Uso indiscriminado do Venvanse pode causar bruxismo e agravar a Disfunção Temporomandibular (DTM)
A lisdexanfetamina (Venvanse), medicamento que estimula o Sistema Nervoso Central (SNC), é utilizada no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA). No entanto, o uso indiscriminado da substância, sem acompanhamento médico, tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre pessoas que buscam maior desempenho cognitivo e resistência ao cansaço. Esse uso descontrolado pode provocar efeitos colaterais severos.
Um dos principais impactos é o bruxismo, hábito involuntário de ranger, apertar ou bater os dentes devido à contração dos músculos da mastigação. O aumento da dopamina e da noradrenalina causado pelo Venvanse pode intensificar esse quadro, resultando em desgaste dentário, dores na Articulação Temporomandibular (ATM) e dores de cabeça frequentes. O problema se agrava com o uso prolongado do medicamento sem acompanhamento adequado.
Além do Venvanse, outros medicamentos usados no tratamento da ansiedade e da depressão também estão relacionados ao bruxismo e à Disfunção Temporomandibular (DTM). Antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), como fluoxetina, sertralina e paroxetina, podem causar hiperatividade muscular e apertamento dentário.
Embora esses medicamentos sejam essenciais para muitos pacientes, a prescrição indiscriminada, sem a exploração de alternativas terapêuticas, pode levar a transtornos persistentes.
A cirurgiã-dentista e fundadora da Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial (SBDOF), Simone Carrara, trata pacientes com esse distúrbio há 36 anos. Especialista em DTM e Dor Orofacial, ela explica que o bruxismo é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Os sinais e sintomas mais comuns incluem desgastes, trincas, fraturas e sensibilidade nos dentes, marcas na lateral da língua e nas bochechas, dor e hipertrofia dos músculos mastigatórios.
Se não tratado, o bruxismo pode causar problemas na articulação temporomandibular, hipertrofia muscular, dor de cabeça, dor no ouvido e sensibilidade excessiva nos dentes. Além disso, pode contribuir para a Síndrome do Envelhecimento Precoce Bucal (SEPB), interferir no zumbido, impactar o fluxo salivar e até comprometer a qualidade do sono.
“A odontologia restauradora pode recuperar estruturas perdidas por desgaste, lesões cervicais ou fraturas, mas não deve ser usada para alterar a oclusão como forma de prevenir o bruxismo”, ressalta Bruno Furquim, doutor em DTM e Dor Orofacial. O especialista destaca que o tratamento do problema envolve diversas abordagens, com ênfase na Disfunção Temporomandibular (DTM) e na Dor Orofacial, devido ao frequente comprometimento da articulação temporomandibular nesses pacientes.