Como evitar a exaustão dos avós que cuidam dos netos?
Saúde

Como evitar a exaustão dos avós que cuidam dos netos?

Quem nunca escutou a famosa expressão “os avós são pais e mães duas vezes”? Afinal, o papel dos avós como cuidadores é bem conhecido na sociedade. Mas o que tem acontecido com frequência, hoje em dia, é os avós exercendo a função de pais, estando muito presentes na educação e no dia a dia dos netos. Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT, destaca que as atividades de zelo dos avós com os netos são prazerosas e trazem inclusive benefícios para eles como cuidadores, mas isso não pode ser visto como obrigação e deve ser feito com equilíbrio.

“Muitos casais têm terceirizado o cuidado dos seus pequenos, sendo os avós os mais procurados para cuidarem dos netos quando os pais não podem. Isso vem crescendo porque na atualidade homens e mulheres trabalham, na grande parte dos lares”, diz Filipe Colombini, psicólogo e fundador da Equipe AT. “É muito importante que os pais tenham essa rede de suporte para a criação de seus filhos, mas o que temos percebido é um número cada vez maior de avós sobrecarregados e tendo a saúde prejudicada por essa situação”, conclui o especialista.

Isso porque, mesmo com a ida das crianças para as creches e escolas, em várias ocasiões elas precisam ficar com os avós, seja após retornarem dos estudos, a noite ou nos finais de semana. Vale lembrar que os avós, em geral, têm uma idade mais avançada e podem ter a saúde mais debilitada, o que pode ser agravado por uma sobrecarga de demandas envolvendo os netos. “Estresse e cansaço, podendo até evoluir para uma síndrome de burnout, são alguns sintomas comuns em idosos que vêm sendo impelidos a ter muitas demandas na criação dos netos”, afirma o psicólogo. “Essa situação muitas vezes é fruto de pais que não desenvolveram bem suas habilidades parentais e acabam se esquivando de ter um papel de protagonismo na criação dos próprios filhos”, completa.

Habilidades parentais são essenciais para evitar a sobrecarga dos avós

Segundo o estudo “A cure for ageing: take a grandchild once a week”, realizado pela Universidade de Melbourne, esse contato entre avós e netos, quando feito com parcimônia, traz diversas vantagens para a saúde e a capacidade cognitiva dos mais velhos.

“O segredo para não sobrecarregar os avós é que os pais realmente tomem as rédeas das tarefas que cabem a eles, permitindo que os avós tenham um papel importante na criação dos netos sem que exista uma obrigação ou demandas excessivas”, diz o especialista. “Para isso, é importante que os pais desenvolvam suas habilidades parentais, assumindo responsabilidades e, caso necessitem, procurem a ajuda de um profissional em treinamento parental”, conclui Filipe Colombini.

Para evitar a inversão de papéis, Filipe explica que os pais devem ter acordos com seus filhos, sem deixar decisões primordiais da educação e atribuições para os avós. “Cabe aos pais orientar o que as crianças podem ou não fazer e estabelecer limites e disciplina”, diz o especialista.

No mais, o psicólogo cita que tarefas mais complexas como lições de casa e acompanhamento da rotina escolar devem ficar a cargo dos pais. “Acima de tudo, os avós que concordam em participar da vida dos netos estão doando seu tempo, afetividade e energia, sendo essencial que se estabeleça os papéis, funções, expectativas, rotinas e limites, entre pais e avós”, conclui Colombini.

Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.