Jornalismo e História
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Jornalismo e História

Por Mauro Magalhães – Empresário e ex-deputado.

Considerado o maior colunista político do país , no século XX, há 60 anos atrás, o grande jornalista Carlos Castelo Branco (1920-1993) assumiu a direção da sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília, e começou a escrever a famosa Coluna do Castelo, publicada diariamente , na página 2, até o fim de sua vida.
A Coluna do Castelo fornecia informações sobre o cotidiano da política brasileira e, também, trazia análises sobre os fatos que aconteceram país a partir da renúncia de Jânio Quadros, em 1961.
Castelinho era piauiense, de 25 de junho de 1920. Filho do desembargador Cristino Castelo Branco e de Dulcilia Santana Branco, formou-se em Direito pela Universidade pela Universidade de Minas Gerais, em 1943.
Começou a exercer a função de jornalista, em 1937, para pagar suas despesas no curso de Direito. Em 1939, passou a trabalhar nos Diários Associados. Em 1949, já era repórter de política no O Jornal e, depois, no Diário Carioca e na Revista O Cruzeiro.
Desde o início de sua carreira , o texto que publicava era considerado perfeito. Participou do grupo de escritores e intelectuais da ” Geração Mineira de 1945″, junto com o inesquecível Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino.
Em 1952, Castelinho lançou o livro Continhos Brasileiros e , depois, vieram outros.
Eu conheci Castelinho, através do querido José Aparecido de Oliveira, depois da renúncia de Jânio Quadros, em 1962, quando fui eleito deputado estadual pela UDN de Carlos Lacerda e passei a conviver com udenistas cariocas e de outros estados, em encontros no Rio de Janeiro e em Brasília .
Muito amigo do ex-ministro e embaixador José Aparecido de Oliveira, um dos expoentes do janismo, na campanha da UDN, em 1960,, Castelinho foi convidado a assumir, em 1961, o cargo de Secretário de Imprensa de Jânio Quadros, na presidência da República. O posto era equivalente ao de ministro. Foi nessa época, que Castelinho passou a morar em Brasília, ao lado da mulher, Elvia, ministra do Tribunal de Contas da União, e dos três filhos, Luciana, Rodrigo e Pedro, os dois últimos falecidos. Jânio Quadros admirava o jornalista Carlos Castelo Branco. Os dois se tornaram muito próximos, durante a campanha.
Em 1996, Castelinho publicou um dos melhores livros sobre a história da política brasileira nos anos 60, a Renúncia de Jânio, com orelha escrita por Evandro Carlos de Andrade ( que foi diretor de jornalismo de O Globo e da TV Globo).
Castelinho, no início da abertura política, em 1982, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Foi recebido, como ocupante da cadeira de Raimundo Magalhães Junior (que morreu em 1981 e era o pai da carnavalesca Rosa Magalhães), pelo acadêmico José Sarney.
Depois de 1964, Castelinho começou a escrever sobre os governos militares. E, publicou dois livros com artigos que escreveu, nessa época, para o Jornal do Brasil.
O primeiro livro foi Introdução à Revolução de 1964 e o segundo, Os Militares no Poder.
Tive a honra de ser citado em Os Militares no Poder. No trecho em que Castelinho fala sobre o MDB (e os udenistas lacerdistas que foram para o MDB), organizado em 1965 e criado em 1966, após a extinção dos partidos pelo marechal Castelo Branco (que não tinha nenhum parentesco com Castelinho) , que instituiu o bipartidarismo.
Amigo de Lacerda, participei da Frente Ampla, em 1966 e em 1967, e me filiei ao MDB , por recomendação de Carlos Lacerda, junto com outros amigos udenistas, descontentes com a ditadura militar.
Por causa de minha participação na Frente Ampla contra a prorrogação do governo militar, fui cassado no início de 1969, pelo AI- 5. Castelinho e eu sempre conversávamos sobre esse fato.
O jornalista Carlos Castelo Branco também sofreu consequências, por discordar da continuação do governo militar.
No dia 13 de dezembro de 1968, data em que foi assinado o AI-5, pelo general Costa e Silva, Castelinho foi preso sob a acusação de ter participado dos acontecimentos que levaram a Câmara dos Deputados a não votar a cassação do então deputado federal Marcio Moreira Alves (outro grande jornalista, que conheci nos tempos do MDB).
Ele foi libertado dois dias depois, mas sua coluna foi proibida de ser publicada no Jornal do Brasil durante algumas semanas.
Castelinho sofreu muitas pressões da Censura, nos anos 70.
A Censura começou a diminuir no Governo do general Ernesto Geisel e, além do Jornal do Brasil, passou a ser veiculada em jornais de outros estados do Brasil.
Quando Castelinho morreu, deixou um grande vazio. A história de sua vida teve a ver com a história da redemocratização do país.
Além de excelente chefe, colunista, amigo e escritor, Carlos Castelo Branco presidiu, ainda, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, de 1976 a 1981, e amou a vida.