A Renúncia de Jânio
Política

A Renúncia de Jânio

novo artigo de Mauro Magalhães

Agosto é um mês de lembranças que marcaram a história brasileira. Entre os vários episódios que aconteceram nesse mês, além do suicídio de Getúlio Vargas,  em 24 de agosto, no Palácio do Catete,  houve a renúncia de Jânio Quadros ( 1917-1992). Eleito em 3 de outubro de 1960, pela coligação PTN-PDC-UDN-PR-PL, para o mandato de 1961 a 1965, Jânio Quadros teve quase 6 milhões de votos. Foi a maior votação obtida no Brasil. Mas, seu governo teve um curto período.
Na tarde de 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros anunciou sua renúncia. Que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional.

O popular Repórter Esso,  em edição extraordinária,  atribuiu a renúncia a ” forças ocultas “- expressão criada por Jânio.
Na ocasião,  o vice de Jânio,  o ex-presidente João Goulart ( que teve mais votos que o próprio Jânio,  para vice , pelo antigo PTB,  naquela eleição em que as chapas não eram coligadas ) estava em viagem oficial à China Comunista. Jango,  um grande democrata, tinha ficado com a fama de ser esquerdista quando exerceu o cargo de Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas. E , aumentou o salário mínimo em 100 por cento. Alguns udenistas dizem que Jânio,  muito temperamental,  achava que surgiriam manifestações populares contra sua renúncia . E, vaidoso,  que voltaria ao poder pelos braços do povo.
Mas, isso não aconteceu.

Nos bastidores da política,  o anúncio da renúncia só foi divulgado muito tempo depois. A renúncia abriu uma crise nos setores militares e da UDN, que vetavam o nome de João Goulart para assumir presidência da República. Ranieri Mszzilli, representante do Congresso, assumiu provisoriamente.

E, foi formada uma Junta Provisória , que governou de fato,  durante 13 dias, até a vitoriosa Campanha da Legalidade, liderada por Leonel Brizola,  governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango,  conseguir fazer pressão para que o vice tomasse posse. João Goulart assumiu,  mas,  antes , políticos,  .militares e outros setores conservadores agiram para que fosse adotado o regime parlamentarista. Tancredo Neves assumiu o cargo de Primeiro-Ministro. A experiência parlamentarista foi revogada por um plebiscito em 6 de janeiro de 1963. Jango tornou-se presidente da República.  Mas, foi derrubado pelo golpe militar de 1964.