Rio de janeiro

Dois gênios que se foram

 Mauro Magalhães *
   * Ex-deputado e empresário.
    Tive o enorme prazer em conhecer o excelente fotógrafo Evandro Teixeira,  um artista da fotografia e do jornalismo,  e o inesquecível pianista, Arthur Moreira Lima, dois gênios  brasileiros e queridos, que se foram.
   Vou falar aqui,  primeiro,  de Arthur  Moreira Lima (1940 – 2024), que morreu na semana passada, em um hospital, em Florianópolis,  onde estava internado por causa de problemas causados por um câncer no intestino.
  Eu conheci o Arthur Moreira Lima no início dos anos 80,  nas campanhas eleitorais para governador, senadores e deputados,  e nos movimentos pela redemocratização.
    O grande pianista,  carioca,  torcedor do Fluminense,  tinha em comum,  comigo,  a imensa paixão pelo time tricolor.
   Arthur Moreira Lima,  além de gênio,  era um ser humano admirável  .
    Em seu velório,  na capital de Santa Catarina,  onde ele viveu,  nos últimos anos,  com a família,  ele teve o seu Adeus cantado ao som do hino do Fluminense.
   Com vocação para a música erudita,  desde a infância,  Arthur Moreira Lima começou a estudar piano aos 6 anos e,  aos 7 anos,  já se apresentava no Theatro Municipal.  Depois,  ele se formou pelo Conservatório Tchaikovsky,  em Moscou.
   Ele foi um dos mais importantes intérpretes de Chopin.
   Além de mudar-se definitivamente para Florianópolis (seus amigos sentiram sua falta, por aqui), nos anos 90, ele criou o Projeto Piano pela Estrada,  para levar a música erudita às cidades brasileiras.
   A torcida tricolor ficou de luto,  com a partida do grande gênio da música erudita .
   Nosso gênio da fotografia e do jornalismo,  Evandro Teixeira,  eu tive o prazer em conhecer,  quando era deputado estadual pela extinta UDN,  logo após a minha primeira eleição,  em 1962.
   Evandro Teixeira (1935-2024) tinha a mesma idade que eu (Estou com 89 anos), ele faria 89, em 25 de dezembro.
  Baiano, de Irajuba, quando veio para o Rio de Janeiro , começou a trabalhar, em 1958, no Diário da Noite.
   Em 1963, foi para o maravilhoso Jornal do Brasil,  da família da Condessa Pereira Carneiro e de Maneco Nascimento Brito.
  O Rio de Janeiro era democrático. E, moderno.
    O Brasil respirava o alto astral do governo de Juscelino Kubitschek,  que passou a faixa presidencial,  em 1960, para o polêmico Jânio Quadros,  e,  até 1964, do governo de João Goulart.
   Evandro Teixeira fez uma foto histórica do Comício da Central do Brasil,  que as queridas ,  Maria Tereza Goulart e Denize Goulart tanto elogiavam,  e conseguiu o furo de reportagem, quando conseguiu entrar,  no dia primeiro de abril de 1964, no Forte Copacabana.
    O grande Evandro Teixeira fez muitas fotos de Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
    Ele também me fotografou, na época dos desfiles de misses que eu apoiei,  nos anos 60, várias vezes,  eu guardo com muito carinho uma linda lembrança do mestre Evandro Teixeira.
   Também tive a sorte de estar com Evandro nas diversas Copas do Mundo.
    Ele não merecia morrer. Tinha viajado a Paraty,  antes de ser internado, na Clínica São Vicente, com complicações causadas por uma pneumonia. Atuava plenamente na sua profissão. Participava de tudo.
    Trabalhou até o final,  no Jornal do Brasil (só saiu quando o Jornal do Brasil impresso deixou de circular,  em 2010). E, até a sua morte,  lançou livros, foi protagonista de exposições,  palestras,  muitas homenagens.
   Mestre,  fará muita falta.
     Um super abraço,  aos meus amigos e admirados gênios que partiram.
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