Dia do Trabalho – Pandemia gera mudanças no mercado de trabalho
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Dia do Trabalho – Pandemia gera mudanças no mercado de trabalho

Claramente, este Dia do Trabalho será diferente. Coronavírus levou ao fechamento de vários postos de trabalho, mas também motivou novas modalidades e mudou a percepção dos trabalhadores quanto à importância da atividade profissional em suas vidas

Indicadores de emprego medidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV) apresentaram declínio agora em março. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que busca antecipar tendências do mercado de trabalho para os próximos meses, retraiu 9,4 pontos, é o menor nível desde junho de 2016, A instituição estima que a taxa de desemprego do Brasil poderá pular dos atuais 11,6% para 16,1% ao fim do segundo trimestre deste ano, acrescentando 5 milhões de pessoas na fila do desemprego.

Contudo, o movimento de home office, que já vinha ganhando espaço no Brasil desde a reforma trabalhista em 2018, se acelerou. Segundo pesquisa realizada pela empresa de benefícios Ticket em todo Brasil, entre os dia 3 e 5 de abril, o volume de pessoas em home office chega a sete em cada dez trabalhadores.

De acordo com o levantamento, 72% dos entrevistados responderam que têm atuado de maneira remota, em decorrência das medidas para conter o avanço da pandemia pelo novo coronavírus. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, em 2018, 3,8 milhões de brasileiros trabalhavam dentro de casa, correspondendo a 5,2% do total de trabalhadores ocupados no país.

Trabalhadores que conseguiram escapar à lista de demissões relatam a sensação de gratidão, de alegria e bem-estar ao poder, mesmo em meio à pandemia, estar trabalhando e, de alguma forma, se sentindo úteis e produtivos, seja em home office ou nas linhas de frente de produção e serviços básicos.

Esse é o caso de diversos profissionais da construção civil que foram beneficiados com a liberação para o retorno das obras, conforme publicado no Decreto nº 9.653, de 19 de abril de 2020, do Governo do Estado de Goiás.

O engenheiro civil recém-formado, Ricardo Rodrigues, é um dos que está muito animado com o retorno das obras, pois no período de isolamento teve medo de perder seu posto de trabalho.

O auxiliar de engenharia no Grupo Toctao, tinha acabado de pegar seu registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) em março. Quando começou a negociar sua contratação como engenheiro se iniciou a pandemia e rapidamente foi publicado o decreto do Governo do Estado suspendendo as atividades econômicas, o que gerou nele a insegurança quanto à sua carreira na empresa.

“Ficamos de recesso em casa. Nesse período eu temi. Me senti inseguro pois não sabia quando as obras iam retornar, o quanto isso ia ser prejudicial para a economia e pensava no risco de perder essa oportunidade de ser efetivado como engenheiro”, conta ele. O retorno das obras foi um alívio para ele, que agora já está fazendo os exames admissionais para a troca de função.

Ricardo conta que está muito contente por ter conseguido manter seu emprego, mas também vê como de grande importância o retorno da construção civil para movimentar a economia, gerando mais empregos e também proporcionando oportunidade para as famílias terem condições dignas de moradia.

“Me sinto gratificado em poder contribuir com meu trabalho, pois o residencial que estamos construindo agora, o Porto Dourado, é de interesse social e neste período de pandemia, é importante que as pessoas tenham moradias adequadas, até nos quesitos sanitários”, afirma ele, entusiasmado com a perspectiva de que a partir de agora o setor retome o ritmo e mantenha não só o dele, mas os milhares de empregos que gera. “Somente nesta obra são cerca de 160 funcionários, que dependem desse trabalho como seu único sustento”, completa.

Trabalho e vida

O analista de administração de pessoal júnior, Bruno Augusto Ferreira, também retornou ao trabalho em uma das obras da Consciente Construtora, na última semana, após 29 dias em home office.

O analista que já trabalha há 11 anos na empresa e mora sozinho relata que nunca havia passado por situação semelhante de isolamento e nem sequer havia imaginado viver o que viveu. “Durante o período de quarentena em que trabalhei em casa me senti muito ansioso e entediado. Confesso que tive um pouco de medo com toda a situação. Me senti deslocado, pois gosto da correria de obra, da dinâmica”, revela ele.

Agora, de volta ao canteiro de obras, ele se diz muito animado e grato, por ter uma carreira e estar empregado em meio à crise que estamos vivendo. Por um lado, essa situação delicada foi até positiva para ele, que agora consegue ver ainda mais claramente a importância do trabalho.

“A importância do trabalho na vida do ser humano vai muito além de satisfazemos nossas necessidades básicas. É algo que eu amo fazer, e agora ficou bem claro como o trabalho faz parte do ser humano, como ele dá sentido para a vida. Trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção financeira, mas pela dignificação da vida”, afirma Bruno Augusto.

Reinventando a forma de trabalhar 

O assistente de Marketing da Consciente Construtora, Thiago Rodrigues Pereira, está há seis semanas em home office. Ele precisou se reinventar para realizar o trabalho na casa em que mora com mais três pessoas. “Isso tudo é muito novo para nós, estamos nos adaptando e aprendendo com esse cenário. Tive que fazer algumas mudanças na sala de estar da casa. Até retirei a televisão para diminuir ao máximo possível os ruídos e quebras de concentração. Mas está dando tudo certo”, conta ele.

Thiago afirma que a insegurança de saber se continuaria no quadro de funcionários o assolou, assim como tem assolado muitos brasileiros neste período. Mas agora com o retorno das obras se sente mais confiante. Para ele, neste Dia do Trabalho, apesar das muitas perdas, ainda é importante celebrar pelo que está sendo feito para manter as oportunidades de trabalho.

“O trabalho é um dos maiores construtores da sociedade. Hoje eu tenho muita gratidão e satisfação por poder continuar oferecendo minha contribuição e também recebendo muito conhecimento e  troca diária de experiências neste novo cenário”.

A engenheira Érika Meire Oliveira Sattler, analista de incorporação da Consciente também faz parte do grupo que continua em home office. Ela está trabalhando em casa desde o dia 17 de março, e divide o espaço com o marido que também está em home office e o filho de dois anos.

Para ela o momento inicial foi desafiador, mas o casal conseguiu de adaptar e reveza o trabalho remoto com os cuidados com o lar e com o filho. “De forma tranquila eu eu meu esposo nos revezamos nos cuidados com o nosso filho de dois anos, trocamos as fraldas e preparamos as refeições em pausas rápidas, mas a produtividade não caiu. Estamos nos reinventando e vejo que é isso que o momento pede para todos nós”, afirma.