Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
Tenho organizado fotos antigas e atuais, de amigos queridos e personagens históricos que tive o prazer de conhecer, ao longo dos meus 89 anos, para o livro que concluirei, em breve, sobre a minha vida .
Em uma dessas caixas de documentos afetivos e valiosos, apareceram algumas charges minhas, que o meu amigo e inesquecível cartunista, Lan, desenhou quando trabalhou, como editor de arte, na Imobiliária Nova Iorque, que pertencia à minha família.
Nascido na Itália, em 1925, Lanfranco Aldo Ricardo Rossini, morreu em novembro de 2020, em um hospital de Petrópolis, na região serrana, onde morou durante muitos anos, com sua mulher, Olivia Marinho.
No início desse mês de junho, eu me lembrei das visitas que fazia a Lan, quando subia a serra.
Lan decidiu se mudar do Rio de Janeiro, sua primeira cidade do coração, depois de ser surpreendido por uma úlcera no estomago. Quando o visitava, eu tomava uísque e ele, chimarrão .
Ele era doce, generoso e amava a política.
Quando trabalhou no jornal Última Hora, de Samuel Wainer, Lan criou, em 1952, o famoso desenho do Corvo, que demonizava a figura de meu amigo Carlos Lacerda.
Em 2020, quando Lan morreu, eu, que também sou amigo, daqueles que divergem de minhas opiniões, do ponto de vista político, fiz uma homenagem ao querido jornalista, em missa que mandei rezar em nome da Sociedade dos Amigos de Carlos Lacerda.
Eu conheci o cartunista Lan quando era deputado estadual pela extinta UDN, nos anos 60. Durante o governo de Carlos Lacerda.
Depois que Carlos Lacerda deixou o cargo de governador do antigo Estado da Guanabara, no início do governo militar, ele foi convidado por minha família a ser o presidente do Conselho da Imobiliária Nova Iorque.
Naquele período, Lan, que era meu amigo, cuidava da arte das publicações que eram feitas nos jornais.
Lan também era muito amigo do gaúcho Luiz Macedônia, fundador da MPM, que venceu um prêmio de publicidade com o anúncio que fizeram para a Imobiliária Nova Iorque, sobre a Copa do Mundo. A Copa de 70.
Apesar de suas divergências políticas com a UDN e o lacerdismo, Lan conheceu e teve contato muito amistoso com Carlos Lacerda.
Nesse início de junho, friorento, ergo um brinde ao excelente cartunista Lan, que adotou o Brasil como sua pátria querida.
E, que nos um lindo exemplo de respeito à diversidade e à miscigenação. E, além disso, nos deixou um legado artístico do jornalismo, com seus cartuns memoráveis.