Artigo de Mauro Magalhães
Rio de janeiro

Artigo de Mauro Magalhães

No dia 30 de abril, dia do aniversário de Carlos Lacerda ( 1914- 1977), amigos e ex-colaboradores do ex-governador do antigo Estado da Guanabara vão lembrar da data, em missa e em homenagens nas mídias sociais.

Político e jornalista polêmico, Carlos Lacerda recebeu o nome de batismo de seu pai, o tribuno, ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro e escritor Maurício Lacerda (que, naquele tempo, destacou-se como defensor do anarquismo e do comunismo) em homenagem aos dois pensadores mais importantes do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels.

Por parte de seu pai, Maurício , Carlos Lacerda recebeu, também, a influência do avô, Sebastião Lacerda, ministro do Supremo Tribunal Federal e ministro dos Transportes no governo do ex-presidente Prudente de Morais.

Lacerda, por parte de sua mãe, Olga Caminhoá Werneck, era descendente de aristocratas. Seu bisavô , o botânico Joaquim Monteiro Caminhoá, e seu tataravô, o Barão de Ribeirão, viveram de famílias nobres.

Embora tenha cursado os primeiros anos do Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da então Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lacerda não conseguiu se formar, por causa da política.

Ingressou na faculdade em 1929 e abandonou o curso em 1932.

Militante comunista, como seu pai, Maurício Lacerda, e seus tios, Paulo Lacerda e Fernando Paiva Lacerda, em 1931, incentivou marchas de desempregados contra o governo de Getúlio Vargas ( que liderou a Revolução de Trinta).

Deixou o comunismo após o fracasso da Intentona Comunista de 1935.

Em 1939, rompeu oficialmente com o movimento comunista, ao afirmar que a doutrina ” levaria a uma ditadura “.

Lacerda teve muitas faces. E, amigos fiéis, que o seguiram desde quando liderou a oposição contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, como, logo depois do golpe militar, quando a União Democrática

Nacional ( antiga UDN) decidiu, pelos votos de senadores e deputados federais, no Congresso Nacional, prorrogar o mandato do presidente Castelo Branco.

Em novembro de 1966, Carlos Lacerda lançou a Frente Ampla, movimento de resistência à ditadura militar de 1964.

Liderada por Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda , a Frente Ampla foi um dos acontecimentos mais importantes da história brasileira.

Apesar de a ditadura militar ter cassado os direitos políticos de todos os integrantes da Frente Ampla, o movimento é, até hoje, motivo de orgulho pelos que dele participaram.

Cassado em 1968 pelo regime militar, Carlos Lacerda foi levado preso para um Regimento da Cavalaria da Polícia Militar e ficou na mesma cela que seu antigo companheiro do PCB ( Partido Comunista Brasileiro), o ator Mário Lago.

Morreu de infarto do miocárdio, em maio de 1977, na Clínica São Vicente, na Gavea, logo após as mortes de Juscelino Kubitschek e João Goulart ( que morreram em 1976).