Educação

Aplicativos ajudam a estimular o hábito da leitura entre as crianças

Se não pode com o inimigo, junte-se a ele, já dizia o velho ditado. Diante de um cenário de tantos jogos e distrações virtuais, escolas investem em ferramentas digitais para reforçar o interesse pela leitura. Mas o incentivo da família continua sendo igualmente importante

Estamos na semana da celebração do Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril), momento propício para um alerta dos especialistas: a leitura é fundamental e um dos pilares para o desenvolvimento infantil, além de proporcionar muitas vantagens, como vocabulário amplo, facilidade de aprendizagem, trabalho de perspectivas e muita criatividade.

A 5ª e última Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, coordenada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural e realizada pelo Ibope, aponta que o brasileiro lê 4,95 livros por ano e 48% da população diz não apreciar a leitura.

Entre as crianças de 5 a 10 anos, a situação é oposta – 48% disseram que gostam de ler.

Em princípio, trata-se de uma boa notícia, porém, nas faixas de idade de 11 a 17 anos, ela começa a cair. O efeito é visto no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que avalia estudantes entre 15 e 16 anos de 77 países. Metade dos brasileiros têm resultados nível 1 em leitura. Em uma escala de 1 a 6, 1 é o pior índice de desempenho e 6 é o melhor.

O desafio das escolas é ajudar as novas gerações a manter o interesse pela leitura, considera a coordenadora escolar Mariana Siqueira, que acredita no uso da tecnologia para atraí-las para os livros. “Os games já são uma linguagem dos alunos, algo com que já estão acostumados e, atualmente, já existem aplicativos para celulares e tablets desenvolvidos para atrair a atenção da meninada e incentivar a criação do hábito de leitura desde cedo”, explica.

De acordo com Mariana, o uso de aplicativos permite que as crianças possam variar o contato com a leitura, tornando o momento mais lúdico e prazeroso. “Assim, o hábito de ler acaba proporcionando vantagens que seguirão não somente na infância, mas em todo o crescimento e amadurecimento desses alunos, além é claro das habilidades e funções cognitivas, a apropriação de novas palavras e ideias”.

A instituição de ensino onde atua Mariana, a  Escola Canadense Maple Bear em Goiânia, já utiliza recursos tecnológicos com total adesão e participação de pais e estudantes. O recurso usado é o aplicativo Raz-Kids, que permite que os alunos tenham acesso a uma vasta biblioteca de livros em inglês. Por meio dele, é possível executar atividades interativas que estimulam o aperfeiçoamento do idioma e o gosto pelas obras por meio de “estrelas” que eles ganham a cada leitura concluída, para que sejam qualificados à próxima etapa.“Com o aplicativo, os professores conseguem saber como os alunos estão lendo por meio de feedbacks semanais direto do aplicativo, o que contribui para auxiliá-los para que tenham um desenvolvimento ainda melhor na leitura. Os alunos também podem fazer gravações das leituras e os professores têm acesso de forma remota, o que nos mostra o viés educativo da tecnologia”, afirma a coordenadora.

Aluna do 5° ano, a estudante Paola Ferreira de Araújo, de 10 anos, afirma que é estimulada à leitura tanto em casa, como na escola. Ela destaca os momentos de leitura coletiva em sala de aula. “Quando a gente lê em sala de aula, cada pessoa lê um pouco do texto. A gente participa da leitura dos colegas e é uma forma de conhecer mais histórias”, explica.Também estudante do 5° ano, Matheus Ribeiro, de 10 anos, conta que foi muito estimulado à leitura por meio dos gibis e o hábito se consolidou. Segundo ele, as atividades escolares, tanto por meio do aplicativo, como as discussões de livros didáticos em sala de aula, incentivam ainda mais a prática da leitura.

“Eu comecei a ler com os gibis e sempre gostei muito. Aqui na escola, a gente também faz tipo um clube da leitura em sala de aula, para discutir alguns livros e, em casa, eu prefiro ler do que ver TV, porque dessa forma eu consigo imaginar o que está acontecendo, aprendo novas palavras”, afirma.

*Ler antes de saber ler*

Outra estratégia adotada e incentivada pela escola é a leitura aos finais de semana. Toda sexta-feira os estudantes da Maple Bear escolhem um livro da biblioteca e levam para casa. De acordo com Mariana, o recurso é utilizado desde os anos iniciais dos alunos na instituição, mesmo que a criança ainda não seja alfabetizada.

“A leitura é incentivada desde a turma inicial com alunos de 1 ano e meio. Mesmo que a criança ainda não seja alfabetizada, ela vai fazer uma leitura criptográfica, ela vai ver a história através das imagens e já vai criar nela um repertório muito grande”, afirma Mariana, ressaltando que a plataforma de leitura digital é inserida aos alunos a partir dos 5 anos.Nessa hora, entra o incentivo da família que, salienta Mariana, continua sendo indispensável para transformar as crianças em leitoras. Quando os pais são leitores frequentes, os filhos tendem a tendem a copiar o exemplo. “A criança é um reflexo do que vive e vê. Se ela cresce nesse ambiente, a leitura se torna um hábito”, diz. Promover a leitura compartilhada para os filhos é uma forma também de incentivar a leitura, diz a especialista, que deixa dicas para os pais enriquecerem esse momento:

1 – No momento da leitura, a dica para os pais é relacionar algo do livro com a vida da criança, criar conexões entre o aluno e a história;

2 – Fazer previsões sobre a história, pedir para a criança tentar adivinhar o que vai acontecer – essa é uma forma de envolvimento quase automático da criança na história contada;

3 – Utilizar objetos diferentes durante a contação da história, para exemplificar ações, movimentos, sons. Tudo isso torna a leitura mais atrativa, inclusive com a utilização de fantasias ou fantoches;

4 – Perguntar a opinião da crianças sobre acontecimentos do livro;

5 – Mudar a entonação da voz durante a história, fazer sons diferentes.

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