Glaucoma tem cura
Saúde

Glaucoma tem cura

Glaucoma tem cura

Com diagnóstico precoce, a cirurgia tem resultado no desaparecimento da doença

Por Heloisa Sousa

Fotos: Hugo Rezende

O glaucoma já é a principal causa de cegueira irreversível no Brasil, atingindo cerca de 2% dos brasileiros – cerca de 1 milhão de pessoas – com mais de 40 anos, número que triplica após os 70 anos. Além disso, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 111 milhões de pessoas no mundo terão a doença até 2040.

Provocado pela elevação da pressão ocular, o glaucoma ataca o nervo do olho e, se não tratado adequadamente, pode levar à cegueira. Na maioria dos casos, desenvolve-se de forma lenta, no decorrer de meses ou anos, sem demonstrar nenhum sintoma. Mas a novidade é que a doença, apesar de crônica, tem cura.

“Até pouco tempo, dizia-se que o glaucoma não tinha cura porque haviam colírios para tratar e fazer o controle da doença. A consequência é que esses colírios podiam perder o seu efeito com o uso contínuo”, explica o oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo, do Instituto Visy clínica especializada em oftalmologia. “No entanto, com a tecnologia moderna e o advento de mini válvulas, a cirurgia tem feito com que a doença desapareça em alguns casos, como glaucoma de ângulo aberto, maligno e agudo. Para isso, é preciso detectar a doença de forma precoce pois, se tratado inicialmente, é possível fazer seu controle tanto com o uso de colírios quanto no caso de cirurgia, controlando, assim, a pressão do olho”, esclarece.

De acordo com a pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, realizada neste ano pelo Ibope Inteligência e divulgada no portal Agência Brasil, uma a cada cinco pessoas nunca compareceu ao oftalmologista (21%); e 10% realizaram a consulta apenas uma vez na vida. Além disso, 25% apontaram que vão raramente, em momentos de incômodo na região dos olhos, por exemplo; 37% disseram não se preocupar com a perda parcial da visão; e 80% não entendem que enxergar pontos pretos pode ser um sintoma de agravamento ocular. Os dados também revelaram que, entre os entrevistados, há uma desinformação em relação ao glaucoma.

Silenciosa

De acordo com o Fernando Pacheco, na maioria das vezes a doença não traz nenhum sintoma ou sinal. “A pessoa vai perdendo a visão gradativamente e, quando percebe, é tarde demais”, conta. Por isso, a recomendação dos especialistas é de que se consulte um médico oftalmologista regularmente, para que seja feito um diagnóstico precoce do glaucoma. “Descobrir o glaucoma no início do processo aumentará as chances de cura da doença”, reforça Fernando.

A doença é silenciosa e aparece com mais frequência em idosos. E quem tem casos na família, deve ficar atento: pessoas que têm parente de primeiro grau com glaucoma tem até oito vezes mais chances de ter a doença.

Fatores de risco e tipos de glaucoma

Existe mais de um tipo de glaucoma com fatores de risco, sintomas e formas de prevenção que podem variar. No entanto, os principais fatores e que demandam um acompanhamento mais minucioso são pressão intraocular elevada; história familiar de glaucoma; ter idade acima de 60 anos; o uso prolongado de medicamentos à base de corticóide; doenças oculares como tumores; e problemas como diabetes, problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo.

Primário de ângulo aberto – responsável por 80% dos casos de glaucoma, esse é o seu tipo mais comum. Não apresenta sintomas e, por isso, a melhor forma de prevení-lo é com exames oftalmológicos periódicos.

De ângulo fechado – também conhecido como glaucoma agudo –, esse tipo acomete o olho com predisposição anatômica ao fechamento do ângulo formado entre a íris e a córnea. O glaucoma agudo provoca dor intensa na região dos olhos e cabeça, náuseas, vômitos, visão embaçada e pode provocar cegueira em poucos dias caso não seja tratado de forma adequada.

Secundário – nesse tipo de glaucoma, a pressão intraocular é gerada pelo uso de corticoides oculares ou doenças inflamatórias, catarata avançada, alterações dos pigmentos existentes dentro dos olhos, hemorragias, traumas, oclusões de vasos dentro da retina, retinopatia diabética avançada e outros. Também é assintomático, mas em alguns casos pode apresentar enxaqueca e miopia.

Congênito – tipo raro que afeta bebês e recém-nascidos. O aumento da pressão intraocular já ocorre dentro do útero e pode comprometer gravemente a visão da criança. Seus sintomas são nebulosidade na parte frontal do olho; aumento de um olho ou de ambos os olhos; olho vermelho; sensibilidade à luz e lacrimação recorrente.

Pandemia

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2020, o número de exames realizados pelo SUS para diagnóstico de glaucoma teve queda de 27% na comparação com 2019. Já em 2021, o patamar voltou ao nível de antes da pandemia, com quase 6 milhões de exames para identificação da doença.

Campanha

O dia 26 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. A data é um marco do Maio Verde, campanha que visa chamar a atenção para a prevenção e combate ao glaucoma.