Dia Mundial do Coração – Pandemia eleva casos de doenças cardiovasculares
Saúde

Dia Mundial do Coração – Pandemia eleva casos de doenças cardiovasculares

Dia Mundial do Coração

Pandemia eleva casos de doenças cardiovasculares

Pacientes que tiveram Covid-19 podem vir a apresentar casos de trombose

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) apontam que as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no mundo. Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença no coração e pelo menos 400 mil morrem anualmente em decorrência dessas enfermidades, o que corresponde a 30% de todas as mortes no País. E, segundo um estudo divulgado pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil), houve um aumento de 7% no número de óbitos nos primeiros seis meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020.

O assunto merece atenção. Por essa razão, o mês de setembro ganha cor vermelha para alertar a população na campanha que traz alerta sobre a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares. E no dia 29 de setembro, o órgão tem dia especial, já que é comemorado o Dia Mundial do Coração.

Dia Mundial do Coração - Pandemia eleva casos de doenças cardiovasculares
Dia Mundial do Coração – Pandemia eleva casos de doenças cardiovasculares

Além da crise sanitária de Covid-19, que diminuiu consideravelmente o número de pacientes nos consultórios para exames de prevenção e diagnósticos precoces, a adoção de hábitos pouco saudáveis durante o isolamento e o aumento do sedentarismo contribuíram para a alta nos casos de problemas relacionados ao coração. É o que alerta o médico cardiologista, Frederico Nacruth. Conforme ele explica, as alterações nas taxas de colesterol e o aumento da obesidade têm preocupado os especialistas. “90% dos pacientes estão mais sedentários, sendo que 82,2% deles estão mais pesados. Os dados são alarmantes. Caso a prevalência da obesidade continue aumentando no ritmo atual, quase metade da população adulta mundial estará com sobrepeso ou obesidade até 2030”, aponta.

Falta de ar, fraqueza, tontura, pernas inchadas, dor no peito, desmaios e palpitações estão entre os principais sintomas de problemas cardíacos que, em sua maioria, são causados por uma dieta desequilibrada, rica em sal e gorduras, alimentos ultraprocessados e falta de atividade física. “A ausência de movimento gera acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem do sangue, comprometendo a circulação e o funcionamento do coração. As consequências são refletidas no organismo e no desempenho de suas funções”, explica o cardiologista.

Prevenção e tratamentos

Para evitar o desenvolvimento de problemas cardíacos, a principal recomendação médica é a adoção de hábitos saudáveis e o abandono daqueles que são fatores de risco. “Desse modo, além de sair do sedentarismo, consumir alimentos saudáveis, diminuir os produtos industrializados e o excesso de sal, controlar o peso, não fumar e praticar atividades físicas, é recomendado o check-up periódico do sistema cardiovascular”, orienta.

Essa rotina, segundo Frederico, deve ser frequente a partir dos 45 anos, para homens, e do início da menopausa, para mulheres. “Para quem possui quadro de diabetes, obesidade, colesterol e triglicérides altos, fumantes e pacientes com histórico familiar ou que já foram portadores de doenças cardíacas, os exames do coração devem ser periódicos e iniciar o quanto antes”, afirma.

Conforme enumera o cardiologista, os testes incluem esteira, que avalia a resposta do coração ao esforço físico; holter, que checa as alterações do ritmo cardíaco por meio de eletrodos; exames de sangue, para acompanhamento das taxas de glicemia, colesterol, triglicérides, troponina, creatinina, sódio, potássio, ureia, CPK e CK-MB; Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que fornece dados precisos com o monitoramento da pressão arterial por 24 horas; eletrocardiograma, que verifica alterações no funcionamento do coração, identificando possíveis problemas; e ecocardiograma, que consiste em um ultrassom que ajuda a diagnosticar patologias cardiovasculares.

O tratamento irá variar de acordo com cada doença, mas incluem mudanças no estilo de vida, como alimentação e movimentação física; cirurgias; endopróteses; marca-passos; e medicamentos como diuréticos, inibidores de ECA, agentes betabloqueadores e digitálicos.

Covid-19 aumento casos de trombose

Teve Covid? Cardiologista recomenda check-up no coração mesmo sem sintomas aparentes. Isso porque vítimas recuperadas apresentam maiores chances de desenvolver trombose e cerca de um terço dos pacientes de Covid-19 internados em UTI podem ser acometidos pela doença. “Isso acontece devido às anormalidades na coagulação promovidas pelo coronavírus e que ainda são desconhecidas”, esclarece Frederico Nacruth.

O médico explica que a trombose é caracterizada pela formação de coágulos nas veias e artérias que dificultam a passagem de sangue. “Ela pode se formar como trombose arterial, em que o fluxo de sangue é reduzido do coração para uma determinada parte do organismo, podendo haver a morte do tecido (gangrenamento) e posterior amputação do membro devido à falta de oxigenação na região. Mas também pode ser a trombose venosa profunda, quando o retorno de sangue para o coração é diminuído, podendo haver embolia pulmonar ou tromboembolismo pulmonar”, esclarece.

A doença é mais comum em pessoas com mais de 60 anos, mas alguns fatores de risco levam jovens a desenvolver a trombose. O sedentarismo e o abuso de álcool e tabaco são alguns dos fatores modificáveis, principalmente entre os homens. Entre a população feminina, o uso de pílula anticoncepcional sem acompanhamento médico é a principal ameaça. O tratamento irá depender do tipo de trombose e da gravidade de cada quadro. Se for venosa, medicamentos anticoagulantes podem ser usados. Meias elásticas para compressão das pernas e remédios que facilitam o retorno do sangue para o coração também podem ser adotados para casos de doenças venosa ou linfática.