Cultura

Escultura inaugurada no STJ aborda as recentes transformações no país

Obra de Rogério Reis aponta para uma mudança histórica onde o Judiciário é protagonista e pretende se tornar um símbolo dos novos temp

 A escultura “Navio Negreiro Adentrando na Terra-com-Males”, do artista plástico Rogério Reis, foi inaugurada nesta terça-feira (26), às 17 horas, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A obra agora passa a fazer parte do acervo da instituição, com sua instalação permanente, aberta à visitação pública, nos jardins da sede do STJ. A escultura foi produzida logo após o Mensalão e exposta no STJ para documentação do ato artístico na data simbólica de junho de 2013, época da invasão do Congresso Nacional pelo povo. Segundo o artista, a escultura fala sobre uma transformação estrutural que está ocorrendo no Brasil. “Há uma mudança no leme da civilização brasileira”, afirma. O evento, na visão do artista plástico, foi o ritual de fundação do Novo Brasil. “Se estamos diante da ‘Refundação do Brasil’, como mencionou o ministro Barroso, a escultura pode ser entendida como a pedra fundamental desse novo tempo”, acrescenta.“Acredito que estamos em processo de transformação de uma sociedade consensual para uma sociedade mais contratual, consequência dos desafios da inserção no cenário global de hipercapitalismo. Como civilização dos trópicos, temos nossa originalidade, mas sempre acompanhamos o Ocidente”, esclarece o artista. Como a escultura foi instalada no STJ, o artista buscou no Museu Nacional da República a autoridade para validar o ato artístico. O atual diretor do museu, Charles Cosac, assim como o anterior Wagner Barja, apoiam a obra. O artista convidou Kaká Werá Jecupé para apresentar a cosmogonia Guarani e realizar o ritual de iniciação do Novo Brasil. De origem indígena tapuia, Kaká Werá é a voz e representação dos povos originários, é ainda escritor, ambientalista e fundador do Instituto Arapoty.

Ao convidar um índio para refundar o Brasil, o artista defende que nunca houve a fundação do Brasil. “Há um texto do Luís Fernando Veríssimo, se não me engano, no livro Brazil Projects, onde ele expõe de forma irônica que o Brasil, apesar dos 500 anos do descobrimento, continua um ótimo lugar para se construir uma nação”, explica Rogério.

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