Psicólogos e acompanhantes terapêuticos estimulam reflexões sobre tratamentos humanizados no DF
Saúde

Psicólogos e acompanhantes terapêuticos estimulam reflexões sobre tratamentos humanizados no DF

Psicólogos e acompanhantes terapêuticos estimulam reflexões sobre tratamentos humanizados no DF

No mês da Luta Antimanicomial, sociedade de psicologia e psiquiatria discutem a importância de garantir tratamento digno para pessoas em sofrimento mental

No mês que marca a ‘Luta Antimanicomial’ por tratamento digno, psicólogos e acompanhantes terapêuticos, no Distrito Federal, promovem movimentos e reflexões sobre a questão que ainda atormenta muitas pessoas com problemas de saúde mental. Desde 2001, quando foi sancionada a lei que determinou o fim dos manicômios e sanatórios no Brasil, a ideia era que pacientes fossem retirados de instituições que aplicassem técnicas de tratamentos defasados que violavam os direitos humanos.

Esse movimento começou tempos atrás, com iniciativa do psiquiatra italiano Franco Basaglia, que constatou que pacientes deixados em situação de isolamento e internação em manicômios, poderiam ter suas situações de saúde, muitas vezes, agravadas. Desde então, a forma de tratamento manicomial aos poucos foi substituída por atendimentos terapêuticos através de centros comunitários, centros de convivências e tratamento ambulatorial.

Entretanto, apesar de alguns espaços não adotarem o rótulo de manicômio, muitas instituições no Brasil ainda aplicam técnicas semelhantes, e isso foi tema do livro ‘Holocausto Brasileiro’, onde mostra como o país foi cenário de extermínio de pessoas intituladas “loucas”, e como histórias e técnicas arcaicas de tratamento de pessoas em sofrimento psíquico, ainda são replicadas em instituições no país atualmente.

Para a psicóloga brasiliense, Ingrid Quintão, o Movimento de Luta Antimanicomial consiste em um diálogo de conscientização com as instituições legais e com os cidadãos ao elaborar o discurso de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. Por outro lado, seria necessário uma reeducação no modo de compreender os transtornos mentais, não como um estigma, mas um modo alternativo de ver e estar no mundo. O respeito e a conscientização seriam armas necessárias para reformular o modo como os pacientes eram tratados até aquele momento, dentro e fora de instituições responsáveis pelo tratamento.

Em Brasília, Ingrid Quintão, junto com acompanhantes terapêuticos, trabalham com técnicas de tratamentos alternativas que promovem aos pacientes liberdade e segurança, por meio da clínica a céu aberto, intitulada Lugar de Encontro.

“Temos uma rede de atenção psicossocial e toda uma política de saúde mental que precisa ser respeitada. A Luta Antimanicomial reforça nossa ideia de que ter pessoas capacitadas para cuidar de forma afetuosa é o caminho certo, e por isso nossa clínica é a céu aberto, pois queremos disseminar esse modo de tratamento para o Brasil inteiro. Acreditamos que só assim vamos superar a ideia de aprisionamento e fechar de uma vez por todas os manicômios que ainda existem no país”, conta a psicóloga.

Saiba mais: lugardeencontro.com.br