Educação

Geração Alpha: escolas têm se adaptado para recebê-los e instigá-los cada vez mais

Geração Z, X, Y, Millennials ou Baby Boomers. Você com certeza já ouviu falar sobre uma delas. O termo “geração” vem do latim generatione e se refere a um grupo de pessoas que nasceram ou viveram na mesma época. Acontecimentos culturais, políticos e socioeconômicos são fatores que impactam o contexto de vida e a forma de pensar, agir e se relacionar daqueles que nascem e vivem em determinado período. A mais atual é a Geração Alpha, expressão cunhada pelo sociólogo australiano Mark McCrindle, para se referir às crianças nascidas a partir de 2010 e que desde a infância estão em contato direto com a tecnologia.

Dentre as principais características desta geração estão que eles são sedentos por vivências e memórias, autoconscientes, hiperconectados e usam games como alternativa de socialização.  Para se ter uma ideia, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, 82,2% das crianças entre 10 e 13 anos de idade utilizaram internet dentro do período de referência em que o estudo foi realizado. Em 2019, o número era de 77,5%. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) investigou o módulo temático sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no quarto trimestre de 2021.

Em comparação com a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2009), eles são mais individualistas e independentes. Nasceram em meio a uma sociedade que vive na impermanência, o que gera angústia, ansiedade e falta de pertencimento. Especialistas apontam que, para eles, é mais difícil separar o mundo real do on-line. São crianças e jovens movidos por estímulos sensoriais e que precisam desenvolver competências socioemocionais.

Natália Rocha, Diretora Pedagógica do Colégio Sigma, aponta que não existe uma fórmula pronta para educar e lidar com as crianças e jovens da Geração Alpha. “É preciso desenvolver muito os domínios das competências socioemocionais, como: autoconsciência, autogerenciamento, consciência social e gestão de relacionamento. Ou seja, eles aprendem a ter autoconsciência emocional, autocontrole, adaptabilidade e empatia. Aprender a gerir conflitos,  trabalhar em equipe e ter uma liderança inspiradora”, afirma.

As escolas têm se adaptado para receber os estudantes dessa geração. Segundo Natália, é hora das instituições usarem a neurociência a seu favor para estimular experiências como uma forma para ensiná-los. “Como, por exemplo, trazer o erro como parte do processo. Isso vem desde Piaget e Vigotski, que traz essa intencionalidade clara do erro, além de ter um professor que faz um papel diferente. Ele não é mais o dono do conhecimento, ele é mais como um tutor, atua com papel de mediador e planejador desse momento. É fundamental que haja uma conexão entre ambos”, aponta. “Além disso, é hora também de olhar para todas as gerações e entender quais estão dentro do ambiente escolar e perceber as diferenças entre elas – e aqui vale para todos, alunos, professores e colaboradores”, ressalta.

O Colégio Sigma tem olhado e estudado essa geração para se adaptar e instigá-los cada vez mais. “É da geração ter espaços de escutas genuínos, entender o contexto onde eles nasceram e estão inseridos. E enquanto educação, isso são pilares muito importantes”, afirma. A diretora também aponta que os projetos da escola, como Sigma-Múndi, Feira Medieval e outros, mesmo já sendo realizados há anos na instituição, têm ganhado ainda mais significado para a geração atual. “Para eles, quanto mais vivência e experiência melhor. E os nossos projetos trazem justamente isso – eles aprofundam o conhecimento experienciando e colocando em prática aquele contexto que eles viram inicialmente dentro de sala”.

A diretora pedagógica também acrescenta que a Geração Alpha provavelmente será a que vai ter maior tempo de escolarização. “Eles estão entrando cada vez mais cedo na escola e passando mais tempo dentro do ambiente escolar. Além disso, as famílias estão menores. Então, para além da parte cognitiva, a escola tem um papel fundamental nessas habilidade socioemocionais, na convivência, no experimentar a diversidade, do olhar para o outro, do respeito. Quando a gente fala na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em formação integral, isso é algo que urge para essa geração”, finaliza.

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