores.

O ajudante de pedreiro Edvaldo Braga é um dos caçadores de focos do mosquito transmissor em obras da FR. Atuando na obra do Residencial Parque Goiá, região oeste de Goiânia, o operário tem levado tão a sério o trabalho que ele faz no canteiro de obras que tem expandido as ações para sua comunidade. “Combater esse mosquito é interesse de todos nós, porque ninguém quer ver amigos ou familiares passando por essas doenças”, diz Edvaldo.

Além de conscientizar amigos e vizinhos e combater a proliferação do foco do mosquito, o trabalhador conta ter realizado ações práticas para o combate ao mosquito nas redondezas onde mora. “A gente tem feito mutirões de limpeza na rua para que o mosquito não apareça lá”, revela.