Solidão da mulher negra e direito das mulheres é pauta podcast no Bumble Talks
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Solidão da mulher negra e direito das mulheres é pauta podcast no Bumble Talks

Marcela Mc Gowan recebeu Ana Paula Xongani e Dani Rudz para comentarem suas experiências e como o racismo as afeta até hoje

No episódio do dia 21 de maio no Bumble Talks – podcast do Bumble, o primeiro aplicativo de relacionamento onde as mulheres dão o primeiro passo e iniciam a conversa – a apresentadora Marcela Mc Gowan recebeu a empresária e criadora de conteúdo Ana Paula Xongani e Dani Rudz, criadora de conteúdo e empresária especialista no ramo de moda plus size. A ideia era trazer recortes diferentes e importantes sobre relacionamentos de diferentes pontos de vista e encorajando as mulheres a falar, por isso o podcast criou um espaço de acolhimento para que elas possam se expressar.

Na conversa, foi bastante discutido sobre como o racismo estrutural faz parte da sociedade. Bem como ele foi construído intencionalmente para a dominação de um grupo social e como isso pode afetar os relacionamentos. Quando falamos de solidão, ela não é exclusiva das mulheres negras, levando em conta as questões de gênero que são envolvidas, mulheres de modo geral sentem-se mais sozinhas do que os homens.

As convidadas ressaltaram que quando uma pessoa branca reproduz o racismo e é pontuado que ela teve tal atitude, o ideal é ela parar e ouvir onde errou. A primeira reação normalmente é a negação, vemos diariamente esse assunto ser abordado, mas mesmo acreditando que essa pessoa não teve atitude racista, é importante explicar que seu comportamento é parte de um racismo estrutural.

Não são só as ofensas, vai muito além disso, ainda mais para as mulheres negras. Além do racismo, temos o machismo enraizado na sociedade e esse é outro ponto discutido no episódio. Ana Paula Xongani e Dani Rudz contaram um pouco da primeira vez em que foram tratadas de modo diferente pelas pessoas apenas por serem mulheres e isso começou na infância, dentro de casa.

Ainda no episódio, as convidadas discutem como a solidão que as mulheres negras sentem é quase unânime e não atinge só os relacionamentos amorosos. Solidão dentro da própria casa, na escola por serem minorias de alguns grupos, no ambiente de trabalho, entre tantos outros. É um sentimento coletivo, onde a maioria das mulheres pensam que se fizerem algo para se destacar ou entrar no padrão imposto pela sociedade, como emagrecer ou alisar o cabelo, as coisas podem melhorar, mas descobrem que não há nada que se possa ser feito, pois essas questões vão muito além. O racismo, ao final do dia, se reinventa em novas formas diariamente. Dani Rudz comenta sobre como ser negra de pele clara e cabelo liso não a excluiu de sofrer racismo, reforçando a ideia de que racismo não mede cor.

Em questão disso tudo, é extremamente importante existir um diálogo e trazer diversidade e afeto, principalmente para as crianças negras por estarem começando a entender e sentir o racismo na pele. Segundo as convidadas, a solidão só é rompida se o outro der voz e entender o que essas mulheres têm a dizer sobre o que sentem e passam. São ações que precisam ser diárias, ainda mais para a próxima geração. A solitude muitas vezes não é uma questão de escolha, mas quando falamos de relacionamentos às vezes a mulher opta por ficar sozinha. Para entrar num relacionamento pensamos nas compatibilidades e quando trazemos o racismo para essa lista levamos em conta as vivências da outra pessoa. Para a mulher negra essa conexão é muito mais difícil, levando em conta que, se ela tem consciência sobre todas essas questões, ela dificilmente irá aceitar nada menos do que deseja e, por conta disso, a compatibilidade se torna mais rara.

Este episódio é extremamente especial e importante para que essas reflexões sejam feitas e tenham a devida atenção. Apesar de não existir uma solução fácil é  indispensável falar sobre o tema, nos dias de hoje o racismo não deve ser permissivo. É, também, de suma importância lembrar que amor é ação e pode transformar uma pessoa ou relação, bem como o quão impactante nossa existência pode ter na vida do outro.