Senado debate economia colaborativa como opção para reativação econômica
Política

Senado debate economia colaborativa como opção para reativação econômica

Audiência pública promovida pela Comissão Senado do Futuro reuniu especialistas, empresas e entidades para discutir a viabilidade da implantação da economia colaborativa, principalmente em períodos de crise econômica

A economia compartilhada e o consumo colaborativo têm ganhado cada vez mais espaço entre os brasileiros. De acordo com a consultoria PwC, a economia colaborativa deve responder por cerca de 30% do PIB de serviços até 2025. Segundo o Instituto Brookings, essa forma de economia deve responder por US$ 335 bilhões de potencial de receita global no mesmo ano. O assunto foi debatido em audiência pública no Senado Federal na última sexta-feira (22) e discutiu projetos da área para os próximos anos. Foto: Rogério Neves

Rafael Barbosa

O encontro da Comissão Senado do Futuro, presidida pelo senador Izalci Lucas, buscou compreender as diferentes formas de inserção e implementação da economia colaborativa. Nesse modelo de negócios, é incentivado o consumo colaborativo e a economia compartilhada que possibilita o acesso a produtos e serviços por meio de trocas, compartilhamentos, doações e aluguéis que não envolvam a tradicional aquisição consumista característica da economia tradicional.

“É importante debater esses novos modelos em um momento em que há um grande número de desempregados e pessoas passando por dificuldades. A grande maioria dessas pessoas querem dignidade, emprego e oportunidades. Não querem viver a vida toda de cestas básicas e programas sociais. Estamos discutindo uma ferramenta e instrumento que possa dar oportunidades para as pessoas, principalmente para os excluídos”, destacou o presidente da Comissão ao lembrar do momento de dificuldades econômicas que muitas empresas, profissionais e trabalhadores passaram durante o período de pandemia da Covid-19.

De acordo com o analista técnico do Sebrae Nacional, Ivan Lemos Tonet, a economia colaborativa é um modelo de negócios que tem ganhado espaço no cenário mundial e se consolida ao impactar o ambiente de negócios e a forma como as pessoas vivem no cotidiano por se basear em conceitos que envolvem auxílio, cooperação e colaboração. “O mundo e a sociedade mudou e as empresas estão correndo atrás dessas mudanças porque estão vendo os novos empreendedores vindo com ideias da economia compartilhada e colaborativa. Muitas empresas que atuam de forma tradicional têm que se transformar”, pontuou Tonet.

Permutas multilaterais

Uma das ferramentas de economia colaborativa debatida durante a audiência pública foram as permutas multilaterais. O sócio-fundador da XporY.com e especialista em economia colaborativa, Rafael Barbosa, foi um dos convidados do encontro e falou  sobre essa ferramenta que busca quebrar o paradigma da permuta bilateral, baseada nas trocas envolvendo apenas duas pessoas ou empresas com interesses mútuos. Segundo Rafael, a multilateral cria conexões em uma rede de negócios para atender o interesse de todos membros de uma plataforma, o que aumenta exponencialmente as chances de transações serem efetivadas.

O sócio-fundador da XporY.com ainda ressaltou que empresas e profissionais liberais que estejam com seus negócios parados podem disponibilizar seus produtos para fazer negócios por meio de permutas e, com isso, terá créditos para adquirir qualquer outra oferta disponível na plataforma, permitindo a manutenção das atividades e a aquisição de serviços e bens importantes para o funcionamento. “As empresas e profissionais encontram condições para manter seus fluxos de caixa ao movimentar seus estoques e tirar a ociosidade dos serviços. Consequentemente, permite a reativação econômica e uma condição financeira melhor”, destaca Barbosa.

Segundo o gerente de gestão estratégica do Sebrae-DF, Jorge Adriano da Silva, a economia colaborativa se estabelece em três pilares: social (por estimular o sentimento de comunidade), econômico (agrega flexibilidade financeira, dando preferência ao acesso e reduzindo desperdícios e acúmulos) e tecnológico (democratização do acesso por meio do uso da internet). “A economia compartilhada é um elemento importante para inclusão produtiva porque viabiliza o acesso à ocupação e à renda dos cidadãos e empreendedores, democratizando esse acesso. A economia colaborativa ainda estimula a qualidade de vida das pessoas, reduz custos, contribui para a redução das desigualdades e exerce um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável e do uso consciente dos recursos naturais”, destaca Silva.