O radialista Raul Brunini
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O radialista Raul Brunini

Por Mauro Magalhães – Empresário e ex-deputado.

No dia 27 de julho de 2006, foi instituída a lei para a nova data do Dia do Radialista ( em 7 de novembro ).
A data oficial para comemorar o Dia do Radialista é uma homenagem ao compositor, músico e radialista Ary Barroso. Que nasceu em 7 de novembro 1903.
Apesar da nova data, os radialistas ainda celebram o dia 21 de setembro. Que se refere à data em que Getúlio Vargas fixou o salário base para esses profissionais . Ao lembrar da lei que instituiu a nova data para homenagear o profissional responsável em apresentar programas radiofônicos, recordo com carinho de meu eterno amigo, Raul Brunini. (1919-2009). Nascido em São Paulo, Raul Brunini veio morar no Rio de Janeiro quando era , ainda, estudante, onde concluiu o curso secundário. Antes de vencer o concurso de locutores para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro , em 1941, foi locutor da Rádio Clube de Rio Claro e da Rádio Clube de Marília, em São Paulo. Entre 1942 e 1945, Brunini participou de programas de rádio destinados à recreação das tropas brasileiras enviadas à Itália na Segunda Guerra Mundial e levava aos soldados de nosso pais audições e festivais. Brunini era genial. Foi o primeiro locutor brasileiro a utilizar a reportagem radiofônica direta, quando cobriu, ao lado de Ary Barroso, o incêndio que destruiu o edifício Parc-Royal, no Rio de Janeiro. Carismático, bem relacionado e com uma voz privilegiada, aproximou-se da política através dos debates radiofônicos, que criou nos anos 50. Foi o primeiro locutor a transmitir discursos parlamentares, através de seu programa, Parlamentos em Ação, levado ao ar pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, entre 1950 e 1958. Tornou-se, nas Olimpíadas de 1952, o Repórter Olímpico. No final do segundo governo de Getúlio Vargas (início de 1954) , Raul Brunini foi convidado por Carlos Lacerda para concorrer, pela UDN. E, em outubro de 1954, foi eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, como o candidato mais votado.
Conseguiu, também, a maior votação, quando se reelegeu em 1958.
Líder da bancada da UDN na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi o autor do projeto que permitiu a importação da vacina Salk, contra a paralisia infantil.
E, assim, o Rio de Janeiro foi a primeira capital da América do Sul a usar aquele medicamento.
Eu conheci Raul Brunini em 1960, quando ele se elegeu deputado à Assembleia Constituinte do novo Estado da Guanabara.
Autor do capítulo dedicado à saúde e à assistência social, na Constituição do Estado da Guanabara, ocupou, em 1962, a presidência da Assembleia Legislativa .
Muito amigo de Carlos Lacerda, articulou com o ex-governador e outros políticos lacerdistas ( eu estava nesse grupo) para constituir o Partido de Reforma Democrática (Parede), em 1966, após extinção dos partidos pelo Marechal Castelo Branco. Mas, essa tentativa foi frustrada.
Em 1966, Raul Brunini elegeu-se deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara.
Mas, em 16 de janeiro de 1969, junto comigo e outros colegas que seguiam Carlos Lacerda (Lacerda foi cassado em dezembro de 1968), sofreu, também, a cassação e a perda de seus direitos políticos.
Em 1984, deu apoio à campanha de Tancredo Neves para a presidência da República.
Participei muitas vezes dos programas de Raul Brunini.
Ele continuou a escrever como jornalista até pouco tempo antes de morrer, aos 90, em uma coluna diária para um jornal da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes.