Economia

Vizinhos praticam o consumo comunitário, desenvolvendo a sustentabilidade econômica de bairro, em Goiânia

No bairro planejado Eldorado Parque, em Goiânia, muitas famílias estão desenvolvendo pequenos negócios para atender a própria vizinhança. Prática é uma das ODSs estabelecidas pela ONU

Buscar cidades e comunidades sustentáveis é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), para ser alcançado mundialmente até 2030. A organização entende que o conceito da sustentabilidade não se restringe unicamente a questões ambientais, mas abrange também os aspectos sociais e econômicos na forma em que o ser humano deve usufruir de um lugar.

Uma das boas práticas que vêm surgindo nesta direção é o consumo comunitário, ou seja, prestigiar o comerciante da vizinhança. Contratar um personal trainer que mora perto de casa, ou encomendar a torta de frango da vizinha também são exemplos. O conceito traz a essência de fazer circular as riquezas na localidade e fortalecer economicamente a população que lá mora.

Na região Oeste da capital, o Eldorado Parque Bairro Pleno tem sido palco de economia comunitária. O local,  onde já vivem mais de 2 mil famílias, diversos moradores estão garantindo sua renda vendendo produtos e serviços para os vizinhos. Há quatro anos, especialmente com o advento da pandemia, a vizinhança da região prioriza os produtos e serviços produzidos pelos comerciantes locais.

A educadora financeira e mestre em economia, Kallenya Lima, que mora no bairro, lista os benefícios  do consumo comunitário: elimina o gasto de combustíveis fósseis para a entrega de um produto que viria de outra região da cidade, gera ganho de tempo para as famílias e, ao mesmo tempo, estimula a economia local.

“A gente prestigia o vizinho que possui limitações para trabalhar fora, por exemplo. Além disso, o dinheiro aplicado no comércio da vizinhança tende a circular na região, fortalecendo a economia local”, diz ela. Fora isso, acrescenta, não se perde tempo com o trânsito para a busca do produto, um ativo que vale muito e não se recupera.  “Algo que facilita muito este comércio é a popularização do WhatsApp e criação de grupos para finalidade de vendas e trocas”.

Uma das microempreendedoras que vem garantindo a sua renda com a própria vizinhança é a Maria do Socorro. Ela montou de dentro da cozinha da sua casa o restaurante Loja de Deus, que oferece marmitas, e tem 100% da sua renda mensal adquirida pela prestação dos seus serviços para a comunidade do bairro. A cozinheira passou a trabalhar em casa por problemas de saúde, e o restaurante possibilita não apenas que ela continue a gerar renda para a sua família, mais praticidade. “Eu sei onde fica tudo na minha casa, sei os cuidados que devo ter para as comidas ficarem frescas e meus vizinhos satisfeitos.”

Ingrid Graziela é outro exemplo. A estudante de direito mora no bairro há três anos e começou a vender comida caseira para ter uma renda. Ela vende uma média de oito a dez marmitas por dia. “Iniciei esse trabalho por necessidade e está me ajudando muito. Como não tenho renda, por ser estudante, vendendo as marmitas para os moradores do meu condomínio, eu consigo arrecadar uma quantia para quitar pendências”.

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