Mulheres cada vez mais presentes em funções tradicionalmente dominadas pelos homens
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Mulheres cada vez mais presentes em funções tradicionalmente dominadas pelos homens

A participação feminina na construção civil é crescente, inclusive em funções que exigem parceria e confiança entre os colegas

Apesar de ainda ser um ambiente com predominante presença masculina, as obras estão cada vez mais receptivas às mulheres, as quais têm ocupado diversas funções. Com 109.006 trabalhadoras registradas em 2007 e 239.242 em 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a presença feminina na construção civil cresceu 120% nesses 12 anos. Em Goiânia isso não é diferente, várias obras possuem mulheres em seu quadro de funcionários e uma delas é Luciléia Lima Mota, de 43 anos, que exerce uma função pouco comum entre o sexo feminino.

Ela atua como sinaleira de grua na obra do Reserva Parque Areião, da Brasal Incorporações, no Setor Marista. Pouco conhecida, a função de sinaleiro de grua costuma ser dividida entre duas pessoas. Uma fica no térreo da construção, para fazer e conferir a amarração dos carregamentos que serão transportados, e a outra fica no pavimento onde esse material será descarregado, para recebê-lo. Ambos orientam o operador da grua, que fica no topo do prédio, e se comunicam entre si via rádio. Assim, a função de sinaleiro requer muita atenção e grande responsabilidade.

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Recém chegada do Pará, Luciléia está há apenas três meses em Goiás e conta que exerce essa função por volta de cinco anos. Ela destaca que também é operadora de grua, mas na obra do Reserva Parque Areião atua como a sinaleira que se movimenta pela obra para receber os carregamentos nos pavimentos de destino. “Acho que ser operadora é mais fácil, apesar de lidar com várias opções da máquina e precisar usar os pés e as mãos. A responsabilidade do sinaleiro é maior, sou os olhos do operador, tenho que orientá-lo em seus movimentos”, destaca.

O operador de grua, Carlos dos Santos da Silva, que é orientado por Luciléia, corrobora com essa análise. “Sinaleiros são funções de confiança, eles são meus olhos, dependo deles para manusear a máquina. E percebo que as mulheres nessa função são mais cuidadosas e até melhores que alguns homens, pois existem os que são mais imprudentes para fazer o transporte do material e pode ser perigoso”, explica ele, que já tinha trabalhado com uma mulher na função de sinaleira em outra obra.

O início

Luciléia relembra que começou nessa função por acaso. “Eu estava desempregada e consegui vaga para trabalhar na construção de uma usina hidrelétrica como ajudante, mas quando cheguei lá fui direto pra área de movimentação de carga. Como meu encarregado me viu muito esforçada, ele me classificou de sinaleira de guindaste. Eles me deram o curso na obra. Depois me deram a oportunidade de operar a grua, fiz curso também para ser um operadora de máquinas, todas na área de movimentação de carga”, detalha.

A sinaleira afirma que nunca enfrentou problemas nas obras por onde passou por ser mulher, sempre foi respeitada e que os homens operadores de máquinas seguem suas orientações com confiança. Sobre o trabalho na construção civil, Luciléia diz que está feliz com seu cargo. “Eu amo minha profissão de operadora e amo também minha profissão de sinaleira de guindaste ou grua”, salienta ela.