Mostra contará com 25 obras que promovem interpretações visuais de garotos observados como figuras masculinas que usam vestidos em uma forma que desafia os padrões de vestimenta usuais da sociedade
O Sesc Gama recebe a partir do dia 10 de julho a exposição Utopia: garotos de vestido. Serão exibidas 26 obras, sendo 15 telas de autoria do idealizador do projeto João Pedro Rodrigues, e outras 9 produzidas em parceria com artistas que participaram da residência do projeto no início de junho, além de duas esculturas (uma interativa e outra resultante da residência). Serão expostas ainda três fotografias de autoria do fotógrafo George Lucas (@horaporhora) que fazem uma releitura do projeto. A entrada é gratuita e as visitas poderão ser realizadas de segunda à sexta, das 9h às 16h, até o dia 10 de agosto.
Utopia: garotos de vestido é um projeto artístico patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do Distrito Federal que traz interpretações visuais de garotos lidos como figuras fisicamente masculinas que usam vestidos e roupas de forma delicada em seus corpos, de maneira bela, confortável, e com respeito e empoderamento, sem necessariamente definir gênero ou sexualidade.
De acordo com o artista João Pedro Rodrigues, a exposição é o ápice de um sonho que começou em 2019. “Sou ilustrador e artista visual há anos e, desde 2019, criei o garotos de vestido. É um espaço em que busco originalidade para o meu trabalho, como homem, gay, afeminado, sensível e múltiplo’, destacou.
João ressalta que a obra busca, ainda, demonstrar uma individualidade que está presente na sociedade e nos sentimentos das pessoas, mas que é vedada. “É por isso que o projeto se chama utopia. É um mundo que existe dentro da intimidade de muitos, mas que ainda não se fez visível ou aceitável aos olhos da maior parte das pessoas. Não é comum para a sociedade associar homens a vestidos”, explicou.
Com a obra, o artista pretende entregar uma reflexão sobre padrões de vestimenta da sociedade, além de proporcionar uma experiência visual agradável, com belas ilustrações.
Exposição fotográfica
Para além da composição das telas, foi realizado um ensaio fotográfico com o objetivo de materializar a atmosfera das obras para os corpos de homens plurais, reais, políticos e diversos. O ensaio ficou sob encargo do fotógrafo George Lucas (@horapohora), que registrou imagens dos modelos Fiakra (@Fiakra), Gabriel Khimera (@gabriel.khimera) e Douglas Neves (@dougnbf), vestindo itens da Glow Produções. Das fotos tiradas, três imagens farão parte da exposição.
“É uma forma que encontramos de dar um novo olhar para a obra e mostrar que, de fato, esse mundo utópico pode ser real e tangível, com pessoas de verdade, que vivem e sentem”, observou João Pedro Rodrigues.
Residência artística
Como contrapartida social, o projeto entregou uma residência artística entre os dias 1º e 4 de junho, sem custo para os participantes. Foram indicados 10 artistas por meio de seleção virtual via formulário online que identificou artistas visuais com portfólios adequados ao projeto. Esses profissionais passaram os quatro dias da residência em contato híbrido (presencial e online) com o idealizador do projeto e promoveram um intercâmbio de ideias, técnicas e conceitos. Ao fim, os colaboradores entregaram cada um uma releitura do Utopia: garotos de vestido, dentro de seus estilos artísticos particulares. A residência reservou 50% das vagas para moradores da região do Gama, Santa Maria e Park Way.
“O legal das residências artísticas é poder trocar com outros artistas. Foi muito legal, porque tinham pessoas que eu já acompanhava o trabalho e outras que eu ainda não conhecia. Especialmente nesse momento que passamos um período isolado, a questão do ateliê coletivo é uma experiência bem única e diferente. Acho que os trabalhos saem bem mais ricos quando se trabalha com mais pessoas”, disse Adriane Kariú Oliveira, artista visual de 32 anos que participou do processo de residência.
Vernissage
No dia 10 de julho, às 16h, ocorrerá a Vernissage, ou seja, abertura do evento. Os convidados serão recebidos pelo artista João Pedro Rodrigues que irá falar sobre sua obra. Além disso, haverá um buffet às disposição e performances artísticas.
Farol Cultural
A Farol Cultural é uma parceria entre três produtores que, durante a pandemia, perceberam a demanda de “iluminar” as trajetórias de artistas e de ser uma estrutura que promova confiança, organização e transparência na gestão de projetos. Co-fundada pelos produtores Douglas Menezes, Gustavo Letruta e Karen Monteiro, o intuito dessa união de potências é facilitar o acesso a processos, tidos como burocráticos, além de promover ações que incentivem e valorizem a cultura brasiliense.