Nove a cada 10 moradores de Trindade querem permanecer na cidade, diz pesquisa
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Nove a cada 10 moradores de Trindade querem permanecer na cidade, diz pesquisa

12,75% do salário mínimo é gasto em transporte público no Brasil, diz levantamento do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade

O custo do transporte público tem um impacto significativo, especialmente para a população de baixa renda, conforme destaca um estudo recente do Numbeo, referência global em dados sobre custo de vida. Este estudo calculou o percentual do gasto com transporte em relação ao salário mínimo, considerando o uso diário de duas passagens para o trajeto de ida e volta ao trabalho, ao longo de 26 dias úteis mensais. Os resultados apontam uma influência direta nos padrões de vida. Além disso, a pesquisa comparou os custos do transporte público entre as capitais brasileiras e outras cidades sul-americanas, evidenciando variações regionais significativas.

O estudo também identificou que Florianópolis e Curitiba apresentam o maior impacto no salário mínimo, enquanto Rio Branco e Macapá possuem o menor impacto. Além disso, foi analisado o Programa Passe Livre do Trabalhador, na Região Metropolitana de Goiânia, que proporciona descontos significativos no transporte público para os trabalhadores da região. Atualmente, Goiânia está em décimo lugar nesse ranking, que envolve as 27 capitais e do Distrito Federal.

Impacto capitais brasileiras

A Constituição Federal atribui aos municípios a gestão do transporte público urbano. No Brasil, a maioria desses sistemas se financia primariamente através da venda de passagens, elevando o custo do serviço e comprometendo sua sustentabilidade. Cidades como São Paulo, Brasília e Goiânia implementam subsídios para diminuir tarifas ou assegurar a estabilidade financeira das operadoras. Contudo, o país explora minimamente outras formas de financiamento, como impostos, taxas e fundos.

No Brasil, 63 sistemas de transporte público por ônibus recebem subsídios contínuos, servindo 163 dos 2.703 municípios com serviços de ônibus organizados. A integração, que otimiza o transporte público permitindo o uso de diferentes modais ou linhas sob uma tarifa única ou com descontos, é categorizada em física (terminais ou estações facilitando a troca de veículos), tarifária (padronização ou redução de tarifas), ou temporal (validade para uso de múltiplos serviços). Contudo, integrações efetivas entre sistemas municipais e metropolitanos são raras no país, com Goiânia destacando-se por possuir a única Rede Metropolitana de Transporte Coletivo efetiva do Brasil.

Ainda segundo o Numbeo, Florianópolis e Curitiba destacam-se como as capitais brasileiras com maior impacto no salário mínimo, devido ao gasto com transporte público, representando 22,10% para ambas. Em contrapartida, Rio Branco e Macapá apresentam o menor impacto, representando, respectivamente 12,89% e 13,63%. Já a Região Metropolitana de Goiânia ocupa a 10ª posição do ranking, com um impacto de 15,84% do salário mínimo.

Comparativo América do Sul

Em relação ao transporte público na América do Sul, observa-se uma ampla variação nos custos associados, influenciada por uma diversidade de fatores inerentes a cada país, cidade e até mesmo região específica. Elementos como o tamanho e densidade demográfica das áreas, o estágio de desenvolvimento econômico e social, características geográficas e climáticas, assim como aspectos culturais e políticos, desempenham um papel crucial. Adicionalmente, a disponibilidade de recursos e infraestrutura de transporte, juntamente com as preferências e necessidades dos usuários, são determinantes na configuração dos preços e na qualidade do serviço oferecido.

Apesar disso, de modo geral, o Brasil se destaca por ter uma das maiores redes de Transporte Público Coletivo (TPC) do continente, com mais de 300 mil quilômetros de extensão e cerca de 140 milhões de passageiros transportados por dia, sendo estes predominantemente ônibus urbanos, que correspondem por 85% das viagens realizadas.

Vale salientar que, o Brasil foi pioneiro na América do Sul ao adotar o sistema de Bus Rapid Transit (BRT), que utiliza corredores exclusivos para ônibus articulados, com integração a outros transportes e operação controlada, sendo considerado uma solução eficiente e econômica para o transporte público coletivo. Atualmente, a região conta com 39 sistemas BRT, 18 dos quais estão no Brasil. Contudo, esses sistemas enfrentam desafios como superlotação, degradação e falta de manutenção.

Ao comparar o Brasil com outros países da América do Sul, verificou-se que o Brasil está na 12ª posição do ranking, com um impacto médio de 16,32% do salário mínimo com o transporte público. A Venezuela é o país mais impactado, com cerca de R$ 128,96 por mês, para utilizar a locomoção, representando um impacto de 13,37%. Em contrapartida, a Argentina e o Equador têm o menor impacto, com 3,09% e 3,47%, respectivamente.

Segue-se uma análise do impacto do transporte no salário médio nos países sul-americanos:

Passe livre em Goiânia

Lançado em 2022, o Passe Livre do Trabalhador oferece aos trabalhadores acesso ilimitado à rede de transporte todos os dias do mês, abrangendo finais de semana e feriados. Com um atrativo desconto de 20% para empregadores, que optam pela assinatura mensal, o programa já conta com a adesão de mais de 2,9 mil empresas, beneficiando mais de 55 mil trabalhadores.

Por uma taxa fixa mensal de R$ 180 por empregado, as empresas garantem não apenas uma economia mensal de aproximadamente R$ 43 por funcionário em despesas com transporte, mas também promovem uma significativa melhoria na qualidade de vida de seus colaboradores. Estes, por sua vez, podem realizar até oito viagens diárias, desfrutando de uma flexibilidade sem precedentes em seus deslocamentos. Este programa pioneiro destaca-se como um modelo de eficiência e sustentabilidade no transporte coletivo urbano, pavimentando o caminho para iniciativas semelhantes em outras regiões.