Por Mauro Magalhães – Ex-deputado e empresário.
Eu estava em pequena viagem à Argentina e ao Uruguai, com a família, quando soube da morte de meu amigo, José Luiz Magalhães Lins, aos 93 anos, no Rio de Janeiro.
Contemporâneo de uma geração de homens públicos que ajudavam empresários e artistas a abrir caminhos e empreendimentos, José Luiz Magalhães Lins era mineiro (e, do signo de áries, como eu)
Nascido em 1929, em Arcos, Minas Gerais, foi criado com dificuldades financeiras, pelos pais, Alice e Edmundo Lins Junior (o pai era ferroviário e o avô era o ministro Edmundo Lins, do STF) .
José Luiz Magalhães Lins começou a trabalhar aos 14 anos, como vendedor autônomo de títulos de capitalização da Intercap. Aos 16, foi trabalhar como agente de fiscalização da Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais.
Entrou para o Banco Nacional de Minas Gerais, fundado por seu tio, o ex-governador Magalhães Pinto, aos 19 anos.
Começou, como datilógrafo. Chegou a gerente regional, em Minas e, em 1959, tornou-se diretor.
Em, 1970 , José Luiz Magalhães Lins era o poderoso vice-presidente do Banco Nacional (em 1972, ele renunciou ao cargo para assumir outras funções, nas várias áreas em que atuou, ao longo de seus 90 anos)
Em sua carreira, no Banco Nacional, José Luiz Magalhães Lins teve muita importância, na concessão de créditos a empresários que queriam expandir seus negócios e a personalidades do mundo das Artes e da Cultura.
José Luiz teve muita importância em minha vida empresarial e política. Ele sempre me liberou créditos para vários empreendimentos que sonhei. Tudo o que tenho a acrescentar sobre a importância de José Luiz Magalhães Lins, em minha vida, será pouco.
Ele sempre estava ali para ajudar. Foi ele quem criou a imagem do guarda-chuva para o Banco Nacional.
Entre as obras-primas que ajudou a produzir, com financiamentos, lembro bem que ele se orgulhava de ter participado de projetos de Glauber Rocha, Cacá Diegues, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Walter Lima Junior, Samuel Wainer (deu muito apoio à Última Hora), TV Globo (o Banco Nacional foi o principal patrocinador, por exemplo, do Jornal Nacional, durante anos), e, entre outros, a Editora Nova Fronteira, de meu amigo, Carlos Lacerda.
O nome de José Luiz Magalhães Lins é citado em 93 biografias sobre a história da política brasileira e de seus personagens ilustres.
Em meu livro, O Sonhador Pragmático, sobre a vida de Carlos Lacerda, e em meu livro de memórias, que ainda concluo, eu falo sobre ele.
Casado com a elegante Maria do Carmo Nabuco Lins, deixou os filhos Ana, Maria Cristiana, José Antônio, José Luiz Filho e João Paulo, noras, genros, netos e muitos amigos que vão sentir sua falta.
Leitor voraz de vários livros, ele deixou o exemplo de que, além da política e dos negócios, um homem público tem que apreciar a Cultura.
Lá se foi mais um mineiro histórico.