Meus amigos da Oposição
Notícias Rio de janeiro

Meus amigos da Oposição

Por Mauro Magalhães  –  Ex-deputado e empresário.
    Nesta quinta, dia 24 de agosto, quem está ligado na história brasileira lembra, por experiência própria, por ter lido, ou por ouvir falar, do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954 .
  Eu tinha 19 anos, quando Getúlio Vargas se matou, e já  trabalhava com meus irmãos mais velhos.
  Naquele ano, eu não pensava em seguir a carreira política.
   Somente em 1962, quando João Goulart, discípulo de Getúlio Vargas e ministro do Trabalho, antes do suicídio de 1954, já havia assumido a presidência da República do Brasil ( após a renúncia de Jânio Quadros ), é que decidi me candidatar a deputado estadual pela UDN ( eu era admirador de Carlos Lacerda) pelo antigo Estado da Guanabara.
Minha candidatura, em 1962, aconteceu de modo informal. Incentivado por amigos de Vila Isabel e por amigos jornalistas, resolvi concorrer . E, fui o último da lista. O menos votado, com apenas 2 mil e 400 votos.
Na legislatura de 1962, após a posse, em fevereiro de 1963, na Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, conheci muitos colegas, eleitos pelo PTB de Getúlio Vargas.
Entre os getulistas, da legislatura de 1962, que se tornaram meus amigos, principalmente na época da Frente Ampla e após a anistia, em 1979, com a redemocratização, destaco os nomes de  Amaral Peixoto e Bonifácio de Andrada, que eram do extinto PSD ( partido criado por Getúlio Vargas, em 1946) e  Artur da Tavola, Saldanha Coelho, José Gomes Talarico e Edna Lott.
Desses, lembro, com saudades, de José Gomes Talarico e Edna Lott.
Nascido em novembro de 1915, José Gomes Talarico morreu na véspera de seu aniversário de 95 anos, em novembro de 2010.
A esposa de Talarico, Francisca Talarico, tinha, inclusive , preparado uma grande festa, no Clube Paissandu, para homenagear o marido e amigo histórico.
Fundador do extinto PTB de Getúlio Vargas, em 1946, e do PDT de Leonel Brizola, após a anistia, Talarico também participou da criação da União Nacional dos Estudantes, em 1938.
Filho de arquiteto que era amigo do ex-Presidente Washington Luiz, e apoiador do Partido Republicano, Talarico rompeu com o pensamento político de sua família quando, aos 15 anos, na Revolução de 30, empolgou-se com o carisma e as propostas de Getúlio Vargas.
Em 1932, aos 17 anos, quando assumiu a direção administrativa do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, em São Paulo, passou a colaborar com o governo provisório de Vargas, a convite de Luis Aranha, que o levou para o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos. Depois disso, ele trabalhou com Oswaldo Aranha, no Ministério da Fazenda, e tornou-se jornalista.
De São Paulo, Talarico veio para o Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal. Participou da campanha de Getúlio, em 1950, e, depois da eleição de Vargas, foi trabalhar com João Goulart, no Ministério do Trabalho.
Depois de eleito, em 1962, quando os militares depuseram João Goulart, em 1964, Talarico foi um dos primeiros janguistas a ter seus direitos políticos cassados, pelo Ato Institucional número 1. Saiu de cena, da Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara.  Mas, voltei a encontrá-lo em 1966, quando começamos a organizar a Frente Ampla, liderada por Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart.
Em 1966, fui o quarto deputado estadual mais votado, pelo MDB do  antigo Estado da Guanabara.
O mais votado, em 1966 , foi Nina Ribeiro, da extinta Arena.
Minha amiga( getulista, juscelinista e janguista ), do MDB, Edna Lott, foi a segunda mais votada para a Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, em 1966.
Filha do histórico Marechal Henrique Teixeira Lott, Edna Lott nasceu em 1919 e morreu, tragicamente , assassinada por seu motorista, em 1971, aos 52 anos de idade.
Neta, filha, irmã e viúva de militares, Edna Lott começou a atuar na política, durante a campanha de seu pai, o Marechal Henrique Teixeira Lott, à presidência da República, em 1960.
Formada como professora de História e Geografia pela Faculdade Nacional de Educação, foi eleita, pela primeira vez, para a Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, em 1962, pelo extinto PTB.
Como eu, Edna Lott também deu apoio à Frente Ampla  . E, em 1969, teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional número 5.